segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Vai um café!


Q
uando adolescente gostava de uma música do Marcos Valle que dizia: não confie em ninguém com mais de 30... eu acrescentaria, não confie em ninguém que não goste de café...

Só me sinto pronta para enfrentar a luta do dia a dia depois do café, um golinho que seja. É impossível acontecer algo que seja proveitoso, inteligente ou interessante antes daquele ritual gostoso de colocar na xícara essa grande invenção culinária, adoçar e depois mexer vagarosamente e enfim solve-la sentindo o prazer insubstituível dessa bebida.

É uma combinação de temperatura, cheiro e sabor indescritíveis.

Posso já ter passeado com o cachorro, olhado as manchetes dos jornais, falado rapidamente com algumas pessoas, mas só começo realmente o dia depois de uma boa xícara de café.

É mais que um hábito, é uma filosofia de vida.

Café não é só um líquido escuro, que já foi branco quando flor e vermelho na maturidade, café é pausa, é conversa, é confidência, é pretexto, é enrolada no trabalho, é ritual. Café agrega, inicia, termina, alivia a angústia, aumenta a alegria, repõe a energia, diminui o cansaço, levanta o ânimo.

Santo remédio.

É democrático, se deixa acompanhar por qualquer coisa: doce, salgada, pode ser um simples pão francês, uma tapioca, um cuscuz, um bolo de laranja ou chocolate, pode vir sozinho. Não se faz de rogado, faz o que se quer e como se quer...

É dócil, sempre se comporta bem, se deixa misturar com leite, com chantilly, com álcool, com chocolate. Podem chamá-lo de cappuccino, frapé, encorpado, carioca, maqueatto... ele segue adiante com um sorriso maroto, compreensivo... dos que não tem nada a temer.

Não perde a pose tanto faz estar num copo de geleia ou num limoge, vem com toda galhardia, consciente de seu poder, da sua aceitação, da capacidade de agradar a todas as camadas sociais.

Pode vir fresquinho ou numa garrafa térmica azul, jorrando e enchendo sem parar copinhos de vidro.

Maravilha.

Tomar um cafezinho pode ser um convite de encontro que nunca acontecerá, de cortesia ou um apelo sincero para um agradável encontro, um afável papo que se converte em um longa, reveladora e inesquecível conversa.

Um cafezinho é uma desculpa para se ir ao aeroporto e tomar várias xícaras com deliciosos pães de queijo bem baratinhos.

Enfim, com sua docilidade, acolhida vai costurando amizades, tecendo planos, criando sonhos, fechando contratos. Quem o esnoba não sabe o que está perdendo, mas nunca é tarde:

- Aceita um cafezinho?

Ana Lúcia Lino

domingo, 28 de outubro de 2012

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM


28.10.2012 -  Mc 10,46-52

A
 liturgia de hoje fala da meta do homem de ganhar a vida plena, que só pode ser atingida aderindo a Jesus.

A primeira leitura nos fala de Deus, como um Pai sensível, preocupado e atento aos cuidados de seus filhos. Esta Palavra garante que não estamos sozinhos frente aos nossos dramas e sofrimentos. Resta-nos reconhecer a sua presença, na maioria das vezes discreta.

O autor da segunda leitura nos convida a apreciar o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência, que veio ao mundo para mudar o coração dos homens e aproximá-los de Deus. A proximidade e intimidade de Jesus com o Pai junto com sua humanidade, torna-O o perfeito mediador, capaz de estabelecer definitivamente a comunhão entre Deus e os homens.

O Evangelho fala-nos de um cego. Cego na teologia são os pecadores, malditos, impuros, longe de Deus e de sua proposta de salvação. O cego está sentado, isto significa acomodação, conformismo. A passagem de Jesus lhe dá consciência de sua situação de dependência e escravidão.

Os que repreendem e mandam calar a boca são os obstáculos próprios de quem quer mudar de vida. A capa é tudo oque o mendigo possui, portanto “jogar a capa” é largar tudo e ir ao encontro de Jesus.

