quinta-feira, 31 de março de 2011

Aines caiu, viva a Aines!

Aines caiu. Vinha do dentista e pisou num buraco. Desequilibrada caiu na calçada. Feriu o joelho e machucou os dois pés. Foi à emergência, enfaixou os pés e fez curativo no joelho. Está imobilizada, com recomendação de não pisar no chão por uma semana.

A Ângela foi a primeira a tomar conhecimento da queda. Foi lá e viu a Aines no seu quarto, deitada na cama, tendo como única distração um radinho de pilha. De imediato, providenciou uma televisão.

Logo, toda família sabia do ocorrido. Assim, a Aines recebeu várias ligações. Todos lamentavam o ocorrido. A família queria, de alguma maneira, ajudar. Ela devia estar muito triste. Chateada, solitária e sofrendo.

Viva a Aines. Quando da ligação, encontrávamos uma pessoa alegre, feliz e sem lamentar o ocorrido. Falava bem do médico que lhe atendeu, das irmãs que cuidam dela e de nós, que telefonávamos. Diz que logo vai ficar boa, doeu na hora, mas não dói mais. Já passou.

À primeira vista, poderíamos pensar que era um caso de rir ou de chorar. Pois não é de rir e nem de chorar, mas de se orgulhar.  Aines é dessas pessoas que pensa positivo, tudo pra ela está bom e vai melhorar. É um exemplo àquelas pessoas que muito têm e que transformam qualquer dificuldade num grande problema. Àquelas pessoas que nunca estão satisfeitas.

Não é pra rir nem pra chorar, mas pra se orgulhar.  Esses momentos da Aines nos servem de lição. O não reclamar, não choramingar, parece que, pra Aines, flui espontaneamente. Para nosso bem e o bem dos nossos, devemos aprender e desenvolver esse modo de ser de nossa irmã.

A Aines faz bem.

terça-feira, 29 de março de 2011

Bud

Não precisa colocar no blog é só porque estou triste e mesmo sabendo que para vocês é um pouco difícil de entender, estou mandando o que escrevi para o Bud.

O bud partiu.Nunca poderia dizer que viramos uma página.Foi uma época de nossas vidas, feliz, trabalhosa,fecunda. Ele sabia se fazer presente e não facilitava nunca.Era um cachorro rabugento, chato, que repudiava sua condição canina. Mas amigo, fiel, digno persistente, especial...senão como poderia ser tão querido?

O bud foi e é uma lição de vida.É comovente lembrar o quanto foi valoroso, forte, perseverante quando lutou por cada coisa que queria, seja ficar perto do Zé, um lugar no carro, um ossinho quase inacessível e por último quando dignamente andava cego pela casa e valorosamente lutava para se locomover sozinho quando já não lhe obedeciam as pernas.Forte até o fim.

Contumaz ,corajoso, não se importava com a nossa impaciência quando achávamos inútil, tanto esforço. Que lição. Ensinou que devemos ser solidários nas lutas mesmo que as achemos perdidas, que não devemos nos aborrecer com as atitudes que não entendemos, que devemos ser pacientes com a teimosia, para nós inútil e aborrecida.

Partiu para que com sua perda aprendamos a superar as inevitáveis perdas que virão.
Bud, não vamos esquecer você, suas mordidas, suas rabugices, seus latidos impertinentes às vezes.

Acho que quando a vida nos mandou você não era só um cachorro que recebíamos, era um ser que trazia consigo lições que aprendemos sem perceber: amar sem restrições, não desanimar, a ser forte, a lutar sempre, sem concessões, pelo que acreditamos.
Obrigado amigo, vá em paz.

Faz 1 ano que o Bud morreu e bateu uma tristeza....Beijos!

Ana Lucia Lino

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aniversário de um colega de escola, dicas:



- Não adianta por os óculos, você não está na festa errada, realmente você não conhece ninguém.

- Continue sem óculos  e ache todas as crianças bonitas e educadas, algumas certamente são coleguinhas de seus netos.

- Sorria para todas as mães uma delas è a mãe da aniversariante.

- Não adianta querer fazer amizade você, não entende mais os assuntos, não conhece o pediatra, professor de natação, de judô, balé, fonoaudióloga, o ultimo creme, o SPA...

