segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A HISTÓRIA VERDADEIRA DA VIAGEM


PREFÁCIO

D
epois de uma exaustiva pesquisa de horas, dias  de conversas, depoimentos, entrevistas: a verdade prevaleceu. Por isso, contarei o que realmente aconteceu.

Eis a história.

Viagem palavra mágica, que mexe com nosso imaginário, que passam os dias esperando para aproveitá-la. A primeira sensação que sentimos é de alegria, depois vem uma sensação de ansiedade, angústia, noite mal dormida, inteiramente fascinada pela aventura.

Esta viagem seria a realização plena, o máximo para a Lucinha e a Nenen: conhecer Ipueira das Pedras. Era o descobrimento de um novo horizonte, o resultado desta experiência iria construir raízes profundas nelas, passaria diante dos olhos com um filme.

Mamãe no seu esmero até exagerado, nas suas preocupações, cuidadosamente, tinha preparado tudo, tintim por tintim, nos trinques, nada faltaria àquelas pequenas, quer no visual, quer no bem estar. Pois seria uma longa viagem. Teriam que percorrer 140 km de ida e volta, debaixo do sol escaldante do sertão cearense.
A burra Carioca estava selada, com um alforje marca Dior, de um lado, as bebidas em garrafas térmicas: água mineral, café, leite e coca cola e, do outro lado, as guloseimas: toddynho, yakute, pão de forma, maionese e ketchup.

Papai colocara sobre a sela um coxim grande – feito a mão pela Altair – que se estendia até a garupa, para maior conforto delas.

Chegara a hora da partida, as duas estavam tão bonitinhas e charmosas: cabelos penteados tipo Maria Chiquinha, vestindo Calven Kein Jeans, com lindos tênis Nike coloridos e a pele brilhando por causa do protetor solar da Avon. Papai estava elegantíssimo: chapéu, bota cano longo da Couro Fino e um conjunto de calça e camisa azuis da De Rossi.

Depois da Mamãe apresentar as últimas recomendações : Seu Lino não se esqueça do celular para dar notícias e passe o repelente Baygon toda noite nas meninas.

A Carioca toda faceira saiu numa espécie de marcha/galope. Papai na sua calma, fumando seu Marlboro e as duas cantando Yesterday. Não faltaram sorrisos, lagrimas, by by e as últimas recomendações da Mamãe.
A primeira parada para descanso foi no Parque Paraíso das Araras, vestidas de biquínis de bolinhas amarelinhas da Safári. Já bronzeadas, fizeram a festa no córrego e suas cachoeiras, terminando com uma baita merenda – somente faltou o pão de milho da 83 – numa relva verdejante.

Prosseguindo a viagem, almoçaram e dormiram no Hotel La Maison e cedinho chegaram à cidade de Canindé.

Papai aproveitou para mostrar os pontos turísticos: Catedral e estátua de São Francisco, Casa dos Milagres, Praça dos Romeiros. Comeram uma pizza na D’Itália e seguiram viagem. Nenen, num arroubo de coragem e ímpeto, resolveu acompanhar a pé durante vários quilômetros o galope da Carioca.

Finalmente, Ipueira das Pedras. Tiveram uma recepção pomposa e calorosa na chegada, em frente ao jardim florido da mansão, estavam o Tio Rufino, Tia Elionora, primo Cleviro, o administrador da fazenda, Seu Baiano – velho conhecido da Aila – e os vaqueiros vestidos de gibões tipo Luiz Gonzaga. Abraços, beijos e boas vindas.

À noite, depois de um lauto jantar, Papai, Tio Rufino e Cleviro foram assistir o Jornal Nacional numa 42 polegadas, sob o luar do sertão e os piscas piscas das estrelas clareando o jardim de verão, parecia até um dia de sol. Tia Elionora, Lucinha e Nenen conversavam alegremente.

Hora de dormir. Subiram para a suíte preparada especialmente para elas, decorada em tom róseo, com ar condicionado e chuveiro de água quente. Com o cantar das asas brancas e o famoso papagaio chamando seus nomes, acordaram para a viagem de regresso, pois os compromissos do Papai não permitiriam passar mais dias. Nessa hora há uma mistura de sentimentos, a tristeza da partida e a alegria da volta.

