ão posso negar que sou um saudosista. Não consigo empurrar a saudade para longe. Daí porque continuo a recordar os bons tempos.
E, na roda do tempo, vem à memória a querida Baturité.
Era uma cidade que existia no interior do Ceará. No seu apogeu era conhecida nacionalmente pela cultura, educação, esporte, lazer. Mormente pelos colégios Salesiano, Salesiana e Jesuítas, referência de ensino em todo Nordeste.
Tinha os famosos clubes sociais: Balneário, AABB e BAC e uma seleção de futsal que fora bi-campeões do intermunicipal. No quesito beleza, ela tinha: praças com jardins floridos, benjamins com formatos de animais, avião e canteiros centrais nas ruas. Era bem arborizada. Tudo era tão bem cuidado que dava um ar de beleza e encantamento.
Porém os ataques de “tsunamis”, os abalos sísmicos, não produzidos pela natureza, mas por incompetentes administradores, hoje é uma cidade morta, arrasada, virou escombros.
Como posso esquecer-me dos anos dourados em Baturité? Quando era invadida por “gatinhas” e “gatões” vindos, principalmente de Fortaleza, passar as férias em casa de parentes.
Época da explosão do Rock e Iê, Iê, Iê, da moda mini-saia, boca-de-sino, camisas coloridas, calças apertadas, sapatos plataforma, cavalo-de-pau, brilhantina Glostora, do pente, espelhinho no bolso. Êta! Tempinho gostoso. Como posso esquecer as pracinhas à noite, onde mais parecia um formigueiro. Eram mocinhas e rapazes para todos os gostos.
Era ali o começo de tudo, os primeiros olhares, os primeiros flertes (ou paqueras), que davam continuidade nas tertúlias do BAC, ao som de uma radiola, com Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriane, Beatles, ou ao vivo com os “The Mais” (do Dim). Era um verdadeiro arraso. Lá se podia escolher a parceira com a clássica pergunta: “quer me dá o prazer desta dança? As mais cobiçadas botavam uma certa “banca”, para se mostrarem difíceis, as outras rapidamente aceitavam, pois era comum o “chá de cadeira”.
Às vezes as músicas eram frenéticas e quando acontecia de tocar músicas suaves, ai já sabia eram rostos colados, amor selado.
Era tudo diferente, incomparável aos tempos de agora. Dominava o amor, paz, sem brigas, confusão ou drogas. Quem teve o privilégio de pertencer a esta juventude sadia, na época em Baturité, cheia de emoções e divertimentos, guarda no fundo do coração esta saudade indelével.
Para comprovar, pergunte à Clélia e a Anaíres, que tiveram participação ativa. Elas eram “arroz de festa”, pés de valsa. E cúmplices quando saiam em direção ao Colégio Salesiano para paquerar o Stênio e o Ratinho, encostadas em um “Poste”.
Elas sabem do que eu falo, porque também guardam estas lembranças.
Bicho! É uma brasa, mora! By, by... huuuuuuuuuuuuuuum.
A r i n o L i n o