- Faça um bom lanche antes, sua saúde não vai aguentar tanto pão, tanto molho, fritura, bolinhos que tem o mesmo gosto mas nomes diferentes e refrigerantes aguados...

- Fique perto do banheiro e atenta, em algum momento as mães com suas crianças o deixarão livre e você então vai usufruir de um banheiro alagado, cheio de papel no chão e nenhum na parede, e uma pia entupida.

- Não vá de calça comprida, você corre o risco de sair molhada e sua rapidez  pode não ser suficiente na hora precisa.

- Faça exercícios respiratórios e veja se consegue ficar 2min sem respirar - é o tempo de uma troca de fralda – e são várias.

- Não se incomode com os balões na sua cabeça, os pisões são piores e vão até o fim da festa.

- Leve uma bolsa bem grande pra caber tudo o que eles querem levar e que você vai jogar fora quando chegar em casa, inclusive a bolsa.

- Da próxima vez leve um kit sobrevivência: papel, caneta, sudoku, livro, protetor de ouvido.

- Quando entrar no carro e sentir que não tem ânimo nem para escovar os dentes, dê graças a Deus sair viva poderia ser pior você poderia estar no Japão.

- Não acredite muito em avó elas sempre são exageradas.
 
Ana Lucia Lino

Obs.: Deveria primeiro ter mandado um abraço para o João André, fiquei muito feliz.

domingo, 27 de março de 2011

Respondendo positivamente ao Senhor.

O capítulo quatro do evangelho de João, fala da sede de Jesus. Ele pede à samaritana água para sua sede. Ela oferece água a Jesus, aceita servir Jesus, dar água é o mesmo que acolher, mas quem verdadeiramente acolhe é Jesus. Pois a água que Jesus dá à samaritana é o Espírito, a força que vem de dentro e jorra para a vida eterna.

“Dá-me de beber”, diz Jesus. “Senhor, dá-me dessa água”, diz a samaritana. Jesus sempre toma a iniciativa, nos chama e nos provoca, quando respondemos positivamente, percebemos que somos necessitados. 

É sempre assim nosso encontro com o Senhor.

Quando buscamos a mão estendida do irmão isolado, desnutrido, pisado e esquecido, que nos chama, é Jesus que buscamos, porque onde está um desses pequeninos Ele está presente nele.

Quando o irmão que sofre com fome e sede de justiça, nos pede socorro, e vamos ao seu encontro, encontramos Jesus, porque Jesus se encontra no irmão que sofre.

Quem responde positivamente ao irmão que se vê obrigado a se esconder nas nossas periferias, recebe Dele a força do Espírito Santo, a fim de que tenhamos a capacidade de colocar em prática o projeto do Reino de Deus.

É bom pesarmos nisso como um processo, quanto mais vou ao encontro, mais necessito, quanto mais necessito mais vou ao encontro. Em outras palavras, quanto mais planto, mais eu colho; quanto mais eu colho, mais eu ofereço.

A isso se dá o nome de felicidade.  Mesmo que disso a gente duvide.

O passado, pense num tempo “bonzim”.

Hoje, amanheci saudoso, com lembranças de Baturité. Acho que foi a chuva.

Vamos voltar no tempo, ali pela segunda metade do século passado, não tão distante, afinal, ainda somos jovens.

Rua 15, número 207.

Lembranças que vêm dos tempos do café do seu Fransquin, o pai do Jacaré. Estou falando do tempo das Casas Aztecas, em frente da Pharmácia Mattos. Da Casa Duarte, perto do açougue do pai da Dona Rocilda, o Seu Afonso. Do beco do seu Félix, lugar que se jogava bola com o tio da Maju, o Paulim.

Recordações que não fogem da memória, são as tertúlias do BAC. Aonde chegavam todos enfeitados; as moças se equilibrando nos altos saltos, belos vestidos por cima da anágua e combinação, usando batons, ruge e cabelos penteados com laquê. Os homens alinhados com caças de nylon ou faroeste, camisas de banlon ou de volta ao mundo, sapatos de cromo alemão e cabelos impecavelmente alisados com brilhantina. Dançavam twist e yê yê yê.

- Era uma brasa, mora!

