terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Saga de uma beradeira 3


S
hiltach é uma cidade de uns 30 mil habitantes, contornada por dois rios, com lindas pontes, muito arborizada, quase sem carros que param ao menor movimento do pedestre de atravessar a rua.

Há um século atrás foi quase totalmente destruída por fogo e reconstruída com fidelidade pelos próprios moradores. Ela se tornou o nosso ponto de apoio enquanto conhecíamos as cidades vizinhas.

Shiltach me apresentou ao silêncio e a neve. Não imaginava existir o silêncio absoluto, um lugar em que o silêncio é algo que lhe penetra na mente e enche a alma. Quando a noite se fazia presente, com três horas de antecipação, penetrávamos num silêncio que não era quebrado por vozes ou cantos de pássaros ou som de ventos, tic tac de relógio, barulho de algum eletrodoméstico, nada absolutamente nada se fazia ouvir. Era só o silêncio nos oferecendo a oportunidade única de uma meditação profunda, de se colocar mente, alma e coração em contato com o Pai.

A neve foi outra experiência inesquecível. Como fazia todas as manhãs, saí para tirar fotografias e encontrei a neve, parecia uma poeira delicada, que se deitava suavemente a qualquer obstáculo e ficava ali, se acumulando pintando tudo de branco. Era lindo. Era neve, tão inofensiva se sobrepondo umas às outras até formar uma camada densa, mas flexível que mais tarde se transformava em um bloco sólido quase inquebrantável.

É quase inevitável a comparação com a fé. Acho que a fé é assim: são pequenos desejos, pequenos atos que no dia a dia vão se juntando até formar um bloco, que mesmo descongelando aqui e ali num trabalho contínuo, outros pedaços vão se acrescentando. Tornando mais forte a cada dia.

Neste dia, Deus estava feito criança, se mostrando. Primeiro mostrou a neve caindo pintando tudo de branco, depois Ele mandou o sol e o reflexo de luz naquele branco, enfim, transformou o que era lindo em algo de tirar o fôlego.

Depois veio a neblina. Era difícil dizer o que era mais bonito... era como se dissesse viu do que sou capaz, como podem não acreditar em mim.

Bom, acho que as outras cidades vão ficar para depois... e as gafes também...

Ana Lucia Lino

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Saga de uma beradeira 2


R
othenburg, cidade do Natal, um sonho para quem é fanática por enfeites de natal como eu... entrei na primeira loja, munida de uma cesta e com a maior disposição... era enlouquecedor... prateleiras e mais prateleiras com anjos, papais Noel, bolas, sinos, pisca-piscas... fiquei sem fôlego e na impossibilidade de percorrer todo esse mundo mágico e na incapacidade de escolher entre tantas ofertas maravilhosas, larguei a minha cestinha e resolvi tomar um bom chocolate quente com uma deliciosa torta de frutas vermelhas e depois um  cafezinho claro.

Conservo na retina aquela cidade coberta de luzes com um coral que na frente da Igreja cantava suavemente músicas natalinas.

Dia seguinte, de carro, seguimos para o destino final: Schiltach. Uma pequena cidade, do tamanho de Baturité, no sul da Alemanha, na floresta negra, perto dos Alpes. A floresta é uma coisa espetacular, são pinheiros altíssimos, muito juntos que dão a dimensão do impenetrável, a sensação da solidão e segurança.

O nosso Natal foi uma noite bem intimista, sem presentes, uma ceia frugal, com desejo real de mudança, de recolhimento. É interessante, quando os filhos saem de casa, criam suas estradas, modificam o modo de viver, mas nós, os pais, continuamos a olhá-los como se ainda fossem as mesmas criaturinhas que pomos no mundo e no assustamos com suas colocações maduras e mudanças adquiridas desde que deixaram o ninho. É lindo. É maravilhoso saborear o fruto do plantio.

Quando nos reunimos, vários dias em um mesmo ambiente, tomando refeições juntos, direcionando os interesses para um mesmo foco, nos damos conta que o bem coletivo é muito mais importante que o individual, que o ganho é maior, que a alegria de estarmos juntos é muito mais importante que algum interesse contrariado e seguimos muito mais fortes e unidos, embora com certeza vá trazer muito mais saudade.