O ápice, fechando com chave de ouro, a surpresa do Tio Rufino para sua querida afilhada, o presente de uma vaquinha branca de nome Cambraia. Lucinha não pode conter as lágrimas e, na sua alegria de criança, resolveu voltar para Soledade montada na sua vaquinha, provocando uma gargalhada geral.

A volta contarei em outra ocasião.

Arino Bastos

sábado, 29 de outubro de 2011

Aguente firme

Quando a dor chegar,
Aguente firme.

Quando a lágrima surgir,
Aguente firme.

Quando a fé vacilar,
Aguente firme.

Quando já não suportar,
Aguente firme.

Quando não conseguir sorrir,
Aguente firme.

Quando tudo parecer desabar,
Aguente firme.

Quando a solidão vier,
Aguente firme.

Quando a esperança diminuir,
Aguente firme.

Quando o sonho acabar,
Aguente firme.

Quando for difícil seguir,
Aguente firme.

 Aguente firme, sempre haverá um amanhecer, um recomeço, um olhar,uma voz, um sopro. Deus está sempre perto.
Seja qual for a situação.
Aguente firme.

Ana Lucia Lino

31º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Mt 23, 1-12 – 30.10.11

M
alaquias denuncia uma comunidade desanimada, apática e descrente, por culpa dos sacerdotes. Isto leva a um afastamento de Deus.

Paulo relembra uma situação oposta, ou seja, o respeito e sobretudo o testemunho de vida daqueles que evangelizaram os tessalonincesses. E ressalta as qualidades do verdadeiro missionário: amor, ternura, humildade, simplicidade e serviço. Estes levam a comunidade para os caminhos de Jesus.

O Evangelho está conectado à 1º Leitura. Critica com dureza as lideranças espirituais. Aqueles que em nome de Deus buscam promoção pessoal, falam e não praticam aquilo que ensinam.

Jesus, neste evangelho, nos faz lembrar a realidade em que vivemos, com propostas e valores que se contrapõem às propostas e valores do Reino.

Prometem uma felicidade apoiada no poder, numa posição social, num reconhecimento vulgar. É um espaço onde a mentira e a incoerência destroem a paz nos coração de homens e mulheres, roubando a verdadeira alegria e serenidade.

A mensagem de Jesus não se apóia na aparência, mas na simplicidade, na humildade e na retidão.

Enfim, a celebração eucarística de hoje abomina terminantemente a hipocrisia.

Anaíres 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Carinho maior não há!


Porque, algumas vezes,
o melhor remédio,
é o carinho,
como dessas mãos
da Tilitinha e da Potoca.

Foto de Ana Lúcia Lino

Quem você vê? (ou Quem vê você?)


H
oje, eu vi você passeando na praça.
É lá onde eu durmo, mas você nem me viu.

Hoje, eu vi você andando com seu cachorrinho.
Eu estava lá, mas você nem me viu.

Hoje, eu vi você entrando na Igreja.
Eu tava na porta, mas você nem me viu.

Hoje, eu quis ser o seu cachorrinho.
Assim você me via.

Quem você vê além de você e do seu cachorrinho?
Se você não olha para seu irmão, por que vai para a Igreja?
A Igreja é a casa de irmãos.

3MRF

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A grande viagem (ou a volta dos que não foram).


U
ma menininha de 6 anos de tanto ouvir Conto de Fadas, Estória de Troncoso e Canção de Ninar, na inocência de seu sono, um dia sonhou:

“Que tinha um casal que morava numa casinha num recanto muito escondido na Serra de Baturité. O casal lutava com muita dificuldade para criar os 11 filhos. A mãe costurava, bordava, varria a casa, fazia alimentação da família e muitos outros fazeres para manter a família.

Eram felizes.

Ano após anos era uma luta incessante. O Pai tinha um doméstico. Ia dormir exausta. O pai trabalhava na agricultura de “sol a sol” para tirar recursos irmão casado, sem filho, que morava no Sertão de Canindé.