Da nossa radiola de madeira, escutávamos os discos do Cauby Peixoto (Conceição), do Roberto Carlos e do Nat king Cole (Ansiedad). Tinham outros LPs e alguns compactos duplos e simples de uma faixa em cada lado. Tempos depois, chegaram Tim Maia e Benito di Paula.

 

O Paraibano? Quem não comprou leite do “Seu Paraibano”? Ou foi buscar no Lactare? E às noites, no Cine Odeon, do Seu Rubens, se passeava no ouvidor, até as nove horas; poucos assistiam aos filmes, a maioria voltava pra casa, “já tarde da noite”.

Era tudo muito atrasado, mas ninguém morava no sufoco, meio engaiolado, de poucos metros quadrados e nem ficava isolado. Em nossas casas, as janelas ficavam abertas, as portas só encostadas. A violência não existia, droga nem se ouvia falar. Ruas pavimentadas em paralelepípedos, sem asfalto, engarrafamento e poluição. Trânsito com poucos jipes, a rural do Tio Pedro, a lambreta do Darlei e as bicicletas do Celmim.

Pense num tempo “bonzim”.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Tia!

Havia, no meu tempo de bancário, uma velhinha que chamávamos de Tia, e sempre estava sentada à entrada do Banco, pedindo esmola. Já nos era conhecida. No fim do expediente, lá estava ela, me chamava, pedia alguma coisa e perguntava sobre minhas filhas. Sabia o nome de todas. Um dia levei a Carol para ela conhecer. Ficou emocionada, chorou.

Ficamos, digamos, amigos. Quando lhe perguntava como estava o “apurado”, respondia que as pessoas passavam e nem olhavam, parece que a gente é invisível, lamentava. Depois, me entregava conta de luz atrasada, de seu barraco, para eu pagar. Pagava com multa e reclamava. Dizia, ameaçando-a, que se no próximo mês viesse fora do vencimento, não mais pagava. Ela se desculpava, colocando a culpa na filha que morava com ela. Resolvemos essa situação com o débito em conta. Foram anos, nem eu pagava mais com multa e nunca mais a COELCE lhe cortou luz.

Algumas vezes, ela me ligava se lamentando que a conta de luz alta era a filha e o neto, que não economizavam energia, deixavam a luz acesa. Outras ocasiões, se lastimava que estava muito doente, por isso não tinha ido mais ao Banco. Nunca deixava de perguntar pelas meninas. Era uma Tia querida, gostava dela.

Um dia recebi a ligação de sua filha com a voz de choro, a Tia tinha morrido e o enterro era no dia seguinte, no João Batista, às 09h00min.

Cedo da manhã estava eu no cemitério. Lá, me dei conta que não conhecia a filha nem o neto da Tia. E que da Tia, também não sabia nome. Depois de percorrer o cemitério atrás de um enterro, fui à Capela, lá dentro se velava um corpo. Um caixão simples, coberto com um pano branco, ao redor, pessoas simples de aparência pobre, rezavam um terço. Não ornado, nem elegante, nem caro ou luxuoso, simples. É esse, pensei.
Depois da oração, algumas pessoas começaram falar:
- Uma pessoa tão bondosa;
- Uma criatura de Deus, nunca fez mal para ninguém;
- Era pobre, mas tinha um coração grande.
Nesse momento, me atrevi a dizer algumas palavras, afinal, gostava muito da Tia, tinha ido ao cemitério, mesmo não conhecendo ninguém, senti-me na obrigação:
- Realmente, era uma pessoa muito boa e de grande coração, gostava muito dela e ela gostava muito de sua filha. Era a sua vida... Nesse momento, fui interrompido com os soluços de uma mocinha:
- É verdade, meu pobre pai me amava muito e eu também gostava muito dele.
Pai? Fiquei surpreso. Então, quem estava no caixão não era a Tia.
- Realmente era uma pessoa muito boa. Concluí e saí à procura do velório da Tia.

A filha com o neto, vendo-me sair da Capela, sozinho e desorientado, foram falar comigo e se identificaram. Conhecemos-nos. Só aí fiquei sabendo que o carro da funerária havia passado cedo no barraco deles e que o enterro fora às oito horas. Ou seja, já havia acontecido.