A liturgia convida-nos a uma identificação com Bartimeu. Renunciar à vida antiga, ao comodismo, à escravidão, a tudo o que for incompatível com o caminho de Jesus.

Anaíres Lino

sábado, 20 de outubro de 2012

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM


21.10.2012 – Mc 10,35-45

A
 liturgia desse domingo vem novamente nos mostrar, que a lógica de Deus é diferente da lógica humana.

Na primeira leitura o servo é um fracassado, que sofre castigo. Na lógica de Deus o sofrimento nem é castigo, nem é inutilidade, mas servirá para eliminar o pecado e gerar vida nova para toda comunidade do povo de Deus.

Na segunda leitura a expressão “penetrou os céus” refere-se à encarnação de Jesus. Aqui se mostra o esforço de Deus, através de seu Filho Jesus Cristo, no sentido de refazer uma comunidade de vida com os homens e de reconduzi-los à vida verdadeira.

Aderir a Jesus é entrar nessa comunhão. Como Jesus foi submetido às mesmas tentações que nós, mesmo conhecendo nossas dificuldades, sabe que somos capazes de viver a fidelidade a Deus e à sua proposta. Esta certeza nos tira de uma situação de provável desespero e nos renova na confiança e esperança.

No centro do Evangelho de hoje está a perícope  “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir”, porque resume admiravelmente a existência humana de Jesus. Ele veio nos dar exemplo de uma vida de serviço, cujo ponto culminante foi sua morte na cruz.

É necessário falar que este valor do serviço não é um elemento acidental ou acessório, mas um elemento essencial na vida e na proposta de Jesus. Ele de forma direta avisa-nos que a comunidade do Reino não pode funcionar segundo os modelos do mundo.
O Evangelho nos convida a repensar a nossa forma de nos situarmos na família, na sociedade, na Igreja.

Anaíres Lino



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

LEMBRANDO DE NÓS... DOS AMIGOS!


S
ou assim... amigo!
Sou esquisito... talvez... sou amigo!
Estranho... não vou lá... ali...
Mas, com certeza, não os esqueço!
                  
Os encontros... bate-papo... abraço!
Sim! faz nos sentir forte... vivos!
Tenho que ir... visitar! Conversar!
Sei lá... só sei que SOU AMIGO!

Sinto saudades! De vocês... de todos nós juntos!
Ah! Saudades!  O tempo não volta...
Mas nunca, acreditem, saiu daqui de dentro do peito!
Continuo dizer... tenho amigos! Sou e somos amigos!

DEUS nos fortaleça sempre!
Nossos momentos de "agora"...
E a luz  esteja acesa... ainda... dos dias passados!
E cada encontro... cada um alô... seja de amizade!

Sei que preciso ir... visitar!
Conversar... contar coisas tantas...
Do mundo de hoje... imenso... e pequeno!
Na certeza  única... estamos aqui... SOMOS AMIGOS!!!

Diante das teclas do computador...
As palavras... as letras saem do peito...
São transformadas em palavras... alegria! Saudades!
Não sei qual meu estilo... só sei que SOU AMIGO!!!!

Bosquinho Duarte

Os.: Como disse, PRIMO, não sei qual meu estilo...vou escrevendo
        coisas aqui de dentro...abraço!!        

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM



14.10.2012 – Mc 10,17-30

A
 liturgia de hoje está bem apropriada para o tempo político em que vivemos, pois fala de escolhas.

A primeira Leitura é retirada do Livro da Sabedoria. Esta é um Dom de Deus dado àquele que, reconhecendo sua finitude e debilidade, se coloca nas mãos de Deus escutando suas propostas, aceitando seus desafios e seguindo seus caminhos. Pois, a “nossa sabedoria”, muitas vezes, nos conduz ao ódio, à exploração, violência, injustiça, divisão e sofrimento.

A segunda Leitura nos apresenta um “discurso”, que pretende chamar a atenção sobre os ensinamentos de Jesus: Palavra viva, transformadora, eficaz, que entra em nosso coração como espada afiada, transformando nossos sentimentos, pensamentos, valores, opções e atitudes. Confrontando nossos desejos mais secretos, nossas intenções mais escondidas.

