terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Feliz Natal!



F
eliz Natal pra todos vocês!

Aila, de uma vida de tanta religiosidade, que encaminhou nossos primeiros passos em direção aos caminhos católicos. Um Natal de Paz!

Altair, de tantas idas e vindas nas nossas vidas, que sempre buscou e busca o encontro e a felicidade de todos e tem as portas da 83 sempre abertas, que já é tudo pra um encontro. Um Natal de Sonhos!

Aines, nossa irmã irmã, que consagrou sua vida em nome da Igreja Salesiana e nos deixou, sem nos largar, em procura de um seguimento tão nobre, o de Jesus Cristo, um Natal de Afeto!

Arino, nosso desportista, nosso atleta, nosso campeão, tão presente na oitenta e três e tão importante nas nossas manhãs, sempre nos atualizando na política e nos esporte. Um Natal de Luz!

Ângela, a última das filhas te fez a primeira entre nós por sua presença, por sua vontade de servir e pelo anseio de amparar. Um Natal de Amor!

Anaíres, nossa teóloga, que trabalha desde cedo e parece que não tem fim, tem sempre uma palavra de estímulo e a boa mania de saber elogiar. Um Natal de Graças!

Lucinha, de tantas lutas e tantas vitórias, com seu jeito de ser torna a vida mais leve, e sua maneira espontânea de gargalhar torna o jugo e o fardo mais suave. Um Natal de Família!

Airton, que sabe tanto, mas talvez não saiba a importância que tem pra todos nós, sua presença é sempre cheia de alegria e de bom astral. Um Natal de Alegria!

Airles, sentimos sua ausência em vários momentos do ano, isso mostra que você nos faz falta, que possamos usufruir de sua sabedoria para podermos viver melhor. Um Natal de Aleluia!

Aglair, que bom fosses duas, uma para teus filhos e netos e outra pra estar aqui, na 83. Seus tempos aqui conosco são sempre momentos de segurança e sinal de muita tranquilidade. Um Natal de Brilho!

João Lino, tô por aqui, com Ana Catarina, usufruindo dessa família maravilhosa. Feliz Natal!

Às sobrinhas e aos sobrinhos e toda reca de meninos e meninas, faço a mais antiga oração do cristianismo e, ao mesmo tempo, a mais atual:
VEM, SENHOR JESUS! E abençoe todos vocês.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

18.12.19


H

oje, estamos na última consulta médica da nossa irmã.
Também sua derradeira aplicação de quimioterapia do ano.

O ano termina, ela venceu... vencemos todos.

Sem lamúrias, sem lamentos e poucas lágrimas.

Forte ela é.

Algumas agonias, certamente, não poucas, ficaram nas clínicas, nos hospitais e nos laboratórios. E por lá abandonadas as suas dores, queixas e aflições.

E o medo da enfermidae? Por nossas orações – e dela – ele não é afastado, mas aceito, assim como em Getsêmani. Até porque nada pode nos espantar mais do que uma pessoa sem medo. Lá estou eu vagando.

O sol já mostra sua vontade de se por, e nós voltamos à 83.

Regressamos na certeza que sua saúde se dá pela força de orações, pela competência da medicina e pela 83.

Ah! 83!

A 83, que tem um piso santo, um pedaço de chão acolhedor, um abrigo irmão, digo melhor no feminino, uma guarida irmã, mais uma vez se mostra afável e sorridente.

Ah! 83!

De novo e repetidamente manifesta toda sua força, toda sua energia, toda sua fé e, que nós, irmãos, temos uma palavra importante para definir isso: Altair; e que nós, cristãos, também temos palavras importantes para definir isso: Espírito e Graça.

É isso aí!

Que venha o ano vinte para uma mulher dez.

Boa tarde!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Ou seja, livre!


Surpreendamos Jesus, positivamente.

Há dois momentos no Novo Evangelho (certamente existem outros) que Jesus é SURPREENDIDO pela fé do homem.

Em primeiro lugar, positivamente (Lc 7, 9), quando Ele se ADMIRA pela fé do centurião.

Em segundo lugar, negativamente (Mc 6,6), quando Ele se ESPANTA com a falta de fé do povo de sua terra natal.

Admirar e espantar mostram surpresas com algo que não era esperado. Jesus não cria que um romano tivesse tanta fé e nem acreditava que em sua terra natal houvesse tanta descrença.

