sábado, 25 de maio de 2013

Orquestra Bastoliniana

- O
 que é a 83? Quem são esses “bastoslino”?

- Somos uma equipe. Somos um time.

- Somos uma orquestra.

- Uma orquestra? Assim, de vários componentes?

- Exatamente.

- Que lindo, quem seriam os componentes? Como seriam distribuídos?

- Mais ou menos assim.

Imaginemos tocando – não sejamos modestos – no BAC, nossa primeira apresentação. E dali para o mundo.

As cortinas se abrem, a luz fecha em cima daquela, daquela que vendeu o carro – ou o carro escafedeu-se de tanto ser batido – vestia um longo, em tecido etéreo, de uma tonalidade elegante, na cor verde água. Arrasou. Bom, ela saúda o público, apresenta a ”Orquestra Bastoliniana” e, antes de nossa apresentação, reza um terço com a plateia. Depois, volta para seu lugar na orquestra e pega seu instrumento, o contrabaixo.

Alguém com os Pratos de Choque acorda aquela, aquela que tem medo do caçula, estava super feminina e delicada, com um colar ao contrário que valorizava as costas e o penteado. Uma gata. De imediato, ela brinda o público com um lindo solo em seu afinado Sax Barítono.

Logo depois, aquela, a santinha, aquela do “Ploc! Ploc!” exibindo um elegante vestido em tricoline, com manchos e pespontos na cor uva, desce os degraus, vindo do bar. Lindíssima e elegantérrima, adentra, com seu violino, ao palco solando a quinta sinfonia de Beethoven. O público, em silêncio ovacionava com as batidas emocionadas do coração. Lágrimas de emoção manchavam as maquiagens da sociedade baturiteense. Dona Terezinha era só lágrimas.

No final do solo, apagam-se as luzes e, lá do banheiro das mulheres, ainda no escuro, surgem como as deusas do som: aquela, aquela que quer falar de futebol com os irmãos, mas eles não deixam, optou por um vestido em sarja com elastano, pregas na saia e bolso lateral. Simples, mas de muito bom gosto. Vem acompanhada daquela, aquela, a caçulinha, que tem medo da Vivi, vem deslumbrante num vestido polo Tommy Hilfiger, com ótimo caimento, que, sem nenhum esforço, mostra toda sua classe e todo seu glamour. Pois bem, elas duas com seus instrumentos – um violoncelo e um timabales – tocam uma melodia que nunca antes se ouvira, de tão linda fez o Dr. Jussier e o Seu Wagner se emocionarem e chorarem abraçados.

Para agitar a grande noite e colocar pimenta na festa, aqueles dois, aqueles, o bonitão e o defensor dos pobres e oprimidos, entraram vestidos com um macacão todo colado ao corpo, indo do pescoço até os joelhos, sem mangas, listrado, em tom pastel “nandiano”. Uma homenagem ao seu Nandi. Com suas guitarras eletrizantes chamaram ao palco o Elvis do Beco do Cacete. Quem? Aquele, aquele que depois do stent e com o pondera é uma irmã Dulce. Ele incendiou o BAC com sua fantasia de Elvis Presley (Depois de muito trabalho, conseguimos na loja de produtos infantis). Deixou o cabelo crescer e com duas longas costeletas estava o próprio, todo se achando. Cantou vários sucessos, entre eles, Let Me Be Your e All ShooK Up, mas foi com Hound Dog e seus trejeitos que o público veio abaixo. O BAC ficou pequeno, tinha gente no muro da casa do Tio Pedro e da Celestinha. A plateia, aos gritos, não se continha. Aqueles dois irmãos, os do macacão colados ao corpo, solando e o Elvis dançando, levaram a cidade ao êxtase. Dona Dami desceu às carreiras, passando pelo Seu Félix, gritou, vamos que a noite é nossa. Até seu Wilson e Dona Marieta entraram no rock. Seu Dimas era o mais animado, com a Dona Bernadete. Seu Pedroca, na janela, acompanhava tudo com um largo sorriso.

Aquele com os Pratos de Choque, aquele que acordou aquela... E aquela... Aquela outra...

Depois eu conto!




sexta-feira, 24 de maio de 2013

Calmofilase

P
ermitam-me, como uma introdução excitante e, portanto, sem sombra de controvérsia, enumerar algumas das muitas coisas que ocorrem a quase todos “oitentaetresianos” e em quase todo dia.