Então,  um dia, o pai pensou em levar dois filhos para passarem uma temporada com o tio e assim aliviar as despesas. Mesmo com os protestos da mãe que achava que não ia dar certo.

Selou um burro, chamado Cardão, e pegou  duas filhas: as mais raquíticas e choronas. Se era para passar uma temporada sem as filhas que fossem as mais trabalhosas.

Colocou uma na “lua da sela” e a outra na “garupa” e partiram numa manhã fria de verão.

Andaram... andaram... andaram...

E depois de 60 metros e 3 longos minutos depois, a que ia na garupa começou a “deslizar pela popa” e, logicamente, a chorar. O pai com muita austeridade disse pra “molenga”:

- Agora você vai a pé!

E continuaram a viagem. Era moleza. A casa do irmão distava apenas 12 léguas , ou seja, 72 km dali.  Ela a pé parecia uma “cachorrinha pequinês” correndo atrás da montaria.

E andaram...e andaram...e andaram.

E depois de longos 30 metros e já avistando a casa do primeiro morador, o pai verificou que a criança não ia agüentar, pois já estava com a “ língua de fora” e algo escorria pela canelinha fina.  Mais que depressa, desistiu e resolveu voltar.

Tudo foi por “água abaixo”.

Além do goro da empreitada ainda teve de ouvir da mulher aquela frase que os derrotados  nunca toleram:

- Eu num disse!

Passado o trauma e mais calmo o pai resolveu redobrar seus esforços e criar as duas “quase enjeitadas”. Alguns tempos depois as duas já “maiorzinhas’, o pai achando que foi um milagre elas “se criarem”, chamou seu compadre Godô Catirina, o melhor carpinteiro da região, e mandou esculpir em madeira as figuras das duas “enjeitadas”. Ele foi pessoalmente a Canindé colocar as duas figuras na Sala de Milagres da Basílica de S. Francisco. Depois agradeceu o Santo pelo milagre”.

Nisso a criança acordou pela mãe chamando para tomar o “gomoso” da manhã. Ela verificou que estava toda molhada, sem saber se do suor do sonho ou urinada.

Ainda hoje, passado mais de meio século, aquela criança sofre o trauma daquele sonho(ou pesadelo?). Vive contando, convicta, que tudo aquilo foi realidade. O que faz lembrar um verso de Alvarenga Peixoto:

Quem fala escreve no ar
Sem por vírgulas nem pontos
E pode quem conta os contos
Mil pontos acrescentar

ZédoLino


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Meu tipo inesquecível!



E
xistia na "Seleções" uma seção "meu tipo inesquecível", que eu adorava.

Eram sempre pessoas comuns que por algum motivo marcaram quem as retratava. Eram depoimentos comoventes, cheios de gratidão. Sempre me enterneciam.

Tenho um tipo inesquecível e participo com alegria a graça de sua convivência.

Seu dia começa cedo, ainda escuro levanta, faz café e vai varrendo os arredores, ajeitando as cadeiras, depois fica ali sentada com o jornal dobrado à mesa nos esperando.

Assim acolhedora, pacífica e sempre disponível recebe a todos que chegam ruidosos tomando todos espaços, enquanto ela fica sorrindo e assumindo o seu papel preferido, coadjuvante ela pensa, mas essencial sabemos.

É tão simples, nunca se queixa, nunca reclama, nunca está triste que erroneamente pensamos que esta sempre bem e raramente oferecemos o ombro, o abraço para que também descanse.

É um porto seguro, a confidente confiável de todos, sofre, se aflige e fica em silêncio ouvindo e se fala alguma coisa o faz mansamente, serenamente diminuindo a nossa aflição, nos deixando melhor, nos ajudando a prosseguir.

Faz isto tão naturalmente que pensamos não lhe custa nada, nenhum esforço, nenhum trabalho; mas quando fica só recolhe a dor que agora também é sua e vai rezar, pedir a Virgem o auxilio. E as duas Marias, do silêncio, do serviço, da presença, ficam juntas intercedendo por aquele que precisa. E pede pelo emprego de um, o vestibular do outro, pela saúde, pelo casamento, pela viagem, por tantas coisas... acho que nunca pede por ela.

