segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Vai não!


- Vai não!

- Vai não!

Disse a Aila, naquele abraço.

Foi assim a despedida da Aglair e da Aila.

Do portão, vimos um abraço tão carinhoso, tão doce, tão apaixonado.

Vimos também lágrimas, lágrimas nas duas.

Quando vimos lágrimas no rosto da Aila, percebemos que estava ela dizendo o que já não conseguia mais balbuciar.

Na Aglair notamos seus olhos cheios de lágrimas que igualmente lhe impediam de falar, mas deixavam uma certeza:

- conte comigo, minha irmã.

As dores das enfermidades, aplicações que não acabam, um tratamento sem fim, não tiraram da Aila seus melhores sentimentos, aqueles que se revelam no coração e se traduzem nas ações, tivemos certeza disso naquelas lágrimas.

Mulheres de sorte, que se abraçam e sentem saudades, ainda choram... uma pela outra.

Lá do portão, sorrimos sem jeito, Ana e eu, com os olhos lagrimejantes.

E antes de bater o portão, ainda ouvimos um leve murmúrio:

- Vai não!


- Vai não!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Hoje tem moagem!



J
á bem antes da aurora, ele já aboia a junta de bois.

A manhã traz na garoa o aroma do engenho.

É o cheiro do papai!

E com ele a sinfonia da moagem.

Hê boi! Hê boi!

Berram os vaqueiros!

Esses gritos nos tiram da preguiça e de um pulo, levantamos.

Falei gritos?

Que gritos, são sons suaves que serenam nossa manhã.

É a voz do papai!

O dia promete ser agitado e os momentos seguramente serão eternos.

A junta de bois há tempos dá voltas nas moendas.

A extrair da cana a garapa.

Fazendo a garapa descer como um riacho doce para o tanque,

Que abastece o balé do caldo de cana que salta nas caldeiras.

Dá tempo de melar os dedos na gamela e puxar alfenim.

Antes que a mamãe nos chame para o café.

Dá sempre tempo de extrair enormes prazeres das pequenas atividades.

As rapaduras começam a entupir o paiol.

Enchendo o papai de alegria.

A fornalha queima sem parar,

O calor da fornalha aquece as caldeiras.

Tem o calor que aquece nossa união.

É o abraço do papai!

Fortalecendo nossa unidade, consolidando uma comunhão familiar.

O bagaço de cana se estende no sol que nasce por traz do mangueiral.

O dia com seu cheiro e seu doce está só começando.

Dia em que se bloqueia o mau humor e esmaga as encrenca.

São dias assim que nos ensinam compartilhar.

Repartir o mesmo espaço da casa, do alpendre e do engenho.

E dividir a mesma história.

Tudo é tão leve e doce, tudo é tão tranquilo e suave.

Tudo é tão belo e simples.

Tudo, tudo.

Os gestos são leves. O amor é gratuito, como deve ser.

Tudo é muito leve e doce.

Em tudo isso...


A gente ver o papai!


segunda-feira, 22 de maio de 2017

DERRETO-ME DE AMOR POR VOCÊ!


  
Q
UALQUER GRAÇA SUA,
GRITO E ME ENVAIDEÇO!

QUALQUER SORRISO QUE LHE SAI,
BROTO E APAREÇO!

QUALQUER LÁGRIMA QUE LHE CAI,
LAMENTO E DESVANEÇO!

SE VOCÊ SE MACHUCA,
EU APAGO E ME DERRETO!

MAS ESSE APERTO LOGO SE ESVAI
PORQUE DEUS MOSTRA TODO O AMOR
QUE ELE LHE TEM E QUER:
É O ACALENTO DOCE DO COLO DO PAI.

É PURO AMOR DE DEUS,
QUE CRIA, PROVÊ E ABENÇOA

UM AMOR QUE EM MIM TOCA E RESSOA
E ME FAZ VER:
MEU DEUS, COMO EU AMO VOCÊ!

HOJE, PELA DOR, ME DERRETO DE VEZ,
AMANHÃ, PELO BÁLSAMO, ME SATISFAÇO,
NÃO PELO QUE FIZ E FAÇO,
MAS PELO QUE O SENHOR FAZ E FEZ!


terça-feira, 11 de abril de 2017

Um rio e... Jesus Cristo!

Um
 rio, suas águas límpidas correm preguiçosamente, levam consigo flores, não muitas, algumas, para ser exato: oito.

Descem esse rio da vida os sete filhos de Dourinha, vão eles se fazendo ao longo da vida, deixando atrás de si um valioso legado.

Herança, que rica herança, cheia de lutas ganhas e perdidas, de alegrias e tristezas, de valores profundos intocáveis, de uma dimensão espiritual que se revelou na sensibilidade, na compaixão e no amor gratuito.

Jesus Cristo, sua principal missão foi mostrar que Deus é bom, bom e misericordioso e que Ele é Pai, um Pai bom, que podemos até chamá-lo de paizinho “Abba!”.

E esse Pai bom, esse paizinho, encontra o rio e suas flores. Flores que O amaram e por sobre as águas sempre navegaram ao Seu encontro. Amor previamente correspondido pelo Pai, que no seu tempo as acolheu, uma a uma.

Hoje, acolheu a derradeira. Como nas anteriores, mergulhou suas mãos nas águas cristalinas e recolheu com toda suavidade. A trouxe para perto de si e face a face, como que sorrindo, disse: Vinde a mim!

No credo diz-se “na comunhão dos santos”, e nisso eu creio.


João Lino