Tudo começa com uma boa conversa. Boas gargalhadas e brincadeiras. Assuntos amenos, conversa jogada fora. Com o andar da carruagem, passa-se, digamos assim, a uma acanhada discordância. Depois, a voz fica um pouco alterada e logo passa-se a interromper a frase do outro na metade, que, naturalmente, não gosta e ergue mais a voz. Pronto, virou uma confusão sem tamanho. O circo está armado. E o que era acabrunhado perdeu a vergonha.

Ninguém escuta ninguém. As vozes estão cada vez mais elevadas. As doses de café são mais constantes. O pão de milho começa a engasgar. Uns ficam de pé e outros mudam de cadeira. Tem gente que sai para fazer xixi, na verdade, tomar fôlego, mas já volta gritando e defendendo seu ponto de vista. A propósito, o que não falta é ponto de vista. Chega-se a um ponto que ninguém sabe mais de que lado está.

Nesse momento, vem a palavra mágica, ou melhor, a frase mágica, alguém no meio da gritaria, baixa o tom da voz e fala mansamente, quase sussurrando e, ingenuamente, pergunta para o mais exaltado:

- Calma, calma, você quer Calmofilase?

Calmofilase!? Que diabo é isso? Calma, isso é um tipo de calmante. Calmante é o nome que se dá aos medicamentos capazes de atenuar a atividade de cérebro, principalmente quando este fica em estado de excitação acima do normal. Perceberam? Fica “acima do normal!”. Do “normal!”. “Acima!”.

Entretanto, quando se oferece esse tipo de medicamento em determinada hora, em determinado local, para determinadas pessoas, o efeito é o contrário do que a bula segure.

Logo, essa sugestão, não tão bem intencionada, vem carregada de certa ironia, com uma boa dose de malícia e uma pitada de gozação. Ingredientes suficientes para elevar ainda mais o que já estava “acima do normal!”. Do “normal!”. “Acima!”.

Por fim, nunca mente alguma criada pode supor como possível, nem imaginar como factível, nem esperar como desfrutável que na oitenta e três, depois de todos esses “elementos adrelalináticos”, tudo possa voltar ao normal. Pois volta!

A propósito, calmofilase é um calmante que tem nome e sobrenome e é contra indicado para as reuniões da 83. Ou indicado?


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Que bom que voltou!


É
ramos amigos... foi assim... uma amizade instantânea, logo que o conheci gostei dele... Não era uma amizade de sempre mas parecia para sempre...

Gostava de sua companhia. Acordava mais cedo só para vê-lo, ria do seu bom humor, ficava emocionada com suas lembranças, os seus desabafos, sofria com suas experiências tristes e gostava de suas intervenções religiosas.

Às vezes, até dava palpites e ensaiava alguma coisa que o fizesse ficar mais tempo comigo... ele ficava ali ouvindo, acho até que sorria, mas dificilmente fazia um comentário. Não me incomodava, era tão bom ficar ali, na expectativa de sua prosa sempre saborosa... quero dizer que, às vezes, poucas, não concordava com o que dizia, mas isto não invalidava os pensamentos que pareciam querer convencer, mas não insistia, era só tentativa bem intencionada...

Não ia dormir sem lhe dar boa noite... de repente, notei que era uma parte importante de minha vida, não sei se gostei, não gosto de me prender assim, mas era tão gostoso que não fiz nada para mudar.

Assim como chegou foi saindo... devagar... já não eram tão assíduas suas visitas, mas compensava quando vinha... passavam dias, às vezes, semanas mas eu sabia que voltaria... agora não tenho certeza desta volta...

É assim a vida as pessoas, as coisas saem do nosso convívio, às vezes, porque queremos, às vezes, a nossa revelia e sei que é difícil permanecer para sempre, mas fica-se meio sem chão quando se retira uma parte de sua vida, principalmente quando é uma parte leve e bonita.

Foram anos buscando assim, buscando abrigo, aprovação, um colo talvez, mas assim como veio foi embora... se ainda me escuta quero dizer que gosto muito de você que é com relutância que digo adeus, o coração apertado, sofrido... acho que deveria até logo e quem sabe fazer um apelo:

- VOLTA BLOG!