Sua casa é tão de todos que frequentemente esquecemos que é dela e a usamos como nossa, dando ordens, fazendo mudança sem pedir licença porque ela nos permite esta liberdade e de modo tão natural que pensamos mérito nosso.

Aprendeu a aceitar as pessoas como são, escutando com o coração e com a alma, sem querer mudar ninguém, sem ser autoritária, sem reagir mesmo quando agredida.

É daquelas pessoas que nunca pensam em si, acha natural estar sempre nos bastidores, que fica feliz com isto, que poupa para ter quando alguém precisa e o faz quase anonimamente e muito feliz por ter ajudado.

Por sua serenidade, equilíbrio e amizade foi determinante na minha vida, esteve presente em todas grandes decisões de adulta; participou com apoio moral e financeiro quando resolvi morar sozinha e fazer faculdade.

Foi ela que me deu o anel de formatura indispensável na época, foi com ela que me aconselhei quando resolvi casar e morar no Rio, não sei se o teria feito sem o seu apoio.

Até hoje é a ela que procuro quando não tenho certeza de alguma decisão ou quando a paixão não me dá serenidade para ver a saída ou quando quero compartilhar uma grande alegria.

Por tudo isto e por mais um milhão de motivos é que eu declaro: Altair você é meu tipo inesquecível e eu te amo.

Ana Lucia Lino



domingo, 23 de outubro de 2011

Esses filhos não somos irmãos!


Um dia eu estava na Igreja.

Lá num cantinho.

Eu vi todo mundo rezando o Pai nosso.

Tava todo mundo de mãos dadas.

Uma mulher pegou na minha mão,

Mas nem olhou pra mim.

Mas ninguém olhava pra ninguém.

Era somente de mãos dadas.

Depois soltaram as mãos e continuaram como estranhos.

Mas diziam “Pai Nosso”.

Eu acho que o Pai é de todos,

Mas esses filhos não somos irmãos não.


3MRF


sábado, 22 de outubro de 2011

30º DOMINDO DO TEMPO COMUM


23.10.2011 – Mt 22,34-40

O
 tema da liturgia deste domingo é o amor como centro da experiência cristã.

O Livro do Êxodo nos adverte que não podemos ficar alheios ou nos sentirmos desresponsabilizados diante do sofrimento e da injustiça praticada aos mais fracos.

Paulo imitou Cristo e anunciou o Evangelho, daí porque os tessalonicenses sustentaram a fé em Deus e propagou-a por toda parte, não obstante dificuldades e hostilidades sofridas por parte dos judeus.

É isto que Jesus nos pede hoje, testemunho de vida. Procuremos a cada domingo avançar um passo, que por pequeno que seja nos garante o seguimento de Jesus.

Quem é este próximo que tenho dificuldade em amar? Os frutos desta reflexão pode ser um divisor de águas, um marco...

Amar a Deus é viver como Ele quer que vivamos, ou seja, amando-nos uns aos outros.

 “Amar a Deus e ao próximo” não é só o mais importante, mas é a raiz de todos os outros mandamentos. 

Nele está a totalidade da proposta de Deus para os homens.

Jesus fala de um amor sem limites, que não distingue entre bons e maus, amigos e inimigos.

Ele não estava preocupado em definir um código de atribuições e proibições. Mas, como dizia Santo Agostinho: “ama e faze tudo”.

Anaíres Lino



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DELE ninguém escapa!


E
u me escondo nas esquinas e debaixo das marquises,
Você foge para as mansões e em cima das coberturas,


Mas DELE ninguém escapa.

Você não me ver como irmão,
Eu não lhe enxergo como mano.
Nós não nos amamos.
Por isso não nos perdoamos.

E ELE guia suas ovelhas,
Mas nós temos caminhos diferentes.
Pior.
Temos caminhos opostos.
A quem ELE guia?
Pois DELE ninguém escapa.

3MRF


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lotação completa!



Fazendo a rota
"Gonçalves Ledo / Aeroporto"
e "Aeroporto /  Gonçalves Ledo",
sempre muito prestativa.
Valeu! 