Isso nos leva a algumas reflexões.

Primeiramente, nos faz refletir que o Filho do Homem não tinha uma varinha mágica que adivinhava o que estava por vir.

Isso, entretanto, não quer dizer que Ele não se sabia Filho de Deus. “Ninguém vai Pai senão por mim”. Jo 14, 6.

Em segundo lugar, nos mostra que ninguém tem o monopólio da fé. Que essa graça pode estar nos terreiros, nos candomblés ou nas aldeias indígenas, ou pode se fazer carente em nossos templos.

Quando o centurião procura Jesus é porque certamente se sentia amado por Deus. Visto que fé significa saber-se amado por Deus. Não são nossas obras nem preceitos que fazem Deus nos amar, estes como aquelas são frutos da fé no amor de Deus.

Por fim, o que espanta Jesus é saber que o Filho de Deus está no meio deles e eles não O reconhecem. Mantinham-se eles alinhados e presos com centenas de mandamentos, de afirmações e proibições tão defendidas pelos anciãos e doutores da lei.

Como se aí estivesse a paz que nos leva a salvação, quando, na verdade, sabe-se desde sempre, que a salvação está em Suas boas mãos, citando Peter Knauer, S.J., “Quem se sabe incondicionalmente amado por Deus pode viver despreocupado”.

Ou seja, livre!

Boa tarde!


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Na hora do pega, pegamos!


O
s “bastoslino” somos assim: na hora do pega, pegamos.

No dia quinze chegou o dia que todos receávamos, temíamos por ele, mas sabíamos que iria acontecer: a cirurgia da Aila.

Chegou e foi-se, deixando lições admiráveis.

Foi um dia vitorioso pra ela, prisioneira da dor, mas tão forte, tão cheia de graça, tão Maria.

E igualmente para nós.

O dia quinze nos juntou tão fortemente, nos conectou tão estreitamente que não há exagero se dissermos que existia uma comunhão de Espírito. Percebíamos a preocupação de todos e juntos orávamos por ela.

Estávamos cobertos de ternura e como um manto de compaixão nós a cobríamos. Neste dia o carinho nos estimulava, éramos todos samaritanos.

Poderia prosseguir contando os detalhes dessa sexta-feira, entretanto, São Paulo já havia descrito esse dia.

“Os Filipenses” é a primeira comunidade de Paulo em solo europeu. Paulo escreve a Carta como prisioneiro. É a mais pessoal de todas as cartas de Paulo.

Nos versículos de um a quatro, do capítulo segundo, diz Paulo:

Se há, pois, alguma consolação em Cristo, se há algum caridoso estímulo, se existe alguma comunhão de Espírito, se existe ternura e compaixão, dai-me a alegria de terdes sempre um mesmo sentir, de terdes o mesmo amor; unidos pensando numa só coisa sem polêmicas e jactâncias, cada um estime o outro mais do que a si mesmo! Não se preocupe cada um com seu próprio bem e sim com o bem dos outros!

Nesta passagem se encontra o que se encontrou no dia quinze: o amor que é harmonia, que é união, que é possuir uma única alma e um único sentir.

Aila fez-nos sentir juntos.

Creiam-me, a Aila é um instrumento de Cristo!

Boa dia!



Em tempo: Hoje, aqui na clínica do Dr. Eduardo Sturdart, estamos fazendo a revisão da cirurgia da Aila, tudo muito bom e ela, na medida do possível, animada. Voltaremos na próxima quinta-feira, só revisão.


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Aprendemos Tanto!


N
o ICC, Aila e Aglair. Delas aprendi tanto... não! Aprendemos todos e  tanto!

São saberes que caem no nosso dia-a-dia e nem percebemos de onde vêm.
São aquelas horas que abstemos do orgulho; são os muitos momentos que buscamos a simplicidade; são instantes de pura beleza moral. E aqui estamos nós. Elas ali e eu com minhas elucubrações.

E fico a imaginar estes instantes/tardes mágicas.

Quem nunca acompanhou a uma seção de quimioterapia alguém que se ama não descobrirá jamais o olhar brilhoso e agradecido que busca seus olhos... e a cura; não contemplará, soltas no ar, imagens de pacientes que circulam nos corredores como maratonistas vencendo obstáculos; não meditará sobre a beleza da solidariedade que existe nestes corredores e salas e nessa gente; nem mergulhará no mistério do clima de gratidão que faz com que o sorriso de muitos prevaleça sobre a dor.