Que ironia, não consegui ver o corpo de quem sempre passou a vida despercebida. Invisível talvez, esquecida nunca. Até hoje ainda me lembro da Tia e de meu embaraço no seu enterro. 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mães inconsoláveis

Neste fim de semana, estávamos na 83, Altair, Airton, Arino, Anaíres e João Lino. Falávamos de um crime realizado por um menor. Ele tinha ficado em frente ao carro, obrigando-o parar, em seguida ele fez a volta e atirou na motorista para roubar alguns pertences. Um crime bárbaro.

Questionávamos a punição para o menor infrator. Tanta violência por quê? Seria somente a falta de impunidade? A mãe da motorista chorava incontrolável. A mãe do garoto, Maria, chorava e pedia desculpas. Inconsoláveis.

Me fez pensar e escrever à mãe do infrator.

Maria, iguais a ti outras mães choram. Choram nesses abrigos, nesses becos, nessas ruelas sem saneamento, sem saúde e sem escola, sem segurança. Sem o Estado. Sei que perto de ti têm outras tantas mães inconsoláveis. Mães viúvas, mães solteiras, mães famintas de famílias famintas. Em teu nome, me dirijo a todas.

Chore tua dor pelo teu filho. A nós, não se desculpe. És vítima. Talvez, ou certamente, o perdão deve partir de nós. Pois a desgraça que abateu sobre tua família não foi aquele tiro disparado brutalmente. Vem de muito tempo atrás. Dos teus avós, quem sabe, dos avós dos teus avós. Nós nunca deixamos que tua família participasse de nosso “modelo”. Vocês estão à margem de nosso “padrão”. Vocês não são consumidores. Não servem para nosso capital. São um peso.

Por isso, não venha a nós como se culpada fosse. És vítima. Como podes sair dessa armadilha que a sociedade te impôs se nós atalhamos teu caminho e impedimos tua passagem? O pão que sobra nas nossas mesas não chegam nas bocas dos teus filhos. Teus filhos são iguais aos teus pais e serão iguais aos teus netos. Pobres, famintos e culpados.

Na nossa pressa, nós não os vemos. Não percebemos que eles não têm nenhuma oportunidade, ou melhor, percebemos mas não os concebemos. Ficam eles cercados pela miséria, pela violência, sem jamais poder sair, pois para seus pés falta moradia, para suas mãos falta trabalho, para seus corações falta amor e para sua vida falta dignidade. Sobra violência.

Pois é, Maria, perdoa-nos. Perdão também para tua vizinha, a vizinha da tua vizinha. E a todas outras. Perdoa-nos, Filho de Maria.  Maria de Nazaré, Mãe de Jesus, tua maternidade nos tornou todos irmãos. Mas nós não nos reconhecemos. Somos semelhantes a teu Filho. Tão diferente. Perdoa-nos por sermos tão bons em condenar e tão fracos em testemunhar. Tão rápidos em apontar o dedo e tão lentos em dar a mão.

E é a Maria que nos pede perdão.



terça-feira, 22 de março de 2011

Todo rio nasce pequeno!

Todo rio nasce pequeno. Assim é o nosso blog “Mel com Farinha”.

Assim também como um rio que, com seus afluentes, vai crescendo, se avolumando e ficando cada vez mais caudaloso, é o nosso blog, que vai crescendo e se desenvolvendo com os acessos e, principalmente, com a participação de colaboradores.

Esse compartilhamento, a participação dos colaboradores, é que vai fazer desse blog um momento de encontro, de reflexões e de confidências.

Isso significa dividirmos com as pessoas queridas nossos rabiscos, aqueles momentos que colocamos no papel nossos sentimentos.

Não estamos falando de dons literários, pelo contrário, estamos nos referindo a partilhar com pessoas de nossa amizade, nossos segredos, nossos escritos ou, simplesmente, nossos borrões.
Não são os talentos de pessoas letradas que queremos, mas unicamente desejamos contar com amigos para um simples, fraterno e alegre encontro despretensioso. Como aqueles da 83.

Se casa fosse, esse blog era a varanda. Esse blog é para ser descontraído, assim como raspar a panela melada de canjica ou chupar cana no engenho.

A propósito, hoje chegamos a mais de mil acessos.

Isso é muito bom.

Filme: O Retorno da Fé.

O sermão do Pastor!