Ana Lucia Lino


PS.: Este texto foi escrito algum tempo atrás, mesmo assim estou mandando para que ele pense bem antes de desaparecer... mas que bom ver que voltou... vigoroso, forte, brincalhão, delicioso... Um abraço, seja bem-vindo e que esta volta mesmo que não permanente seja sempre um traço de união, de alegria e de amoroso convívio.

Ana Lucia Lino




quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ovelha sem pastor!







A
ssisto, sempre que posso, o seu programa. É uma voz da minha Igreja que me consola, coloca nos trilhos, ensina, diverte sem arrogância, mas com simplicidade, sem concessão e com verdade.

Sempre quis entrar em contato, mas nunca achava que o assunto era relevante e assim ia adiando, mas hoje estou triste e desolada. Perdoe-me se tomo seu tempo para um desabafo, mas acho que hoje, agora você irmão é a única pessoa que me ouvirá.

Sou da paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e minha irmã da Paróquia São José da Lagoa. Em outubro de 2012 minha irmã viu seu sólido casamento de 48 anos ser abalado pelo diagnóstico de câncer do seu marido. Foram seis meses de sofrimento e angústia, que ela passou rezando e acreditando no milagre, que não aconteceu.

Meu cunhado era um homem bom, ia às missas nos domingos e dias santos, mas não era católico, não se confessava nem comungava, coisas que ele dizia fazer diretamente com o Pai.

Duas semanas antes de sua morte, minha irmã chorando procurou seu pároco para que visitasse seu marido para unção dos enfermos e ouviu uma promessa que não foi cumprida apesar dos recados deixados nos telefonemas não atendidos. O padre foi só quando ela chorando abraçava o corpo morto do marido, depois nem mais qualquer contato, nem mesmo quando se queria apenas uma autorização para celebração da missa de sétimo dia.

Semana passada, como sempre chorando, como é uma constante nos últimos quinze dias, ela pediu que um outro padre a ouvisse, por apenas cinco minutos, desta vez na igreja Santa Margarida Maria da lagoa, e a resposta:

- Estou atrasado para outra missa, volte amanhã.

Será que nossos pastores foram substituídos por funcionários que não se importam mais com as ovelhas e qualquer coisa é mais importante que a dor e que esta pode ser congelada e apresentada quando os sacerdotes estiverem sem mais nada para fazer.
Minha irmã carrega a dor de sua viuvez, agora acrescentada à dúvida de seu marido ter morrido sem assistência consoladora da Igreja. Desculpe a liberdade do desabafo.

Fique com Deus.

Sua irmã em Cristo,

Ana Lucia  Lino

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Ana Lucia  Lino

Paz!

Em primeiro lugar quero abraçá-la e prometer orações pelo seu cunhado.

Nunca duvide da misericórdia de Deus. A bondade de seu cunhado, o sofrimento pelo qual ele passou, o desejo de receber a Unção que não deram já nos dá a certeza de sua entrada na vida plena e de estar já no colo de Deus.

Isso sua irmã deve crer. Igreja somos todos nós e as orações que vocês fizeram, antes e depois de sua morte, penetraram sem dúvidas no coração do Pai. Acresce o dogma da Comunhão dos Santos em que TODOS os membros da Igreja rezam por TODOS, mesmo não se conhecendo. Eu também rezei por ele sem o saber.

Nem só os que confessam, ou comungam entram no paraíso. Entram aqueles que procuram, com coração sincero, encontrar a verdade. Os patriarcas e os profetas, os que amaram a Deus antes da Encarnação do Verbo não estão no céu? E não são santos? Seu cunhado, que até ia à Missa, creia falava mesmo direto com Deus. E Ele o escutava e o amava. Por isso não sofram por isso.

Os que, abandonando seus deveres prioritários, não lhe deram a assistência devida, esses sim prestarão contas ao Senhor num julgamento severo.

Devemos ter pena deles. Não merecem nossa preocupação e sim nossas orações para que se convertam.

Não somos católicos por causa dos padres e sim por causa do CRISTO que nos ama!
Abraço fraterno para você, sua irmã e família.

Deus lhes dê toda a consolação.

Diácono Vinicius


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ploc! Ploc!


E
 como fazer ou “tirar” esse som?