No Evangelho, a Palavra de Deus nos adverte para a incompatibilidade entre o Reino e o apego às riquezas. Colocar a confiança e a esperança nos bens materiais envenena o nosso coração, tornando-nos orgulhosos e vaidosos, afastando-nos de Deus e de suas propostas.

 O homem rico de que nos fala o Evangelho representa qualquer um de nós: piedoso, não furta, não mata, não adultera. Jesus diz que este é o primeiro patamar e apresenta o segundo, que tem um novo grau de exigência: viver no amor, na partilha, na entrega, no serviço.

Nós estamos dispostos a renunciar privilégios, honras, sucessos, muitas vezes legítimos, mas que nos impede de nos dar as mãos? Não se trata de uma dificuldade, mas de uma impossibilidade: “é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha”...

Anaíres Lino


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Catedral ou É lá...


S
aí do meu caminho, dei uma pausa na missão diária, peguei um atalho, apeei na 83... 

Aparentemente um gesto comum e já corriqueiro, só aparentemente, é muito mais que um simples gesto.

A 83 não é só um endereço, uma casa, uma varanda... é fonte transformadora, é um Oasis... é uma catedral... difícil de explicar e muito mais difícil de entender...

É lá que as coisas tomam forma, são enfrentadas, revelam-se suportáveis, tudo se torna pequeno: as dores, as mágoas, os sofrimentos...

É lá que a alegria nos envolve, esta alegria que é uma constante, que nos faz viver só o momento presente, que nos faz sem passado e sem futuro...

É lá que as gargalhadas secam as lágrimas, que as mãos se estendem para apoiar, para levar adiante...

É lá que a energia se unifica e fortalece, nos leva a um passo a mais...

É lá que parecemos invencíveis, porque não somos vários somos um ou somos vários em um...

É lá que nos sentimos protegidos, amparados, compreendidos...


É lá que as sombras são apenas sombras, que as quedas são apenas quedas...

É lá que nos enchemos de alegria e partimos para a luta do dia a dia...

É de lá a alegria que compartilhamos com nossos queridos...

É de lá que trazemos o sorriso nos olhos, nos lábios, no coração...

É lá que se compreende que alegria é a água, a luz, o sol da vida, que alegria gera fé, esperança, vontade de viver intensamente cada segundo...

Essa alegria que nos ensina a importância de ser um elo, que nos ensina que nascer e aparecer é a mesma coisa, que se pode fazer farofa com três ovos para um batalhão, que Santa Terezinha atua em qualquer lugar e de forma inusitada, que nada é intransponível, que se pode emocionar com uma caminhada penosa sol a pino de uma irmã que se despede de outra, que se entende a teimosia de salvar uma plantinha seca, a serenidade e força de enfrentar as muitas idas ao médico, o amoroso acolhimento na simplicidade de um cuscuz, na presença constante e indispensável do irmão múltiplo.

Tudo isto se mistura e... seiva a vida.

É lá que aprendemos a importância do não fazer nada, não importa o tempo passando, a conversa boba ponteada de risos e gozações, as discussões úteis e inúteis...

O que importa é viver junto tudo isso... na graça do hoje sem pensar no amanhã...

É lá que constatamos que somos alegres porque somos presença, porque somos diferentes, porque iguais, porque... somos, porque não quebramos quando o vento nos sacode muito ou reclamamos quando o sol nos queima um pouco, porque caminhamos com o pé ferido, porque somos assim, somos Bastos e somos Lino... obrigada turma... 

Que Deus nos conserve unidos e nos abençoe...


Ana Lúcia Lino

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Bendito seja!


B
endito seja, meu Senhor, pelos lábios de nossa mãe, que sussurravam em nossos ouvidos tantas palavras sábias que somente os humildes e os mansos as têm, ensinando-nos as primeiras e as mais importantes palavras do evangelho: justiça e amor. Lábios que nos gritavam quando desviávamos do bom rumo. Mas, desses mesmos lábios brotava sua fala mansa e macia que se comprometia com nosso esforço de seguir nossos próprios caminhos. Lábios que nunca, nunca, nunca, se cansavam de rezar por todos nós.