Assisti um filme neste fim de semana em que um pastor fazia o seguinte sermão:

Sabe, os acontecimentos tristes da vida não são cargas que Deus põe diante de nós para ver o quanto podemos saltar ou como vamos cair. Não, nosso Deus é mais bondoso que isso. É mais inteligente que isso.

Essas cargas são o caminho que escolhemos para ver as coisas ruins da vida, essas sombras escuras de dívida, medo às vezes. Ficamos tão presos, tão entrelaçados, tão enrolados nas tramas da nossa vida, que nos esquecemos de olhar o quadro inteiro, o trançado inteiro do seu tecido.

Não sei quanto a vocês, mas quando puxo o cobertor pra me cobrir em uma noite fria e o Senhor sabe que temos muitas delas aqui, não quero depender de umas poucas fibras para me manter aquecido. Não, quero o cobertor inteiro para me proteger e me confortar senão vou congelar o meu traseiro. É assim que Deus trabalha, não fibra por fibra, mas o trançado inteiro do seu amor e do seu Ser.

E por isso, Ele quer uma coisa, apenas uma coisa – a nossa fé – a nossa fé inabalável e nossa confiança infinita na jornada que Ele planejou para nós. Não importa o quão abalados nos sentimos ou que sombra tenebrosa se encontra sobre nós, não importa o quanto enferrujados nós estivermos, Ele está conosco, lutando contra essa ferrugem que se alastra pelas nossas vidas, e nos confortando com aquele cobertor de eterno e incondicional amor e consolo.

Ana Lucia Lino

Obs: tenha paciência, escrevo muito mal, um dia ainda venço essa máquina, por enquanto ainda nem sei onde fica o cedilha, ah o nome do filme é “O retorno da Fé”. Beijos!

domingo, 20 de março de 2011

“Não tenhas medo”.

Vemos hoje, 19.03.11, no início do evangelho de Mateus, um anjo do Senhor falando ao Pai do Filho de Deus, José: “Não tenhas medo”.

Então, olhando a reação de José, nós somos convidados também a reagir como ele. Avançar e assumir a missão. Isso pra nós é muito importante. Não devemos ter medo de nos aproximarmos de Jesus ou da aproximação de Jesus. Muitas vezes essa aproximação se dá através de provações, outras por meio de oportunidades. Em ambos os casos, não tenhamos medo. Pelo contrário, são exatamente esses momentos que nos levam a avançar e assumir nossa missão: ir ao encontro do Pai.

Nessas ocasiões, devemos ascender. Ir em frente. Se isso não acontecer, faltou fé. A fé é que nos faz crescermos nas provações e nas oportunidades. Se delas passarmos sem nada nos acrescentar, fomos bobos, egoísmos e inúteis.

Imagine se São José passasse por essa provação – gravidez de Maria – e não acreditasse no anjo do Senhor, ele teria simplesmente sofrido.

As provações vêm, as oportunidades chegam, cabe a nós acreditarmos em Deus: “Não tenhas medo”. Delas precisamos sair fortalecidos. São nesses momentos que passamos a valorizar mais as coisas do céu, a nos aproximarmos do Reino.

Não percamos a oportunidade de ficarmos mais perto de Reino, ou seja, perto daqueles que vivem isolados. Nos presídios, nas ruas, nos asilos, nos hospitais etc. Vamos tocá-los. Sim, vamos vê-los, senti-los e tocá-los. Iremos perceber que eles nos fazem bem, mais do que fazemos a eles. Desses encontros, saímos mais leves, sensíveis e fortalecidos. Mais cristãos, porque a Palavra se fez ação.

É o momento de provocarmos nossa indiferença e nossa insensibilidade e de sermos provocados por toda essa gente marginalizada de nossa sociedade. É a oportunidade de dizermos pra nós qual a razão de ser última de nossa vida. 

Hoje é dia de São José, aquele que teve a fé e a coragem de acreditar no anjo do Senhor. Hoje é dia de dizer sim ao Pai. O sim nos leva à ação, a ação nos leva ao irmão e o irmão nos leva a Jesus. E Jesus é o caminho que nos leva ao Pai.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sua presença é muito importante, logo iremos atendê-lo.

Não sei se vocês sabem, mas a Altair comprou uma nova e moderna campainha para o portão.

