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empre
que a levo ao hospital – ela faz um tratamento especial – diz que tem “pena de
mim” pelo sacrifício de acompanhá-la.
Ledo
engano.
Cada
vez que a acompanho, só faço aprender e crescer. Agradeço a Deus a oportunidade
de poder estar com ela naquele ambiente, naquela atmosfera.
Pois
junto dela, outras pessoas também fazem seus tratamentos, que muitas vezes
duram a manhã inteira e uma parte da tarde. A sala de espera e o local das
aplicações ficam cheios de pacientes com seus acompanhantes, na maioria das
vezes, idosos. Alguns bastante velhos.
Lembram-se
de quando falei que agradecia a Deus pela oportunidade.
Pois
bem.
Nesse
clima hospitalar se testemunha os verdadeiros valores evangélicos. Ama-se com o
coração.
Hoje
mesmo, vi uma jovem, não tinha mais de vinte anos, com um idoso (acredito que
seu avô) numa cadeira de rodas, tinha um curativo no rosto. Ela segurava sua
mão, alisava carinhosamente seu braço e o olhava com imenso carinho.
Não
longe de mim, um casal de idade avançada, como diria Frei Betto, na idade
eterna. Ela a paciente. Ele o acompanhante. Ela com um andar arrastado e com as
mãos trêmulas foi à máquina de café e trouxe um copo para ele. Ela foi ao
banheiro e ele ficou à porta, voltaram e sentaram juntinhos. Ele recita alguma
coisa que não consigo ouvir, parece-me que reza.
No
local das aplicações, encontro um senhor deitado na cama tomando seu
medicamento. Sentado ao lado, numa cadeira, fazendo tricô, sua acompanhante.
Não
os distingo sua religião. Mas percebo neles muito bem sua espiritualidade. Se aquela
se faz numa instituição, esta se mostra por sua vivência. A outra promete vida
eterna, a espiritualidade a antecipa.
São
essas manifestações de carinho e amor que nos faz acreditar que verdadeiramente
somos irmãos, herdeiros da graça.
Assim
somos nós. Paciente e acompanhante. Uma ganhando mais vida e o outro mudando
seu jeito de ver a vida.
Por
fim, alguma transformação causa em mim em cada dia que vou ao ICC.