Boa tarde!

domingo, 1 de setembro de 2019

João André, você é um privilégio!




O
s seus 30 anos sendo festejados/comemoramos aqui em casa, nesta casa, tem um significado muito grande pra todos nós.

Esta casa é o lugar que você nasceu, cresceu, conviveu com suas irmãs e com seus pais e trouxe seus amigos.

Foi aqui que você se fez gente de bem. Um bem danado pra gente.

Sabemos que SE FAZER BEM é a soma de um Dom que vem do Alto com o esforço humano.

E paro aqui pra contar uma historinha bem curta.

Nos tempos da guerra (a segunda guerra mundial) as pessoas que tinham perdido tudo, e ficaram perdidas na solidão, perambulando espalhadas pela imensidão de seus espaços vazios (suas casas, suas vilas, e até mesmo seu país) ELAS TINHAM UMA COISA EM COMUM: sempre se dirigiam às casas “ONDE BATEM TAPETES”, pois ali, acreditavam elas: existia vida civil, havia uma família e reinava a paz.

E aqui paro e retorno pra 286, esta casa da Francisco Holanda.

Que reine a paz em nossas famílias e em nossas casas, e que nelas as portas estejam sempre abertas para receber nossos irmãos, amigos e, sem jamais se esquecer daqueles mais humildes.

Pois quando eles todos e todos vocês aqui vêm é porque sabem que a gente “BATE TAPETES”.

E você, André, foi muito importante pra que isso acontecesse e para que isso aconteça agora.

Você, como conversávamos ontem:

É um Privilégio!

AMOTU!


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Manhãs!





N
as manhãs que nos encontramos na 83, temos a oportunidade de olhar, por pouco não digo contemplar, à Aila tomando banho de sol.

Parece-nos que o tempo retorna em nossas mentes. São fantasias ou imaginações que circulam em nossas lembranças.

São sonhos que regressam. São manhãs que retornam.

Faz ela igualmente a caminhada de nossa mãe.

Depois, ou vem para junto de nós ou se encaminha ao seu quarto.

Há momentos que penso que ela atravessa uma enorme noite escura, uma triste experiência de renúncia, impotência, talvez, mas não consigo ver desespero.

Têm instantes nos quais vejo, com mais clareza, um semblante de paz, chego acreditar que algo vem de um horizonte onde reina o amor de Deus.

Por inúmeras ocasiões, em seu quarto, percebo que pela fenda da janela penetra uma luz.

Uma luz que cobre a penumbra!

Uma luz que afasta a sombra!

Uma luz que vence o isolamento!

E, nesse exato momento, faz-me perceber, no seu olhar, que ela conta com Ele através de nós.

Não seria exagero dizer que quem tiver tal experiência saiba desde já que se para ela faz bem, muito mais a nós fará.

Que Jesus Cristo nos inclua em seu falar com o Pai, e que Deus escute a Palavra de próprio Filho em nossas orações pra ela.

Amem!

Assim mesmo, sem acento, amem do verbo amar.

Amem, pois basta.



quarta-feira, 31 de julho de 2019

Nunca de mãos vazias



E
 depois de tanto tempo...

Quase um século se foi...

Hoje, passamos por momentos delicados.

A enfermidade da Dela se agrava. Não dá trégua.

São nessas horas, são nessas horas... que a Luz vence.

Sempre foram doadoras, e suas mãos nunca ficaram vazias, pois sempre tinha um de nós para receber.

E agora, mais do que nunca, suas mãos nunca mais ficarão vazias, pois se completam.

Acredito que Deus preparou esse momento pra elas. Acredito que Deus sempre tomou conta delas, e hoje, Ele mostra que elas são umas vencedoras e preferidas Dele.

Naquela casa, pra elas, em alguns momentos, foi abrigo; noutros, um refúgio; em outros ainda, um esconderijo, mas hoje, é um lar.  Uma fortaleza abençoada por Ele.

Momentos houve que andavam em caminhos paralelos, acredito que caminhos iluminados que não se cruzavam.

Nesses caminhos ficaram sementes, algumas entre lágrimas, que germinaram e criaram raízes e essas raízes se cruzaram, atravessaram de um lado a outro e se encontraram, e se entrelaçaram, sem que elas percebessem estavam unidas pelo bem, pelo imenso semeado.