O teclado e a numeração são iguais ao do celular. Para tocar é preciso colocar uma senha. Depois da senha digitada, se escuta a voz da secretária eletrônica:

- Bom dia! Foi muito bom você ter vindo. Estamos em casa descansando, deixe sua mensagem depois do sinal:

·        Se quiser falar de coisas sérias conosco, digite 01 e lembre-se que você bateu na porta errada.

·        Se quiser falar conosco de assuntos importantes, digite 02, você continua na porta errada.

·        Se quiser vender alguma coisa, digite 03, tenha certeza absoluta que nunca vamos atendê-lo.

·        Se quiser fazer cobrança, digite 04, vá embora e nunca mais volte.

·        Se for visita depois da 18:00 horas, digite 05, espere sentado que vamos atendê-lo, depois das 7:00 da manhã, no dia seguinte.

·        Se quiser que a dona da casa vá trabalhar, digite 06, vá embora e nunca mais apareça aqui.

·        Se quiser conversar besteira, miolo de pote e coisa sem a mínima importância, digite 07 e o portão se abrirá automaticamente.

·        Se quiser conversar besteira, miolo de pote e coisa sem a mínima importância e trouxer tapioca, digite 08 e vamos atendê-lo correndo.

·        Se insistir falar coisas sérias e importantes, digite 09 e volte ao menu principal, repita essa operação até se cansar.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O tempo não pára! Pra eles!

O tempo passa. E como passa. Principalmente para eles e elas, nossos amigos e amigas de infância. Nossos vizinhos do interior. Como aquela nossa colega do colégio, como ficou velha depressa. Vive doente. E aquele nosso amigo de infância, o tempo foi muito cruel com ele, tá velho e acabado. Vive no médico. Ela, então, nem falo, anda se arrastando.

Outro dia descia eu a rampa de um mercantil quando me deparei com uma colega da repartição, também aposentada. Quase não a reconheci, descia a rampa segurando o corrimão, ia pegar o carro no estacionamento. Nem falei com ela. Acho que ela não me reconheceu. Quando ela passou, fiquei olhando e comentei com minha secretária, como ela estava velha e feia. Tão bonita que era!

Tirando os óculos, continuei, com ajuda da secretária, a subir a rampa. Como estava com uma bursite que me persegue continuamente, não conseguia andar sem seu auxílio. Vim de táxi, pois nesses dias não estou dirigindo, tive uma crise de labirintite, o que afetou minha postura e meu equilíbrio. Ando com certa dificuldade. Já disse à secretária que não vamos demorar, tenho horário para meus remédios.

Dentro do supermercado encontrei um antigo colega do colégio que fazia o mercantil com seu neto. Veio falar comigo. Não escutei uma palavra do que ele disse, falava bem baixinho, apesar do garoto dizer que ele estava gritando. Era um homem bonito. Era, tá careca, velho e acabado. Esse pessoal não tem calibre e nem saúde.

Saí com meu carrinho de compras, uns biscoitos diet, um quilo de linhaça, filezinho de frango, adoçante, suco de noni, algumas verduras e poucas frutas. Já não posso comer abacate, que dá dor de cabeça, abacaxi, dá acidez no estômago, provoca azia, banana, prende tudo. Café? Nem pensar.

No caixa, na hora de pagar, esqueci a senha do cartão, disse que a culpa era do Banco e fui embora sem as compras e reclamando que ali só tinha gente velha.

Jejuemos na Quaresma

Estamos jejuando nesta quaresma? Com todos os nossos sentidos e com todo o nosso corpo? Ou somente a boca jejua?

Que a gente tenha olhos para os irmãos, que são obrigados, forçados e sujeitados a jejuarem por falta de alimentos.  Que não deixemos de ver em seus rostos sofridos, suas dores e tenhamos delas, compaixão. Voltemos nosso olhar para o irmão do lado que passa privação alimentar. Jejuemos nosso egoísmo.

Que nossos ouvidos não suportem o silêncio dos marginalizados, pisados e fatigados pela indiferença da sociedade. Ouçamos seu grito silencioso. Que não deixemos de ouvir e combater as vozes dos arrogantes, pretensiosos e poderosos que espalham a desigualdade na sociedade. Jejuemos nossa indiferença.