Fotos que valem mil palavras




Igreja do Catolé
Foto tirada por nossa fotógrafa oficial do Blog: Ana Lúcia Lino


Estamos sempre no azul!

É

um assunto recorrente, mas a vida é recorrente e afinal é sempre bom falar de amor, de saudade e de lembranças.

Vir, estar no Ceara é mais que uma viagem, é retroceder no tempo, é fonte de energia, é sentir, como diria o Tizim, mera retórica. Estamos sempre recordando, discordando, vivendo.

Um dia estamos no plenário da 83 jogando conversa fora, discutindo o sexo dos anjos, falando miolo de pote... com uma seriedade... Parece até que estamos sempre decidindo o futuro do mundo, apesar de tudo terminar com sonoras gargalhadas ou um bater do pobre portão, tantas vezes consertado quantas vezes a acalorada discussão nos faça perder o senso.

É gostoso no outro dia apesar de contarmos com ausência de algum pela despedida intempestiva, abrirmos o portão encontrarmos o sorriso misto de amizade e desculpa... e começamos tudo de novo...

Outro dia, já estamos na varanda do Saboeiro vendo a revoada das garças, deitados em redes que se balançam ao sabor do vento, comendo naquela mesa farta, se deliciando com a acolhida carinhosa, leve; jogando o stress nas águas do açude, no canto dos pássaros, no mugir dos bois, nas flores multicoloridas...

Um pouco de tempo e já estamos na Soledade, subindo e descendo nas estradas que nos levam à moagem, ao olho d'água, no Catolé, ao meu lindo terreno... ouvindo as risadas gostosas do anfitrião, participando do sorteio de prendas caprichadas da dona da casa no intervalo  do estafante exercício do come-dorme, no silêncio absoluto, só possível neste lugar privilegiado.

E o que dizer do Pacheco, com seu sol, sua música, cajueiros, coqueiros onde brincam macaquinhos e onde passamos horas na varanda à beira da piscina, falando desde mistérios teológicos até a mais trivial receita culinária e parando tudo no mais reverencial silêncio para ver um bebê roliço tomar uma mamadeira quase do seu tamanho...

É por tudo isto que o João diz que por mais que haja divergências de opinião ou uma zanga boba estamos sempre no azul...

Gente obrigada a todos, saudade, beijos pra todos.

Ana Lucia Lino 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A SAGA DE UMA HEROÍNA - 2ª. Parte –

A vida não era fácil
Teve muito que arcar
Naqueles tempos era dureza
Uma família procriar

Tudo era atrasado
Faltavam os essenciais
Os recursos disponíveis
Eram mais artesanais

Os filhos foram nascendo
Um ano sim outro não
Mas criá-los não era simples
Naqueles tempos de antão

A vida era penosa
Para uma família manter
Precisa muita fibra
Desprendimento e querer

Não existia saúde
Muito menos hospital
Os poucos que havia
Eram lá na capital

Se médico era “peça rara”
Muito mais medicamentos
Pra curar eram  chazinhos
Ou então com “rezamento”

Hoje a ciência moderna
Trouxe mais facilidade
Para curar uma doença
Já não há dificuldade

Agora se vai à farmácia
Compra fraldas descartáveis
Antes eram cueiros
Sempre reutilizáveis

Engomar estes cueiros
Era trabalho pesado
Pois o ferro era à brasa
Difícil ser esquentado

Hoje tem as sopinhas
Que já vêm pré-cozidas
Compra-se nos mercantil
E bastam ser aquecidas


ZedoLino


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Me perdoa!


A
 dor do rato que me morde os pés,
O sofrimento do frio da noite que me golpeia o corpo,
O escuro da madrugada que me tira o sono,
Nada se compara a sua indiferença.

A fome que maltrata meu estômago,
A sede que me prega a língua,
A falta de comida que me faz chorar,
Nada se compara a sua indiferença.

A dor do cassetete do soldado que me fere o rosto,
O pedaço de vidro que na briga me corta a carne,
O ciúme da companheira que me sangra as costas,
Nada se compara a sua indiferença.