Estão, enfim, unidas. Uma com todo carinho, e uma força que não sei de onde vem, cuidando da outra. A outra com um olhar de agradecida por ser cuidada.

Não digo que seja agradável vê-las assim, posto que nada na dor é afável, mas suaviza, e de certa forma, anima-nos, a união delas.

Bom domingo!


ME CALO...



I
CC, os médicos, as enfermeiras, os atendentes, os pacientes e seus familiares.

ICC, os corredores, a sala de espera, o atendimento, a sala de consulta e o cubículo de aplicação.

ICC, Ela!

Hoje, foi um dia duro para nossa irmã. Muito duro.

Ontem também foi um dia duro. Muito duro.

A semana vem pesada.

Dores!

Muitas consultas, exames diversos.

Eu admito, contudo, e admito de forma cabal, que não tenho competência de representar toda sua peregrinação. Difícil falar de dor.

Eu não captei, exatamente isso, da mesma forma também não consigo captar para vocês a tristeza e a agonia que sucede a cada momento, envolvendo tantos e variados sentimentos. Difícil falar de sofrimento.

Hoje, nada direi, mas emudeço, que é melhor que qualquer tentativa de dizer o que não se consegue dizer. Impraticável – ou me falta domínio – explicar a expressão de seus gestos. Difícil falar de agonia.

Quem pode dizer o que se passa aqui. Parafraseando algum alemão, como é que letras frias de um teclado do celular conseguirão alcançar e refletir essa celestial floração do espírito? Difícil falar de dor.

Emudeço, mesmo que não possa deixar de observar que tudo nessa nossa irmã é digno de pena e orgulho, de compaixão e altivez, de misericórdia e bravura. Combate ela o bom combate.

Não contarei como, enfim, Ela, nossa primogênita, passou por consultas e clínicas, caminhou por esses corredores, de sala em sala, em busca de conforto, de alívio e um pouco de consolação.

Descrevo apenas que ela não esta só nessa terapia, têm alguns senhores e algumas senhoras que fazem o mesmo tratamento, não diria que sejam íntimos, posso afirmar simplesmente que partilham da mesma dor e da mesma busca, são silenciosamente irmãos entre si.

Já se faz desnecessário afirmar que minha escrita é anêmica para pintar um quadro à altura do que se passa aqui com esses irmãos íntimos e silenciosos. Íntimos sim, emendo o que afirmei acima, direi sim, que são íntimos.

Além do mais como, questiono, como posso eu, um simples acompanhante das desventuras dessa gente conseguir dizer para vocês o que se passa nesse lugar?

Isto posto, como já tive a oportunidade de lhes esclarecer, reproduzo a modéstia do poeta: “falta-me pena e por esta razão me calo”.

Boa tarde a todos!


quinta-feira, 4 de julho de 2019

03.07.19


1
3h45m, na sala, esperávamos!

Em seus lábios, de quando em quando, esboçava um sorriso e, de imediato, um suspiro, todavia este era doloroso, enquanto aquele pedia paz.

Solicitava... quase que exigia... Paz!

Quietude, serenidade, sossego, tudo enfim.

Isso não significava que ela escolhia ficar sempre sozinha, que preferia o silêncio constante, pois sendo assim, era ainda mais triste, lhe trazia solidão, que é um “bicho grande e pisa forte”... e machuca.

Sei que todos nós precisamos de momentos só nossos, acredito que seja até necessário, espaços somente nossos, quem sabe que todos disso careçam.

Isso é um fato, mas quando a circunferência de seu mundo está se contraindo e o quotidiano desacelerava a cada fração de segundo, as coisas não são tão simples assim.
Compliquei?

Estou eu, segundo meu costume, embaraçando; e vocês, com toda razão, acharem que exagero.

Voltemos ao ICC, da consulta à aplicação, lá vai ela.

Lá dentro é aquele momento que se pede que desapareça – afasta de mim esse cálice– que não aconteça, ali onde o incômodo se faz lamento, ali onde se manifesta aquilo que se quer fugir

O corpo fala.

E lá fora, no corredor, eu via tudo, pois vejam vocês, parece que em determinado período o ouvido também enxerga.

O corpo enxerga.

Fico vendo... a espera do término. E por fim, vou ao seu encontro.

