segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Um dia diferente!

Um dia diferente!

Poderia ter sido apenas um encontro que se eternizaria numa foto amadora.

Poderia ter sido apenas momentos agradáveis que se perdiam em lembranças.

Poderia ainda ter sido um gesto delicado que acabaria em si mesmo.

Mas foi muito mais.

Foi diferente... muito diferente... desde o começo...

Desde o momento em que encaixotando as mágoas e divergências, dissemos SIM para a vida.

SIM para a graça!

Diferente quando sentimos a vontade de mudar, de recomeçar, de esquecer as diferenças, de jogar fora o que separava.

Diferente quando pela estrada nos desfizemos do que pesava, do que desequilibrava, do que dividia.

Diferente quando recolhemos o húmus que fertiliza e dá esperança.

Diferente porque um encontro de almas, mentes e corações... um encontro de verdadeiros irmãos.

Diferente porque trocamos o intelecto pela compaixão, porque descobrimos que a vida é breve, não suporta adiamentos e exige força fé e alegria, que só os de boa vontade conseguem ver e viver... é o início do Reino.

Porque as mágoas devem ser como gotas numa folha, enverga, rola e vai embora sendeiras marca da passagem.

Diferente por nos fazer entender que o orgulho, a briga, a distância, o silêncio, não são capazes de recolher a mão estendida, o sorriso amigo e o abraço apertado.

Diferente porque voltamos livres, leves, alegres, com vontade de eternizar, de voltar, de saber que nossos pais fizeram um ótimo trabalho, divino e a certeza que estão sempre por perto, velando por nós e para não termos dúvida escolheram o melhor lugar, o lugar onde tudo começou:

a SOLEDADE.

Abraços em todos!

Ana Lúcia Oliveira


sexta-feira, 29 de julho de 2016

EU VOLTEI!

Eu cheguei em frente ao portão... da 83,

A Célia me atendeu gritando: de novo, vocês!,

Minhas malas o Carlos colocou no chão.

Eu voltei!

Tudo estava igual como era antes.

Cuscuz, café frio e pão de ontem.

Quase nada se modificou.

(Um pouquinho mais velhos).

Acho que só eu mesmo mudei.

Mudei nada!

E voltei, eu voltei agora é pra brincar

Porque aqui, aqui é que é o lugar

Pra não trabalhar e pra muito falar:

Da vida alheia, futebol, política ou religião.

Eu voltei pras pessoas que eu deixei.

Eu parei em frente ao portão.

Fui abrindo devagar,

mas deixei o Zé entrar primeiro,

e entrei,

Minha irmã me recebeu com a mesma roupa,

meio amarelada pelo tempo,

Eu voltei pras pessoas que eu deixei,

Eu voltei!

sem saber depois de tanto tempo,

se havia alguém a minha espera,

passos indecisos caminhei,

e parei,

quando vi que dois braços abertos,

me gritaram como antigamente,

menina, vem logo!

tanto quis dizer e não falei,

mentira, falei sem parar,

e chorei.. de tanto rir!

Eu voltei!

agora é pra ficar porque aqui,

(aí é que lasca!)

aqui é o meu lugar,

eu voltei pras coisas que eu deixei,

um par de meia velha e uma escova usada.

Eu voltei!

eu voltei, agora é pra ficar porque aqui,

aqui é o meu lugar,

eu voltei pras coisas que eu deixei,

ei, pessoal!

Eu voltei!

Pessoal!

Eu, em...



quarta-feira, 13 de julho de 2016

PADRE HUGO FURTADO

Padre Hugo
“Como era bom vê-lo sentado ali!”

E
m nossas reuniões estava ele ali sentado no meio e nós, e nós, os afortunados, ao seu redor. Qualquer lugar que ele escolhesse, esse era o centro. Não porque vinha mandar, mas porque desejava servir.

Vinha falar dos laços de fraternidade que devem se formar nas nossas famílias. Falar da escola de liberdade e paz que é nossa casa, nossa família.

Falava manso como seu coração e sussurrava com gestos para exprimir suas idéias e seus sentimentos, lições que provocavam ruídos em nossas consciências.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Sua aparência tranquila, seu semblante de paz, sua fisionomia que transmitia segurança e seu olhar que enxergava mais longe.

