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que é a 83? Quem são esses “bastoslino”?
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Somos uma equipe. Somos um time.
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Somos uma orquestra.
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Uma orquestra? Assim, de vários componentes?
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Exatamente.
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Que lindo, quem seriam os componentes? Como seriam distribuídos?
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Mais ou menos assim.
Imaginemos
tocando – não sejamos modestos – no BAC, nossa primeira apresentação. E dali
para o mundo.
As
cortinas se abrem, a luz fecha em cima daquela, daquela que vendeu o carro – ou
o carro escafedeu-se de tanto ser batido – vestia um longo, em tecido etéreo,
de uma tonalidade elegante, na cor verde água. Arrasou. Bom, ela saúda o
público, apresenta a ”Orquestra Bastoliniana”
e, antes de nossa apresentação, reza um terço com a plateia. Depois, volta para
seu lugar na orquestra e pega seu instrumento, o contrabaixo.
Alguém
com os Pratos de Choque acorda aquela, aquela que tem medo do caçula, estava
super feminina e delicada, com um colar ao contrário que valorizava as costas e
o penteado. Uma gata. De imediato, ela brinda o público com um lindo solo em
seu afinado Sax Barítono.
Logo
depois, aquela, a santinha, aquela do “Ploc!
Ploc!” exibindo um elegante vestido em tricoline, com manchos e pespontos
na cor uva, desce os degraus, vindo do bar. Lindíssima e elegantérrima, adentra,
com seu violino, ao palco solando a quinta sinfonia de Beethoven. O público, em
silêncio ovacionava com as batidas emocionadas do coração. Lágrimas de emoção
manchavam as maquiagens da sociedade baturiteense. Dona Terezinha era só
lágrimas.
No
final do solo, apagam-se as luzes e, lá do banheiro das mulheres, ainda no
escuro, surgem como as deusas do som: aquela, aquela que quer falar de futebol
com os irmãos, mas eles não deixam, optou por um vestido em sarja com elastano,
pregas na saia e bolso lateral. Simples, mas de muito bom gosto. Vem acompanhada
daquela, aquela, a caçulinha, que tem medo da Vivi, vem deslumbrante num
vestido polo Tommy Hilfiger, com ótimo caimento, que, sem nenhum esforço,
mostra toda sua classe e todo seu glamour. Pois bem, elas duas com seus
instrumentos – um violoncelo e um timabales – tocam uma melodia que nunca antes
se ouvira, de tão linda fez o Dr. Jussier e o Seu Wagner se emocionarem e chorarem
abraçados.
Para
agitar a grande noite e colocar pimenta na festa, aqueles dois, aqueles, o
bonitão e o defensor dos pobres e oprimidos, entraram vestidos com um macacão
todo colado ao corpo, indo do pescoço até os joelhos, sem mangas, listrado, em
tom pastel “nandiano”. Uma homenagem ao seu Nandi. Com suas guitarras
eletrizantes chamaram ao palco o Elvis do Beco do Cacete. Quem? Aquele, aquele
que depois do stent e com o pondera é uma irmã Dulce. Ele incendiou o BAC com
sua fantasia de Elvis Presley (Depois de muito trabalho, conseguimos na loja de
produtos infantis). Deixou o cabelo crescer e com duas longas costeletas estava
o próprio, todo se achando. Cantou vários sucessos, entre eles, Let Me Be Your
e All ShooK Up, mas foi com Hound Dog e seus trejeitos que o público veio
abaixo. O BAC ficou pequeno, tinha gente no muro da casa do Tio Pedro e da
Celestinha. A plateia, aos gritos, não se continha. Aqueles dois irmãos, os do
macacão colados ao corpo, solando e o Elvis dançando, levaram a cidade ao
êxtase. Dona Dami desceu às carreiras, passando pelo Seu Félix, gritou, vamos
que a noite é nossa. Até seu Wilson e Dona Marieta entraram no rock. Seu Dimas
era o mais animado, com a Dona Bernadete. Seu Pedroca, na janela, acompanhava
tudo com um largo sorriso.
Aquele
com os Pratos de Choque, aquele que acordou aquela... E aquela... Aquela outra...
Depois
eu conto!