Prenda o ar na boca, pode continuar respirando pelo nariz, encha bem as bochechas – como se estivesse tocando um saxofone – e solte através de pequenos toques com a mão, uma mão para cada bochecha e uma de cada vez. Os dedos das mãos devem estar esticados e unidos. A cada toque dos dedos unidos na bochecha deve provocar um som, mais ou menos assim: Ploc! Ploc! Têm melhor resultado quando tocado alternadamente, direita, esquerda, direita, esquerda...

Isso que foi descrito aí em cima, é um gesto de: Não tou nem aí! Nem ligo! Pode falar! Fale a vontade! E eu com isso! Tou nem ligando!

É sinal puro de despreocupação, de desdenho, de desinteresse e desprezo.

Quando deve ser usado?

Aconselha-se usá-lo naqueles momentos que você não quer falar e nem discutir, ou seja, não tem o mínimo interesse de continuar o assunto. Você realmente não dá a menor importância ao seu interlocutor e não quer mais manter a conversa.

A alternância dos toques mostra a intensidade de seu desprezo. Assim como a velocidade. Esses detalhes, alternância e velocidade, são de suma importância. Melhor explicando, quando além de sua aversão ao assunto, você quer deixar claro que também “não dá a mínima” para quem fala, você deve manter uma lentidão em seus movimentos. Quanto mais lento, menos importância para o assunto e para a pessoa. E assim eles vão minando toda a autoridade da dita cuja que está lhe aporrinhando. Pense num negócio bom.

Mas cuidado, esse gesto de uma inocência aparente, tem um efeito terrível. Esses Ploc! Ploc! são ferinos, em algumas ocasiões deixam as pessoas tremendamente irritadas.
Quanto a quem faz os gestos não tem nenhuma contraindicação. Nunca se soube que alguém sofresse algum transtorno, contratempo ou perturbação por fazer uso desses Ploc! Ploc!

Como se percebe, esses Ploc! Ploc! valem mais do que palavras, não sabendo usá-los, melhor silenciar. A propósito, esses Ploc! Ploc! têm história com nome e sobrenome.


domingo, 19 de maio de 2013

Se ele falasse!


A
h! Quantos momentos a dor que me roía o corpo me impedia de gritar o amor que trazia dentro de mim.

E eu silenciava.

Mas o grito do meu silêncio foi pelo Senhor ouvido, pois o amor intenso desses meses me conduziu a Ti. O amor que só de Ti pode vir é o que me faz crer que não se pode chegar a Ti sem ele.

E Ele me escutou.

Um verdadeiro Pentecostes. Estávamos nós naquele apartamento de portas fechadas quando Ele chegou e me trouxe a paz. Disse Ele: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19b). Um dia o amor de Cristo nos uniu e agora o seu e o meu, o nosso amor, uniu-me definitivamente a Cristo.

O pequeno pastor não veio, mas o Bom Pastor não perde nenhuma de suas ovelhas, pois Ele ouviu o nosso silêncio. A ausência do pequeno pastor foi suprida, provida e aperfeiçoada com a presença de um anjo. Sim, “eu estava doente e cuidastes de mim” (Mt 25, 36).

Jesus deve ter olhado para seu anjo e perguntou: “Minha filha, filha de João, tu me amas?”. E ela respondeu com toda convicção: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus, tocando em seus poucos cabelos, disse-lhe: “Cuida dessa minha ovelha”.

E ela cuidou.

Ninguém poderia ter cuidado de mim melhor que meu anjo, portanto, fiquem na plena paz!




sábado, 18 de maio de 2013

“Dar uma banana!”


O
 que é uma banana?

Todos dirão que é uma fruta tropical, cultivada em mais de cem países, ou seja, em todas as regiões tropicais do planeta. Nasce de um caule subterrâneo e em sua parte superior formam belíssimos cachos, que juntos compõem uma penca. São fontes de vitaminas A, C e fortes em fibras e potássio.

Mas banana – “Dar uma banana!” – também pode ser um sinal. Um aceno de desagravo, de saco cheio, de aborrecimento. Falando claramente, é um “Vá à merda” em gesto.

Usado esporadicamente quando se está de saco cheio e alguém lhe fica aporrinhando. Uma ótima, melhor dizendo, uma excelente resposta para aqueles que dizem: Eu não disse. Eu já sabia. Era isso que você tava querendo?