Perdoa meu Pai pelas minhas maldades,
Perdoa meu Pai por não perdoar eles,
Perdoa por ser duplamente pequeno.
Sou teu filho pecador.
Me perdoa.

3MRF



domingo, 16 de outubro de 2011

AMANHECER


É
 madrugada, silenciosa e calma. A escuridão ainda predomina, reina a paz. Aproveito este momento para orar, tomar banho, beber um café novinho e um cigarro.

Depois, observo por detrás da vidraçaria de minha janela o acinzentado do firmamento, que pouco a pouco vai mudando para um azul brilhante.

É o nascer do sol entre nuvens, refletindo os raios de luz inebriante.

É o começo de um novo dia.

Fico contemplando o céu tão lindo pela manhã, mostrando este esplendor do sol nascente.
Quando vejo a natureza e esta grandiosa harmonia, como não agradecer a Deus.

É Deus nos tirando da escuridão das trevas e nos dando a luz da vida. Talvez seja este momento a melhor versão da liberdade, do amor.

E neste momento de tranqüilidade e serenidade passageira fico a refletir: Deus nos dá o nascer e por do sol, a natureza com toda sua beleza, nos ensina a amar, tudo isto gratuitamente.

E seus filhos amados vão na contramão da construção de um mundo mais belo, mais hospitaleiro, mais feliz, que valha a pena viver a vida.

Pois, para nós o importante é brilhar, mesmo que seja um brilho fácil e ofuscado pelo sensacionalismo e pelo não servir.

Nosso egoísmo e nossa busca de grandeza nos fazem perder a capacidade de agir e ouvir o coração.

Esquecemos que não fomos criados para o egoísmo, mas para o amor; não fomos criados para a vaidade, mas para a modéstia; não fomos criados para a morte, mas para a vida.

E nessa arrogância cheia de grandeza, aqui e ali, nos enchemos de uma pressuposta sabedoria e arriscamos a dar lição aos nossos irmãos e exigimos deles aquilo que nós mesmos não conquistamos, ainda.

Não nos damos conta de que ninguém pertence a ninguém e não podemos ser donos dos desejos, das vontades, dos sonhos e pensamentos de quem quer que seja.

O nosso sol não é tão brilhante como pensamos ser, que nesta vida tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém.

Corremos um risco muito grande quando colocamos os bens no lugar do Bem, o pessoal no lugar da pessoa, o homem no lugar de Deus.

O amor não é apenas um sentimento, é uma ação. Quando você ama faz algo pela pessoa amada, acrescenta a vida dela, muda o mundo dela.

E, raramente isto acontece.

Enquanto não tivermos esta consciência e não formos humildes e simples como foi nosso Redentor, estaremos na contramão.

Arino Lino


sábado, 15 de outubro de 2011

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM

16.10.11 – MT 22,15-21

É
 maravilhoso saber que: a moeda é cunhada com a imagem de César, portando é de César, nós somos criados à imagem de Deus, portanto somos de Deus.

Na 1ª leitura, deste domingo, o profeta Isaias diz que Deus é o único Senhor da história, portanto é Ele que nos conduz rumo à felicidade e à realização plena.

As pessoas são, apenas, instrumento de Deus para que Seus planos se realizem. Um exemplo é Ciro, que mesmo sem saber (pois ele não fazia parte do Povo eleito, era pagão, não conhecia Javé), fez parte do projeto de salvação e libertação de seu Povo.

Isto mostra duas questões fundamentais: primeiramente, ninguém tem monopólio de Deus. Ele chama quem quer, quando e como quiser; em segundo lugar, nos dá a garantia de que Deus nunca nos abandona, mesmo quando suas intervenções não são entendidas à luz da lógica humana.

Deus se manifesta, também, na comunidade cristã de Tessalônica. É o que diz Paulo: “a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza de vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo”. 

No Evangelho Jesus nos chama atenção para que sejamos cidadãos exemplares: respeite a lei, cumpra suas obrigações, não se envolva em esquema de corrupção, não infrinja as regras legalmente constituídas.