Que nossas mãos possam acariciar as crianças famintas e esqueléticas que vivem à margem da sociedade. Nossas mãos, quando juntas uma sobre a outra, fazem um trono para receber a comunhão; juntas também possam levantar as vítimas pisadas por nossa sociedade. Jejuemos nossa apatia.

Que nossos passos ultrapassem o limite do comodismo.  Marchemos em busca dos caminhos daqueles que estão sem rumo em seus caminhos, daqueles que vivem desorientados e que procuram companhia, que se perderam ou nós os perdemos e precisam ser guiados. Jejuemos nossa insensibilidade.

Se não jejuarmos assim, qual nosso compromisso para o projeto do Reino? Que vale renunciar os alimentos se nossos irmãos passam fome e sede? Que merecimento tem nossa abstinência se nossos irmãos continuam presos e doentes e nós não formos lá? Qual o mérito de privarmos nosso corpo de energia se desvestidos continuam nossos irmãos?

O verdadeiro jejum deve ser do agrado do Deus. Não existe nada que mais O agrade se fizermos o bem a “esses pequeninos”. Muito melhor é comer o nosso pão sem esquecermos do irmão, do que jejuar o nosso pão e não lembrarmos do irmão.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Rio, 6 de março de 1977 - (Vejam o que encontrei!)


Hoje faz 13 dias e parece tão irreal. E com uma sensação indefinida que penso que nunca mais o verei. Aquele andar cadenciado num sobe e desce que o chinelo arrastado acompanhava, e aquele gesto de coçar a cabeça de cabelos curtos, as mãos de unhas roídas... e aquele riso as vezes amigo as vezes gozador... e aqueles olhos ternos que expressavam aquilo que a timidez ou a falta de hábito não deixavam dizer de outra maneira.

Agora penso  ...era meu pai e mal o conhecia.O que sentia realmente? O que pensava sobre tantas coisas? Por que os diálogos que agora relembro nunca revelaram nada? Por que não se defendia? Por que tão fechado se parecia tão aberto?

Que lição de desprendimento, de humildade. Nunca exigiu nada, nunca pediu nada. Acho que era precisamente isto que incomodava que as vezes o fazia ser agredido.

Teria sido feliz? Alguma vez eu o fiz feliz? Não importa agora...

Puxa, papai eu gostava um bocado de você. Por que será que nos afastamos, ou será que isto nunca aconteceu?

Puxa, papai eu gostava um bocado de você e nunca lhe disse isso, mas acho que você sentia. Eu queria hoje você pertinho, e você está. Eu o sinto.

Obrigada, papai por tudo, por aquele dinheiro reclamado no bilhar, que me valeu um cinema pelo "branquinha", por aquelas estórias da Japuara, tantas vezes contadas e que não exigiam mas apenas presença, por aquelas noites frias e solitárias na Soledade e que nos trouxeram até aqui, por aquela viagem a Canindé e aquela laranja...e aqueles olhos chorosos da última vez...e de tantas coisas mais.

Saudades papai...   

Ana Lúcia Lino  

terça-feira, 15 de março de 2011

Ainda que a gente disso duvide!

O telefonema do Zé Airles foi no sábado de carnaval, dia cinco.

- Tem muita gente aí? Perguntou a Altair.

Do outro da linha, nosso irmão, botando lenha no fogão, já abrasado com os primeiros raios do sol, respondeu.

- Aqui tá entupido, mas lá na serra tem gente saindo pelo ladrão.

Imaginemos nós a felicidade desses nossos irmãos. Quando falo irmão, refiro-me a toda família. Pouquíssimos momentos são mais felizes do que uma reunião familiar. Raras são as ocasiões com tanta alegria. Façamos idéia de como devem ser feitas as refeições: pratos variados cruzando a grande mesa. Passa o carneiro, grita um, devolve a feijoada, pede outro. Põe um pouco de caldo, bota arroz, cadê a farofa, pega uma costela... Traz outra travessa, coordena a dona da casa, para suas secretárias.

Deliciosos momentos, onde “aqui tá entupido, mas lá na serra tem gente saindo pelo ladrão”.

Nada é mais triste do que comer sozinho. Porque comer é comunhão. Nesse momento, mais do que em qualquer outra hora, ninguém considera suas, as coisas na mesa. Tudo que nela se encontra é posto em comum. Isso está dito em Atos, versículo 32, no quarto capítulo. Em toda refeição devemos sentir o caráter sagrado da alimentação.