E aí ela, a Aila, devagarinho vem, e vem, e vem, e vem.

E vem o inesperado, aparece ela como que refletisse uma espécie de luz própria, para que vocês possam entender esse momento, é como se um brilho surgisse de repente na sombra.

“Que seja a Tua vontade e não a minha.”

E assim, voltamos à 83.

Boa tarde para todos!


sexta-feira, 21 de junho de 2019

- E o amor?




“-
S
abe o que é a amizade?

- Sei. É ser irmão e irmã, duas almas que se tocam sem se confundir, os dois dedos da mão.

- E o amor?

- Ah! O amor! É ser dois, sendo um só... se fundem como anjo. É o céu.”

Palavras de Victor Hugo, do “Corcunda...”.

É isso...

Ter amigos e amar é tudo uma escolha. Escolhamos, pois o bem.

E a melhor escolha acontece com o nascer do sol, ao nos levantarmos.

A propósito, levantar-se é uma arte. Levantar-se não é pular da cama. É abrir os olhos – dar aquela espreguiçada – e agradecer a Deus pela vida, pelo sol e por quem estar ao nosso lado.

Sim, pois à noite repartimos a mesma cama, dividimos o mesmo ar, e juntos compartilharemos o mesmo dia. É exatamente assim que nos fundimos como anjo e fazemos a vontade de Deus... “assim na terra como no céu”.

E ‘por quem estar ao nosso lado’, significa também, não necessariamente, estar de modo físico. Para estes a gente usa as redes sociais pra nos fundirmos, e agradecermos Àquele que nos permite alegrar-nos no abraço e na troca de carinho.

Bom dia!

sábado, 8 de junho de 2019

2805


D
epois de receber tantos carinhos neste grupo, noutros, no pessoal e por telefone, todos tão meigos, percebo quão minha vida é doce.

E sirvo-me desse doce!

Doce como a cana caiana (ou cana brava) cortada no canavial da baixa grande, que sobe nos lombos dos animais pra ser moída no engenho.

O qual vai despejar sua garapa no tanque.

Tanque que vai alimentar as caldeiras aquecidas pelo bagaço que mantém o fogo na fornalha.

E é nesse vai e vem nas caldeiras que se dá a dança da “garapa da cana de açúcar”, e que ferve o caldo.

Quando no “ponto” - que só a experiência de um mestre pode dizer - será derramado na gamela.

E aí, no meio da fumaça, que como o incenso exala seu perfume, é que se dá...
É que se dá...

É que se dá o “milagre do cheiro e do sabor”: do mel, da rapadura, da batida e do alfenim.

E, por analogia, mais ou menos assim, sirvo-me dessa vida doce como o mel... e transparente como a água que cai no “LE REVE”.

Adocemos o nosso dia-a-dia, o nosso coração e nossa alma.

Obrigado a todos!


UMA IRMÃ FORTE E DE ALMA NOBRE


H
oje escrevo como se falando fosse.

Digo tudo com uma voz igual e cadenciada, como naquele momento em que a água cai gota a gota.

Estamos aqui, xxxxx, fazendo o exame: ELETRONEUROMIOGRAFIA. Nome grande e complicado, duas longas horas de exame.

Mais um que Altair faz.

Mais uma solicitação do dr Tiago Feijó.

Mais um martírio pra ela.

Falo tudo isso pra vocês, para que vocês se sintam como estivessem na 83.

É importante estarmos juntos. Participarmos de “seus”momentos.

Isso implica diminuir distância.

Aumentar afeto.

Diante disso, com benevolência, nossa decisão, vale a redundância, é decisiva.

Deixemos acesa a chama da vida SOLIDÁRIA, não permitamos que nossos carvões ardentes cobram-se de cinzas, e possibilitem, portanto, que dia para dia tornemo-nos cada vez mais SOLITÁRIOS.

Sejamos amantes da vida, pois é assim que o Senhor nos conduz a nós.

Isso mesmo... nos conduz a nós.

Já agora no fim, sinto que minha voz torna-se mais grave e mais pausada, baixo o tom ao pronunciar a palavra “Altair”.

Estamos falando de uma irmã forte e de alma nobre.

Falo no entanto estas coisas na presunção de que me compreendam, de que sentirão... sentirão... sentirão.


Por fim, concluo, mantendo-me calado e sério; fim do exame, ela vem vindo.

Fim.