Exemplificando. É quando você faz uma coisa errada e tinha sido advertido. Quem lhe advertiu, olha pra você e diz: Bem que eu disse! Nesse momento, você olha e faz o gesto “Dar uma banana!”. Não precisa dizer nada, nenhuma palavra.

E como é tal gesto?

É feito usando os dois braços. Inicialmente posicionam-se os braços segurando um arco imaginário, como se fosse lançar uma flecha. A mão esquerda fica esticada e a outra dobrada até o ombro direito. Em seguida, a mão direita, com o punho fechado, vai de encontro à esquerda que a recebe em estado côncavo. Nesse momento, isso é muito importante, você faz um rápido giro em sentido horário com a mão direita (a que está fechada) e, concomitantemente, a esquerda recua, deslizando pela parte inferior do braço que foi lançado, até o bíceps, parando a centímetros do sovaco ou das axilas, como queiram.

Ainda fazendo uma analogia com o lançar de uma flecha fictícia, a velocidade da mão direita indo em frente como uma flecha e a esquerda recuando como o cordão do arco, é importantíssimo, pois mostra seu grau de aborrecimento.

Você pode fazer “Dar uma banana!” lentamente, garantia de total controle. Sugere-se que use a pausa para olhar nos olhos da, digamos francamente, da vítima.

Inversamente, quanto mais veloz, ou seja, quanto mais rápido você “Dar uma banana!”, mais você está aborrecido, novamente sejamos franco, você está puto mesmo.

Em tempo, “Dar uma banana!” não é para qualquer um, que se pode fazer em qualquer lugar e em qualquer tempo. Necessita de personalidade. Acreditem, exige respeito. “Dar uma banana!” vem da tradição soledadeana, ou seja, remota de transmissão de práticas e valores seculares.

A bem da verdade, tem nome e sobrenome.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

“Vá à merda!”


É
 um termo que se deve saber usar. Não se pode vulgarizar empregando constantemente e por qualquer pessoa. Ele tem passado. Merece respeito. Tem sua dignidade e seu peso. Não é qualquer um que pode, simplesmente, abrir a boca e pronunciar tais palavras. Tem que saber usar o termo na tonalidade certa.

O “mer”, por exemplo, tem que ser demorado, a língua deve ficar apoiada nos dentes na parte interna da arcada inferior. Estou quase afirmando, essas palavras são mágicas.

Então, como e quando usá-lo?

Use no limite de sua paciência. De cara, faz bem para o coração. Quando alguém lhe irrita ao extremo, use-o. Empregue-o para alguém que está lhe torrando a paciência. Também podemos utilizar esse termo quando não temos mais argumento. É isso mesmo. Nosso poder de argumentação já  extrapolou. Seria, então, a última frase de nossa argumentação. Diríamos, mais ou menos assim:

- Sabe de uma coisa, ”Vá á merda!”.

Um outro momento é quando sentimos que estamos sendo “enrolados”, quando estão abusando de nossa confiança, nos embromando mesmo.

E o que acontece quando enchemos a boca e dizemos: “Vá à merda!”?

Ah! São palavras que confortam. De imediato, sente-se um alívio, um bem-estar. É passar a régua, lavar a alma. Suaviza as tensões e devolve a tranquilidade. Você vira o jogo, sai da pressão para o conforto.

Em alguns momentos é como se zerasse tudo, fosse um basta. A conversa volta noutros termos.

Em outras ocasiões, se coloca o interlocutor – ou interlocutores - no seu devido lugar. Aí não tem conversa mole, você se impõe.

Ele também pode ser usado sem o verbo: “À merda!”.

Recomenda-se usar a expressão abreviada quando se está com pressa ou não deseja continuar uma conversa desagradável. Quando alguém lhe cobra insistentemente uma atitude é aconselhável usar o termo sem o verbo.

Enfim, esse termo – quer abreviado ou não – tem suas características. Ele não pode ou não deve gerar uma intriga, motivar uma desunião ou causar um conflito. Sendo assim, nem todo mundo, repito, pode usá-lo.

Ele tem classe, tem até crase. Não basta pronunciar essa magia, tem que entender o valor desse termo e...

Merecer usá-lo, pois ele tem nome e sobrenome.


quinta-feira, 16 de maio de 2013




UM POEMA DE AMOR E SAUDADE
À minha amada  CÉLIA


Vivenciei com ela uma felicidade que transcendeu o etéreo.
Por que não pude viver mais tempo com ela?
A vida sem ela não faz sentido.
Era ela quem guiava meus caminhos.