Era muito significativo em sua fala e em seus gestos a familiaridade que ele tinha com o Filho de Deus e a proximidade com que ele se referia a Maria.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Uma fonte de verdadeira alegria e paz. Reconhecendo-se fraco, dizendo-se pequeno e sabendo que, com a ajuda de Jesus, era revestido de força com a qual realizava um grande passeio na vida com nosso Senhor. E muitas vezes nos fazia acompanhá-lo.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Levando a palavra de Deus a quem estava a seu redor, era um momento de sentirmos a presença e a misericórdia divina. E senti-lo como um instrumento. Havia momentos que, ao seu lado, não sabíamos se ele falava de Deus ou falava com Deus.

Sua existência era, para todos, para todos que estavam ao seu entorno, um modelo, exemplo de filho que tinha se colocado confiantemente nas mãos de Deus; a isso nós damos o nome de fé. Que grande legado nos deixa, que grande herança nos presenteia, que responsabilidade a nossa. 

Era um padre que, quando falava de Deus, falava de amor. Falava do amor de Deus. Ele nos procura, é Deus que dá o primeiro passo na nossa vida, é Deus que se aproxima em primeiro lugar, professava esse nosso irmão. Quantas vezes não citou Isaias.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”

Estar com ele, ao redor dele, nos fazia experimentar a proximidade íntima de Jesus. Fazia-nos sentir, com suas palavras, a doçura e a eficácia de Sua presença.

Hoje, não tão perto dele, mas, certamente, ele bem mais perto da gente, somos convidados a compartilhar a alegria de nos reconhecermos filhos e filhas salvos pela misericórdia de Deus, somos convidados a dar testemunho de que a fé é capaz de oferecer nova direção aos nossos passos; essa fé que é amor e nos torna livres e fortes a fim de estarmos disponíveis para os outros. Assim como ele.

Enfim, era ele quem, nesses nossos encontros, “passava a limpo as tarefas da vida familiar”. Não esqueçamos as palavras que ele tanto valorizava e julgava necessárias usá-las no nosso dia-a-dia: com licença, obrigado, desculpa, posso e perdão.

Não esqueçamos também dos comes e bebes, pois seu apetite era à altura de sua fé, pois nunca reclamou da fadiga nem da falta de apetite.

“Como era bom vê-lo sentado ali!”


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

SANHAÇUS



E lá estou eu de novo

No jardim

Ligo a mangueira

E lá vem os Sanhaçus

O casal

Que atende meu chamado

E lá estamos nós

Eles se banhando

E eu lavando minha vista

São livres para pousar,

Têm liberdade pra voar,

Acho que amar é assim.

Quero meus netos assim.

Livres de nossas asas

Para tê-los sempre

Na árvore

Continuam os sanhaçus

Pulam de galho em galho

Sem viveiro, sem gaiola

Somos, me arvoro dizer, amigos

Livres!

É isso que somos:

Criaturas de Deus.




SÃO CINCO, JUNTOS PARECEM MIL

São cinco,
Juntos, parecem mil.

Ontem tiveram aqui,

Parece que faz século.

Entram no nosso mundo.

Uma permissão

Já dada antes de nascerem.

Apoderam-se de nós.

Não é fácil saber quem está

Conduzindo

E quem é

Conduzido.

São cinco,
Juntos, parecem mil.

Se foram,

Deixaram o silêncio,

Levaram o cheiro.

O aroma da casa é diferente

Sem eles.

É o perfume deles

Que nos faz dizer:

Deus está aqui.

Um de uma beleza leve, calma

E tranquila, de olhos abertos

E maravilhados.

Bendito seja Senhor,
Que maravilha Heitor.

Outro, careca e cheio de paz,

Olha-nos como quem diz:

O amor que recebi, tenho e trago.

Deus nos deu o Tiago.

Tem aquele dos olhos cor do céu.

Veio fazer companhia

Ao “gente boa”.

Sem limites, o Criador da Salvação
Nos presenteia com
Pedro e Joao.

Por fim, ele veio para alegrar,

Veio com o sorriso

E a gargalhada

Mais linda do mundo.

E Maria, que nada faz sozinha,
Com seu Filho,
Nos trouxe o Rafinha.

São cinco,
Juntos, parecem mil.

Levem-nos para a doçura

E para a essência,

Para o mundo de vocês,

Já esquecemos


O que é inocência.