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á bem antes da aurora, ele já aboia a junta de bois.
A manhã traz na garoa o aroma do engenho.
É
o cheiro do papai!
E com ele a sinfonia da moagem.
Hê boi! Hê boi!
Berram os vaqueiros!
Esses gritos nos tiram da preguiça e de um pulo,
levantamos.
Falei gritos?
Que gritos, são sons suaves que serenam nossa manhã.
É
a voz do papai!
O dia promete ser agitado e os momentos seguramente
serão eternos.
A junta de bois há tempos dá voltas nas moendas.
A extrair da cana a garapa.
Fazendo a garapa descer como um riacho doce para o
tanque,
Que abastece o balé do caldo de cana que salta nas
caldeiras.
Dá tempo de melar os dedos na gamela e puxar
alfenim.
Antes que a mamãe nos chame para o café.
Dá sempre tempo de extrair enormes prazeres das pequenas
atividades.
As rapaduras começam a entupir o paiol.
Enchendo o papai de alegria.
A fornalha queima sem parar,
O calor da fornalha aquece as caldeiras.
Tem o calor que aquece nossa união.
É
o abraço do papai!
Fortalecendo nossa unidade, consolidando uma
comunhão familiar.
O bagaço de cana se estende no sol que nasce por
traz do mangueiral.
O dia com seu cheiro e seu doce está só começando.
Dia em que se bloqueia o mau humor e esmaga as
encrenca.
São dias assim que nos ensinam compartilhar.
Repartir o mesmo espaço da casa, do alpendre e do
engenho.
E dividir a mesma história.
Tudo é tão leve e doce, tudo é tão tranquilo e suave.
Tudo é tão belo e simples.
Tudo, tudo.
Os gestos são leves. O amor é gratuito, como deve ser.
Tudo é muito leve e doce.
Em tudo isso...
A
gente ver o papai!