Voltando a Schiltach, é interessante notar como essas cidades do sul da Alemanha têm as mesmas características: conservam os paralelepípedos de séculos atrás, não têm calçadas, pouco trânsito, sem polícia nas ruas, sem garis e sem lixo. Nos supermercados você só consegue retirar o carrinho se colocar nele uma moeda o que lhe obriga a trazê-lo de volta para recuperar sua moeda. As frutas e legumes são pesadas pela própria pessoa, bastando digitar  número correspondente ao  produto e que vai de 1 a 100. Não há filas nos caixas, apenas duas, porque as máquinas são rapidíssimas. Não há carne de gado, só porco, frango, peixe e pato. Nas farmácias vendem tudo, lápis, balança, caderno, meias... é uma festa.

Bom por hoje é só... se houver ibope... volto... 

Ana Lucia Lino   

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Saga de uma beradeira


N
o dia 20 de dezembro iniciamos uma viagem com o coração cheio de sonhos e a cabeça repleta de expectativas... A realidade absorvendo a fantasia. Encaramos um Galeão, cheio, confuso, mas conhecido... Tiramos de letra. Conexão São Paulo...

Começa a aventura, oito pessoas atravessando o maior aeroporto do país, super cheio, com avisos ineficientes até encontrarmos uma enorme fila em zig zag, para caber na pequena sala, (onde ficamos 55minutos) e terminava em dois guichês, onde mostrávamos o passaporte... Inevitável pensar: imagine na copa... Finalmente, bem instalados, ansiosos esperamos mais 02h05min, dentro do avião... Pane no radar... Imagine na copa...

Voo tranquilo... visão deslumbrante dos Alpes... Frankfurt. Aí se tem o primeiro  impacto... a diferença... a frieza do europeu... nada do calor humano de uma boa fila, tudo rápido na migração... depois nenhuma ansiedade, aquela expectativa na devolução da bagagem; será que extraviou, vai demorar, alguém violou... nada disso... sua mala está intacta e já com ar de enfado, lhe esperando...

Bom... pé na estrada... zero grau, vento frio, mas carro quentinho... estrada bem sinalizada,s em engarrafamento e em 45min chegamos a Spofhen, uma pequena cidade no centro da Alemanha. Parece de brinquedo... linda, cheia de luz e como todas as pequenas cidades alemãs tem uma magnífica infraestrutura, bons cafés e restaurantes, supermercados, igrejas... Conheci uma igreja, São Victor, um pouco maior, porque mais larga, que a de São Pedro... minha intenção era rezar já que era véspera de Natal, mas fiquei observando três senhores de meia idade (um era o padre) tentando levantar um enorme pinheiro ao lado do altar, era comovente ver aquele senhores naquele esforço com a maior devoção como que fazendo uma oferenda... chegou então uma senhora com uma enorme caixa de onde retirava cuidadosamente lindos enfeites e colocava na arvore... não cheguei a ver o resultado final, tive que sair e no dia seguinte encontrei-a fechada.

A próxima descoberta foi conhecer uma cidade que só vende artigos de Natal durante o ano inteiro e nessa época fica indescritível, mas aí já é outra historia...

Ana Lucia Lino

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Na Alemanha com a família!


A
qui uma experiência maravilhosa em todos os sentidos: humana, cultural  e de grande beleza. Renderá bons textos quando voltar. Saudades.
Beijos em todos.

Lucinha Lino

Os 10 Mais!


E
u seria uma pessoa referenciada se Deus tivesse me dado, dos meus irmãos, estas qualidades:

- o amor a Deus da AILA
- a paciência da  ALTAIR
- a mansidão da AGLAIR
- a ingenuidade da AINES
- a fraternidade do AIRTON
- a assiduidade do ARINO
- a inteligência da LÚCIA
- o dinamismo da ANAIRES
-  o espírito conciliatório do JOÃO LINO
- a solidariedade da ÂNGELA

Mas Deus me deu a capacidade de admirá-las.

ZédoLino