Sem ela meus passos são incertos,
Incertos e sem sentidos.
Meu andar agora é claudicante.
Meus caminhos sem rumo e sem destino.

Aonde irei?

Ela era a luz que iluminava meu caminho,
Fazendo as noites cheias de calor e aconchego.
Hoje as noites são sombrias e frias.
O luar que cintilava, sobejando amor e poesia.
Hoje é apenas um luar perdido no espaço.

É difícil viver sem o afago de suas mãos,
Sem seu sorriso franco e cativante,
Sua voz romântica e carinhosa,
Sua alegria  contagiante e imutável.

O coração está triste.
Tudo parece monótono e sombrio,
Vazio e sem sentido.
Sem ela há dores que consomem  o corpo,
Dores que  atormentam a alma,
Dores que só eu sinto como dói.

Mas a dor nos ensina muitas coisas.
A crescer e compreender fatos,
De outra maneira, principalmente,
Que tudo termina.

A dor vai me ensinar a viver sozinho,
Com sua lembrança sempre.
Ela se foi, mas muito dela ficou,
E jamais haverá esquecimento.

Que Deus me conceda o poder
De não desanimar.
Que me sinta triste, mas nunca me falte
A coragem para prosseguir.
Que a vida continue linda
Como quando ela estava ao meu lado,
Que me volte o sorriso
No rosto e no coração.

Mas, eu imploro, Deus meu,
Que nunca me tire a
Saudade e a lembrança dela.

José Airles





segunda-feira, 6 de maio de 2013

TODOS OS DIAS DA NOSSA VIDA


“Um fio invisível conecta aqueles que estão destinados a encontrar-se,
independentemente do tempo, lugar ou circunstância.
 O fio pode esticar-se ou emaranhar-se, mas nunca romperá.”
 Provérbio chinês


F
alar do José Airles e da Célia, do Francisco e da Aglair, é falar da Aliança do Matrimônio. É falar desse Sacramento. Mas o que é esse Sacramento? Esse Sacramento é um sinal sensível, ou seja, que se pode sentir, ver e desejar, instituído por Jesus Cristo – aí já estamos saindo do domínio humano e entrando na esfera divina – com uma finalidade bem estabelecida: santificar e produzir graça.

Falar do José Airles e da Célia, do Francisco e da Aglair, é falar de uma Aliança firmada em dezembro de 64, numa perfeita fidelidade e numa indissolúvel unidade.

Naquele dezembro de 64, eles, José Airles e Célia, Francisco e Aglair, disseram palavras divinas, sagradas, imortais, eternas. Disseram: Eu te recebo. Eu te prometo ser fiel, eu prometo amar-te, eu prometo respeitar-te. Seja na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Enfim, o que Jesus Cristo estabeleceu seja para TODOS OS DIAS DE NOSSAS VIDAS, concluíram.

Quando o Criador instituiu que, nessa íntima comunhão eles, José Airles e Célia, Francisco e Aglair já não seriam mais dois, mas uma só carne, deu-se um vínculo sagrado.

E assim Eles viveriam, como um, pois a fé em Deus os uniu.

Pelo Sacramento do Matrimônio, o Espírito Santo uniu, definitivamente, José Airles e Célia, Francisco e Aglair, num amor inquebrantável. E o cultivo desse amor inquebrantável foi um exemplo vivo, fiel e constante para todos nós. Uma inspiração para todos os jovens casais.

Eles, José Airles e Célia, Francisco e Aglair, se casaram em Cristo, foram fieis à Palavra de Deus, viveram e testemunharam honestamente o mistério da união de Cristo.

Eles viveram honradamente aquilo que consta no Ritual do Matrimônio, que afirma:

“A Igreja une,
A doação confirma,
A bênção chancela,
Os anjos anunciam,
O Pai ratifica.”

Desde 64 esses dois casais são um. Sempre.

