domingo, 14 de abril de 2019

Três perguntas!


Três perguntas!

T
em um livrinho dos melhores contos dos escritores russos, grandes mestres.
Uma maravilha essa seleção de contos.

Tem um especialmente, de Liev Tolstói, as três perguntas.

Me faz lembrar a Lucinha, nesse março e abril de dezenove.

Conta-se que um imperador daria uma grande recompensa quem respondesse as perguntas:

Qual é o maior momento para qualquer coisa?

Quais são as pessoas mais importantes em qualquer trabalho?

Qual é a coisa mais importante a fazer em qualquer momento?

Inúmeras foram as respostas, incontáveis tentativas, todas em vão. Ninguém conseguiu responder satisfatoriamente.

Por fim, um eremita fez com que o próprio imperador respondesse suas perguntas.

Voltando à nossa irmã.

Em relação a primeira pergunta, o momento mais importante da Lucinha foi ‘o agora’, ficar com a Altair. É único, é aquele momento que não se pode deixar pra depois. É quando exercemos nosso ‘ser’ samaritano. É aí onde existe a grandeza, pois a verdade se junta à simplicidade e a bondade.

E a pessoa mais importante? A Lucinha viu que ela aquela que estava diante dela, a Altair. Passou a ser seu compromisso. E quando me refiro a compromisso, quero dizer que se estabeleceu fidelidade, algo que somente acontece sob o feitio de um relacionamento amoroso.

E, resultante da segunda, vem a terceira.

Que a Lucinha também respondeu, dizendo em sua ação, que o que vale na vida é fazer feliz a pessoa que está ali, ao nosso lado.

É isso!

Santa Semana Santa pra todos!


sexta-feira, 12 de abril de 2019

NOS CORREDORES DO ICC!



V
endo nossa irmã aqui e agora.

Fico olhando sua mão se abrir e fechar-se.

Me parece dizer alguma coisa.

Faz-me lembrar dos tempos de nossos pais e dos dias atuais.

O lá e o agora.

Lá, nós formávamos um punho fechado. Unidos, fortes e parceiros.

Saboreávamos essa união.

Como bem queriam nossos pais.

Agora, nossos dedos estão abertos como que separados e... distantes.

Aquilo que seria oportunidade de crescimento, momento de fortificar nossas amizades,
ocasião de amadurecer nossos melhores sentimentos, nos apequenamos.

Acho que nos perdemos quando fomos “soltos”.

Não conseguimos conviver com nossas diferenças, com nossas escolhas, com nossas opções etc.

Pequenas fissuras se transformaram em enormes rachaduras.

Confundimos tudo.

Não que assim sempre somos, mas nalgumas vezes estamos.

E continuo a olhar sua mão se abrir e fechar-se. Lembro-me do que é e do se foi.

E vejo que a gente “abriu mão” do essencial, da paz que nos une.




Nos corredores do ICC


E
stá ela ali, sentada, tomando sua quimioterapia.

Hoje, duas drogas, um pouco mais demorado.

Olhos baixos!

Não consigo mais fitá-los, com frequência, como fazia.

Quando alcanço seu olhar, vejo o reflexo da dor, da alma.

De uma boa alma! Triste e bondosa.

Diz-se que pela alma da cria chega-se ao corpo da mãe.

Certamente, chego à 83.

Pra nós, com um templo; pra muitos, especial; pra poucos, uma casa.

E agora, vem um sentimento que me faz pensar:

Será que a 83 sempre reuniu e reúne pessoas boas e especiais?

Ou será que são pessoas normais que se tornam especiais por andarem na 83?

Vou ficando por aqui, pois, também se diz, que falar muito é como mijar contra o vento.


quinta-feira, 11 de abril de 2019

NOS CORREDORES DO ICC


N
alguns momentos, a gente tem a oportunidade de ser um cálice.

Vejo ali, num cubículo, elas, Aila e Aglair.

Uma, a dor; outra, a doçura.

Penso naquela gente da 83.

Assim, vai se construindo uma comunhão com misericórdia.

Miser é dor, corde é coração.

Sentir no coração a dor do outro.

E como e quando isso se estabelece?

Quando alguém busca tua presença, quando precisa de teu braço, quando necessita de teu ombro e carece de teu colo.

Que maravilhoso é poder estar perto e estender a mão, oferecer um ombro afetuoso e acomodar no colo.

Hora que nos é dada de entornar vinho e derramar óleo.

Isso não é sacrifício, nem penitência, nem aborrecimento, mas oportunidade que Deus nos dá.

Isso é uma brecha na nossa vida para que sejamos morada Dele e do irmão. Pois nos parece muito difícil, quiçá impossível, ser morada Dele sem o irmão.

Nessa ocasião, sinta-se “como um cálice precioso a receber o vinho sagrado que é Deus”.

Permitam-nos reconhecer: que bela imagem buscamos de Leonardo Boff.

E se você sentir ser o recipiente do Pai boníssimo, você se permitiu que o Senhor faça comunhão contigo e faça em ti a sua morada.

Isso sobrevém sempre num encontro de dor e doçura.

É muito bom saber que não estamos falando de culto, nem de ritos, nem de doutrinas e nem de celebrações; estamos nos referindo a responsabilidade e cuidado como atitude fundamental.

E é precisamente naquele momento, que quando se olha para nosso irmão ou irmã, nossa fé faz saber que Deus está nos esperando com vinho sagrado.

Que bela oportunidade... ser um cálice!


PORES DO SOL



M
exendo e remexendo nos meus babilaques, encontrei:

Fim de tarde, estamos aqui na ponte dos franceses.

Esperando a noitinha chegar. Nada mais belo do que o sol do fim do dia. E falo do sol da Praia de Iracema. Acredito que existam muitos pores do sol bonitos, mas pouquíssimos são tão belos como o de Iracema.

Bela oportunidade que temos de apreciar esse exagero de beleza.

São momentos únicos, se vacilarmos perderemos a oportunidade.

E aí, relendo esse pequeno texto, escrito n’algum momento...

Vem-me o sentimento de agradecer a natureza. E esse sentido de gratidão me toca o coração e me faz lembrar de  ti, Altair.

E quando invadido por esse sentido profundo de gratidão, questiono.

Como não andas?

Se sempre seguimos seus passos.

Como não consegues se levantar?

Se sempre estendestes as mãos pra nos erguer.

Parece que agora temos nós a oportunidade de fazer um pouco contigo o que na vida fizestes por nós. Oportunidades que nós não criamos, mas certamente vamos segurar.

Não que agora sejas dependente, mas temos um pretexto para reconhecer e retribuir.

Oportunidade, como dito acima, não se deixa pra depois, não se transfere para amanhã.

Não se adia.

É como aquele sol do fim do dia, se vacilar, perde.

Estamos juntos.