Estou ficando velho. Outro dia estava no shopping, achei aquilo muito chato. Para assistir um filme, se paga com cartão, de tão caro que é. Para comer um simples sanduiche, se pega duas filas. Quando, finalmente, você se senta e olha ao seu redor, você se assusta com tantos anúncios e propagandas dos mais variados produtos e, o pior, tanta gente comprando.
Não pode estar correto esse consumismo desenfreado, esse modo de viver se deixando levar pela propaganda. Comprar sem precisar: é o resultado de nossas carências, é o modo de nos satisfazermos, não pelo que se compra, o produto em si, mas pelo simples prazer de comprar.
No consumismo, o comprador se apropria do bem para o seu uso particular, mas fica alheio àquilo que foi comprado. Eles enchem as lojas, são milhares de pessoas com suas sacolas coloridas, cheias de pacotes. São tantos sorrisos, que me pergunto se isso é real ou somente aparência. Talvez algum momento de alegria, de exaltação e de inebriamento, mas que, certamente, não trazem a verdadeira alegria de viver. Essas pessoas, parecem a mim, que não têm pressa de saírem do shopping e voltarem para suas casas.
Estou ficando velho. Outro dia estava na Igreja, achei as pessoas, talvez as mesmas, com caras cansadas, rostos trancados, sem paciência de ouvirem uma homilia. Acho que o produto oferecido não era muito atrativo porque o consumidor da Palavra não podia se apropriar dela para uso privado, mas tinha que se deixar ser assimilado por ela e reparti-la com as outras pessoas. Assimilar e partilhar não fazem parte da natureza do consumismo.
O consumidor da hóstia Sagrada não pode ficar indiferente ao que se consome, pois ele se torna membro do Corpo de Cristo.
Esse mistério deveria introduzir uma nova maneira de nós percebermos a sociedade, vivendo uma “vida em abundância” fora das fantasias, uma felicidade que não nasce na “areia” do shopping, mas, como diz Jesus, na rocha sólida de sua Palavra.