Que esse legado nos torne homens e mulheres capazes de vivermos o sacramento do matrimônio numa incondicional fidelidade; que essa vida vivida a dois, ou melhor, vivida a um, nos torne capazes de vivermos uma fé reta numa caridade perfeita; que essa herança nos ensine, queridos irmãos e irmãs, que o amor é para ser vivido todos os dias da nossa vida.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A NOSSA EDELWEISS


J
á faz algum tempo que venho acompanhando os meus tios queridos nesse momento tão difícil. Quando tudo começou, eu tinha como foco o prognóstico, os tratamentos, os efeitos, as dores... Tudo tão inesperado que chegou a paralisar. Eu ficava questionando como podia ser, assim, de uma hora para outra... Ficava lembrando essa mesma época do ano, no ano passado, quando tudo estava bem e como a vida, de repente, pode dar uma cambalhota e virar tudo de cabeça para baixo. Como tudo muda e viramos reféns de uma situação tão cruel e tão sofrida.

Mas, aos poucos, durante as visitas, comecei a mudar meu olhar. E passei a ver o quadro sob uma nova perspectiva. Não que isso pudesse transformar alguma coisa ou amenizar a minha tristeza. Mas me trouxe um consolo, uma paz e, ouso até dizer, certa felicidade. Felicidade sim, por estar diante de algo maior que tudo: maior que a doença, maior que a dor, maior que a tristeza e o sofrimento: o verdadeiro amor. Não aquele que a gente vê nos contos de fadas, em que todos são lindos, jovens e ricos. Não aquele amor de internet, em que todo mundo é “lindoooooo” e “suuuuuuuper feliz” e “amaaaaaaaa muuuuuuuito”. Não o amor que vem com uma declaração bonita, com flores e presentes. Não o amor que vem com a saúde, a disposição e as noites bem dormidas. Mas aquele que a gente jura no altar, diante de Deus. Aquele mesmo, na tristeza e na doença.

Faz tempo que eu queria escrever sobre esse AMOR e sobre ELA, que me inspirou, e sobre tudo que eu tenho testemunhado. Pois bem, agora tomei coragem. E foi por um acaso (mesmo) que mencionei coragem aqui, e justo a minha. Porque eu queria era falar da coragem dela. Alias, por uma incrível coincidência, alguém também falou sobre coragem esse dias. Acho que foi em um desses programas de televisão. Que a palavra coragem se origina do latim cor, que significa coração. E assim, agir com coragem é agir com o coração. Aprofundei a pesquisa e cheguei a um site que dizia: “O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido”. E achei que essas palavras se encaixam exatamente no que eu estou tentando dizer.

Os momentos são tristes, são duros. E ela está lá, cheia de coragem. Ela sofre e está lá. Ela chora e está lá. Ela sempre está lá. Se ele não consegue comer o que está ali, ela pensa, ela inventa, ela faz algo diferente. Se ele está com dor, ela está ali. Se ele não dorme, ela fica acordada. Ela se antecipa, ela providencia, ela cuida, ela vigia, ela vela. Mas não de qualquer jeito, cois que qualquer um poderia fazer. Mas do jeito dela. Jeito doce. Jeito de quem não se entrega, não desiste. Jeito de gente que não existe. Sabe? Jeito extraordinário. E simples. E cheio daquele amor, o da jura. Tão verdadeiro, tão imenso, tão reconhecível, tão imortal. Amor de companheira de uma vida inteira. E os olhos enchem d’água. E ela não sai dali. Não há festa, não há alegria, não há passeio. Ela está onde ela está. Se há tristeza, ela está triste, se há dor, ela a sente, se há melhora, ela acredita e vibra e sorri. Com ele e por ele. Por ele. Doação sem fim e sem limite. Coisa linda de se ver, por ser rara, por ser pura, por ser verdadeira, por ser amor. E quem diria que poderia haver beleza no meio dessa tristeza?

E é por tudo isso que eu escolhi esse título. “Edelweiss” é considerada a flor do amor eterno, e só brota nos Alpes europeus. O padre Clairton falou sobre ela no meu casamento e eu jamais esqueci. “Frágil e linda como um raro cristal, essa flor nos mostra que, mesmo diante das maiores adversidades, a beleza pode se desenvolver e brilhar. É uma espécie de flor rústica, que suporta os mais severos invernos.”

Edel, em alemão, significa nobre, valiosa, generosa, única. E Weiss significa branca.

E eu acabei descobrindo, quase nove anos depois, que existe um exemplar dessa flor às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. A ELA eu dedico esse texto.

Naninha
27.04.13