Deliciosos momentos, “onde aqui tá entupido, mas lá na serra tem gente saindo pelo ladrão”.

Nada nos faz lembrar mais Jesus Cristo do que uma refeição. Jesus comeu com seus discípulos em vários momentos de sua vida, fez refeição inclusive com seus inimigos. Partilhou com os discípulos a última Ceia e, ressuscitado, comeu peixe com eles na praia.

Momentos de partilha são bênçãos. Cada um de nós que partilha sua refeição, partilha Deus. Cada vez que a gente reparte o pão, a carne, o arroz, o feijão, o refrigerante, a cerveja etc, estamos partilhando Deus, ainda que a gente disso duvide.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Eu voltei!

Voltei a Friburgo.

Voltei, para ver o que tão devastado deixei há dois meses. O coração estava pequeno, triste. Apesar do condomínio ainda estar muito ressentido, vislumbrando um demorado período para se restabelecer, a cidade se recupera vagarosamente, mas bem e no povo não se ver, pelo menos aparentemente, um justificável abatimento.

Parece que a necessidade de ir em frente foi mais forte que a vontade de ficar parado curtindo as dores. Fantástico é se perceber a natureza indiferente ao que se acha correto ou razoável, continua a fazer o que lhe e destinado, e floresce exuberante nos lugares menos prováveis, cheia de cor, florida, linda, abraçando a todos, mostrando que qualquer que seja a circunstancia Deus esta paternalmente no mesmo lugar, perto de nós esperando por nós.

Ana Lucia Lino

domingo, 13 de março de 2011

Um belo gesto de Deus em nossas vidas.

Quando a gente se casa, casa com a vida da Outra pessoa. Com seu passado, com seu presente e com o seu futuro. Pois o Sacramento do Matrimônio quer ser isto, ou melhor, é isto: um belo gesto de Deus em nossas vidas.

O matrimônio manifesta uma realidade sagrada, por isso o sacramento é o amor verdadeiro. Além desse sinal sagrado é também um sinal de eficácia, uma vez que produz, nos dois, um resultado real e não simplesmente simboliza determinado efeito.

Acho que é isso que o Sacramento do Matrimônio quer dizer quando fala de uma só carne. Tudo que acontecer com Uma, a Outra deve pensar e saber que estar acontecendo com ela, com os dois. Agora e no futuro.

O que estou querendo dizer é que os dois devem estar sempre no mesmo lado, em todos os momentos, nas mais diversas situações. No diálogo amoroso e na cumplicidade do silêncio. Nas pequenas e nas grandes coisas. Nos risos e nas lágrimas.
Assim se vive o momento e o futuro. O futuro não nos surpreende separados porque sempre vivemos juntos, é assim que o casal se deve imaginar.

Se algo ou alguém magoa a Outra pessoa, machuca a Aliança. Porque são uma só carne. Uma não pode estar em outro lado que não seja ao lado da Outra. Se algo ou alguém afasta Uma da Outra, por menor que seja, isto se contrapõe ao Matrimônio, pois o Sacramento é uma só carne, Uma com a Outra, Uma mais a Outra. Só assim, o inesperado nunca vem no futuro.

Por fim, isso não significa caminhar sozinhos. Esse amor, gratuidade de Deus, deve ser repartido com os filhos e filhas e com a comunidade. Uma caminhada unida a Cristo e junto com os irmãos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um olhar para além da aparência. (*)

borboleta-flor

O morador de rua quando na rua passa,
O policial o vê como um bandido.
Com cassetete e arma em punho atrás dele caça.
Ele tem sua integridade ferida e seu corpo agredido.

O morador de rua quando na rua passa,
O porquê daquela situação, o filósofo questiona:
Como vive um humano em tão grande desgraça.
É assim que a sociedade moderna funciona.

O morador de rua quando na rua passa,
O bom cristão nele encontra um irmão.
Alguma coisa é necessária que se faça.
Nessa hora, divide o lar e partilha o pão.

O policial, o filósofo e o cristão
Encontram o que procuram na praça:
O bandido, o ser humano e o irmão.
... E o morador de rua, na rua passa.


(*) Baseado num poema de Virgil Georghiu