Viver com os pés no mundo, mas com o olhar em Deus.

Ser instrumento nas mãos de Deus para a construção de uma sociedade menos perversa, mais humana, mais fraterna, mais justa.

Defender em nós e nos outros a dignidade de filhas (os) de Deus.

É urgente, voltar-se para Deus e redescobrir sua centralidade em nossas vidas.

Anaíres Lino


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A identidade secreta da Mulher Maravilha


C
om minha mãe posso dizer que tenho uma relação única.

Somos completamente diferentes e, ao mesmo tempo, incrivelmente parecidas e eu nem sei dizer exatamente onde as diferenças terminam e as semelhanças começam.

Sempre admirei muito a minha mãe, a força que eu não sei de onde ela tira. Esse espírito de luta, de justiça que ela tem diante da vida que lembra aqueles peixinhos que nadam contra a corrente para desovar, porque têm uma missão, tem alguma coisa esperando do outro lado e eles carregam essa certeza dentro de si.

Nunca a vi em cima do muro. Ou está de um lado ou está do outro. E defende o seu lado como uma leoa diante da cria. Mas também dá o braço a torcer e muda se estiver errada.

Ela não tenta ser o que não é. Ela é isso tudo mesmo que todo mundo vê. Sempre igual, sempre sincera, autêntica, alegre. Todo mundo sabe o que ela pensa. Ela agrada sem esforço, porque agrada quando gosta, de verdade.

Por outro lado, e ao mesmo tempo, exibe uma calma contagiante diante dos momentos mais graves, mais difíceis, daqueles que a gente não sabe o que fazer, olha pra cima e procura enxergar uma luz, uma saída. Eu olho pra cima e para o lado. Ela sempre está lá. Mesmo quando não quer estar.

Lembro de quando eu ainda morava em casa. Nos meus piores momentos, quando eu chegava arrasada, cansada, desiludida, ela entrava no meu quarto e dizia: "Seja qual for a sua escolha, eu vou estar aqui", às vezes abrindo mão das próprias convicções pra me confortar.

E era aquilo que me dava fôlego pra continuar a caminhada. Talvez ela não saiba, não sei, mas tudo o que ela pensa e fala tem um peso enorme pra mim. E quando ela pensa diferente eu me sinto péssima, porque sei que na maioria das vezes ela tem razão.

Eu queria muito ser igual a ela, mas sei que não sou. Sou muito mais desesperada, acontece alguma coisa e eu corro pro telefone. Chamo marido, mãe, polícia. Nunca vi a mamãe chamar ninguém. Ela sempre resolve tudo sozinha. Tudo dela e tudo dos outros.

Hoje eu sei muito mais do que eu sabia. Minha mãe se parece mais comigo do que eu podia supor. Tão frágil, tão sensível, tão medrosa quanto eu. Mas com uma capacidade incrível de agir e fazer com que todo mundo pense o contrário. Fiquei angustiada quando descobri que a mamãe chorava também, mas não mostrava pra ninguém. Algumas vezes ela mesma me confidenciou, anos, décadas depois. Outras, eu mesma vi, mas foram pouquíssimas, umas duas vezes na vida. Uma delas foi quando a Tia Altair enfartou. Eu já era casada.

Também nunca vi a minha mãe ficar sem levantar da cama de manhã. Nunca. Ela sempre levanta, sempre faz o que tem que fazer. É uma grande companheira, de todas as horas. Não se lamenta. Esconde as próprias dores em benefício do desabafo alheio. Largou a carreira. Priorizou a família. E nunca reclamou, pelo contrário: é uma mulher realizada e cheia de vida, de energia boa.

É cheia de graça.

A minha mãe nunca perdeu o gosto. Por nada. Ela se renova, se refaz, se levanta tão rápido, que ninguém fica sabendo que ela caiu. Ela é pura doação. E é por tudo isso que eu acho a minha mãe incrível. Uma heroína de carne e osso. E é por isso também que eu venho dizer que podemos trocar de vez em quando. E oferecer o meu colo de amor sem fim pra ELA repousar quando for preciso.

Te amo mãe! Feliz Aniversário!

Joaninha