sexta-feira, 29 de julho de 2016

EU VOLTEI!

Eu cheguei em frente ao portão... da 83,

A Célia me atendeu gritando: de novo, vocês!,

Minhas malas o Carlos colocou no chão.

Eu voltei!

Tudo estava igual como era antes.

Cuscuz, café frio e pão de ontem.

Quase nada se modificou.

(Um pouquinho mais velhos).

Acho que só eu mesmo mudei.

Mudei nada!

E voltei, eu voltei agora é pra brincar

Porque aqui, aqui é que é o lugar

Pra não trabalhar e pra muito falar:

Da vida alheia, futebol, política ou religião.

Eu voltei pras pessoas que eu deixei.

Eu parei em frente ao portão.

Fui abrindo devagar,

mas deixei o Zé entrar primeiro,

e entrei,

Minha irmã me recebeu com a mesma roupa,

meio amarelada pelo tempo,

Eu voltei pras pessoas que eu deixei,

Eu voltei!

sem saber depois de tanto tempo,

se havia alguém a minha espera,

passos indecisos caminhei,

e parei,

quando vi que dois braços abertos,

me gritaram como antigamente,

menina, vem logo!

tanto quis dizer e não falei,

mentira, falei sem parar,

e chorei.. de tanto rir!

Eu voltei!

agora é pra ficar porque aqui,

(aí é que lasca!)

aqui é o meu lugar,

eu voltei pras coisas que eu deixei,

um par de meia velha e uma escova usada.

Eu voltei!

eu voltei, agora é pra ficar porque aqui,

aqui é o meu lugar,

eu voltei pras coisas que eu deixei,

ei, pessoal!

Eu voltei!

Pessoal!

Eu, em...



quarta-feira, 13 de julho de 2016

PADRE HUGO FURTADO

Padre Hugo
“Como era bom vê-lo sentado ali!”

E
m nossas reuniões estava ele ali sentado no meio e nós, e nós, os afortunados, ao seu redor. Qualquer lugar que ele escolhesse, esse era o centro. Não porque vinha mandar, mas porque desejava servir.

Vinha falar dos laços de fraternidade que devem se formar nas nossas famílias. Falar da escola de liberdade e paz que é nossa casa, nossa família.

Falava manso como seu coração e sussurrava com gestos para exprimir suas idéias e seus sentimentos, lições que provocavam ruídos em nossas consciências.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Sua aparência tranquila, seu semblante de paz, sua fisionomia que transmitia segurança e seu olhar que enxergava mais longe.

Era muito significativo em sua fala e em seus gestos a familiaridade que ele tinha com o Filho de Deus e a proximidade com que ele se referia a Maria.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Uma fonte de verdadeira alegria e paz. Reconhecendo-se fraco, dizendo-se pequeno e sabendo que, com a ajuda de Jesus, era revestido de força com a qual realizava um grande passeio na vida com nosso Senhor. E muitas vezes nos fazia acompanhá-lo.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Levando a palavra de Deus a quem estava a seu redor, era um momento de sentirmos a presença e a misericórdia divina. E senti-lo como um instrumento. Havia momentos que, ao seu lado, não sabíamos se ele falava de Deus ou falava com Deus.

Sua existência era, para todos, para todos que estavam ao seu entorno, um modelo, exemplo de filho que tinha se colocado confiantemente nas mãos de Deus; a isso nós damos o nome de fé. Que grande legado nos deixa, que grande herança nos presenteia, que responsabilidade a nossa. 

Era um padre que, quando falava de Deus, falava de amor. Falava do amor de Deus. Ele nos procura, é Deus que dá o primeiro passo na nossa vida, é Deus que se aproxima em primeiro lugar, professava esse nosso irmão. Quantas vezes não citou Isaias.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Estar com ele, ao redor dele, nos fazia experimentar a proximidade íntima de Jesus. Fazia-nos sentir, com suas palavras, a doçura e a eficácia de Sua presença.

Hoje, não tão perto dele, mas, certamente, ele bem mais perto da gente, somos convidados a compartilhar a alegria de nos reconhecermos filhos e filhas salvos pela misericórdia de Deus, somos convidados a dar testemunho de que a fé é capaz de oferecer nova direção aos nossos passos; essa fé que é amor e nos torna livres e fortes a fim de estarmos disponíveis para os outros. Assim como ele.

Enfim, era ele quem, nesses nossos encontros, “passava a limpo as tarefas da vida familiar”. Não esqueçamos as palavras que ele tanto valorizava e julgava necessárias usá-las no nosso dia-a-dia: com licença, obrigado, desculpa, posso e perdão.

Não esqueçamos também dos comes e bebes, pois seu apetite era à altura de sua fé, pois nunca reclamou da fadiga nem da falta de apetite.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”