izem que o amor entre irmãos é intocável.
Inalienável até.
Simples “balela”. Amor que, para alguns, está mais para “urubu do que pra colibri”.
Esta semana uma irmã me indicou um Centro Comercial localizado nas imediações da Santos Dumont que tinha de tudo para uso doméstico, bom e barato (pra ela).
Entusiasmei-me.
Vesti minha calça jeans, calcei meus “quinaipes”, coloquei meu boné de idoso e fui em frente. Lá chegando meu arrebatamento foi logo fenecendo, quando vi a imponência das instalações. Mas, não perdi a “pose” e fui adentrando. De imediato, fui barrado pelo porteiro bem vestido, que mais parecia um general.
– Não pode?
– Como assim, ousei perguntar.
– Aqui só entra carro Corola pra frente e do senhor é um prisma. Não está nos padrões da loja.
Depois de muito argumentar (já gaguejando), que tinha vindo do interior, meu carro era popular, mas era novo. “Conversa vai, conversa vem”, “fomos cá e fomos lá” e “vire mexe”, ele me deixou estacionar num local de “segunda”, reservado para os carros de limpeza.
Mais desconfiado que “cachorro em cima de carro de mudança”, tentei adivinhar a entrada naquele ”mundão” de vidraça e espelho. Depois de algumas cabeçadas (só não quebrando o vidro por ser temperado), uma porta automática se abriu e eu entrei, isto é, pensava que tinha entrada. Uma funcionária da loja, mais “pronta” que uma debutante, me barrou.
– Não pode.
– Como assim, argumentei e pensei: será que estas “donas” ler no semblante o valor de nossa conta bancária e o débito de nosso Cartão.
– Só de paletó, completou.
– É, respondi. Um “ezinho” mal balbuciado, parecia um etíope.
A esta altura eu estava me sentindo bem pequenino. Um “tamborete de forró”, menor que o Boneco.
– Mas “minha dona” eu só quero conhecer a bodega.
– Bodega não, alto lá, shopping. Respeite.
Em seguida me mandou acompanhá-la até um reservado, que mais parecia o camarim do Silvio Santos, e me entregou um paletó.
– Pronto, vista e devolva na saída.
Vesti, ficou meio “jequi”, me parecendo um Mister Bean ou Tiririca. Peguei uma escada rolante e levei dez minutos para chegar ao segundo pavimento. Foi quando percebi que peguei a escada de descida. No “andar da carruagem” estava meio atordoado. Aquele não era meu mundo. Para acalmar os nervos resolvi tomar um cafezinho. Dirigi-me a um balcão chiquérrimo onde nem ousei me sentar e pedi uma “louça”.
– Amargo ou com açúcar?
– Por que?
– Amargo é R$10,00 e com açúcar é R$15,00.
– Me dá amargo mesmo que é bom pro coração (aquela altura de tanto vexame já estava mesmo perto de um infarto).
Ali era mais um desfile de moda do que um centro comercial. Olhavam-me como se eu fosse um ET. Resolvi fazer algumas “comprinhas” e “dar no pé”. O pouco que comprei cabia numa pequena sacola, pendurada no “dedo mindim”, mas o suficiente para deixar minha conta bancária no vermelho e meu cartão estourado.
Devolvi o paletó sob olhares de desdéns e risinhos disfarçados. Ao receber o carro, sem dinheiro suficiente (o valor é quase igual uma revisão), deixei minha calça empenhada e sai só de “celoura samba canção”. Bem feito, quem manda pobre e matuto freqüentar lugar de gente chik e rica rica.
Mas se eu pego a Maga ela vai ver “com quantos paus se faz uma canoa”.
Estou me sentindo um PitBull. grgrgrgrgrgr.
ZédoLino