Bendito seja, meu Senhor, pelos olhos de nossa mãe, que não nos perdiam de vista, que brilhavam de alegria com nossas vitórias e que derramavam lágrimas com nossas dores. Olhos que, nas noites, sempre eram os últimos a se fecharem e os primeiros a se abrirem na manhã seguinte.

Bendito seja, meu Senhor, pelas mãos de nossa mãe, que, abertas, eram ternas e macias, a nos paparicar com suas carícias, mas que, fechadas, eram duras e fortes, a nos punir com severidade e sem rancor. Quando separadas, nos convidavam para o abraço terno e carinhoso. Mãos que, constantemente, apontavam para nós os retos caminhos do Pai.

Bendito seja, meu Senhor, pelas pernas de nossa mãe, que andavam no chão quente e na terra enlameada e sempre seguiam os melhores caminhos, nem sempre os mais fáceis, e deixavam pegadas que, até hoje, nos servem de guia.

Bendito seja, meu Senhor, pelo colo de nossa mãe que, como trono, nos acalentava e nele mimava nossas dores, derrotas e tristezas ou, simplesmente, embalava nossos sonos e sonhos. Inesquecível e amado colo.

Bendito seja, meu Senhor, pelo coração de nossa mãe, que foi todo nosso.

Bendito seja, meu Senhor, por fazer a Enedina toda nossa!


domingo, 7 de outubro de 2012

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM


07.10.2012 – Mc 10,2-16

A
 liturgia de hoje nos fala do projeto ideal de Deus para o homem e a mulher, que é a formação de uma comunidade de amor, estável e indissolúvel.

A primeira Leitura não é um texto científico, mas teológico, e pretende ensinar que na origem de tudo está Deus. O homem é um ser de relação, por isso sente necessidade de compartilhar o amor, a vida, a felicidade.

A segunda Leitura busca incentivar a vivência do compromisso cristão e levar o crente a crescer na fé, superando a acomodação. Jesus, que abrindo mão de sua prerrogativa divina, aceitou se fazer “por um pouco, inferior aos anjos”, ensina-nos o caminho da doação total, do desprendimento, que leva à vida plena.

O Evangelho apresenta os fanáticos da Lei querendo por Jesus à prova, no delicado assunto: matrimônio/divórcio. Nesta e em outras circunstâncias, Jesus procura mostrar a permissividade da Lei, em contraste com o projeto ideal de Deus de amor, para o homem e para a mulher. Em outras palavras, Jesus quer dizer que chegou o momento de abandonar as facilidades, a mesquinhez e o comodismo de uma vida fútil.
O compromisso de um amor estável, duradouro e indissolúvel, foge à lógica humana, mas é a proposta de Deus para a edificação de uma comunidade familiar.

No final do Evangelho, Jesus apresenta a criança como contraponto à prepotência, ao orgulho e a arrogância, que conduz a própria vida a valores efêmeros. Quem não questionar seus próprios raciocínios e preconceitos não pode integrar à comunidade do Reino.

Anaíres Lino




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mãos




Sabem por que nos
foram dadas somente duas mãos?
Para que com elas pudéssemos encontrar outras
e juntas e dadas pudéssemos agradecer e acariciar.

Afinal,
a carícia e o agradecimento
andam de mãos dadas colhendo afetos
e distribuindo paz.

Quão sortudo
é quem encontra
essas mãos de Dona Enedina
e consegue agradecê-las e acariciá-las.




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A RUA QUINZE DA NOSSA ÉPOCA (BATURITÉ)

E
stou aqui.
Eu nasci lá!
Minha terra! Meus amigos!
Tenho saudade...

Saudade do tempo da rua quinze!
Das brincadeiras... da alegria!
Eita tempo feliz!
Era meninos (as)  em todas casa...

Bola pelas calçadas... calçamentos...
Nossos pés eram fortes... livres...
A meninada brincava...
Eu, com certeza, fiz parte!

As bolas tão bem "feitas" de pano...
Meiões do Zé Airles... Eram ótimos!
Primo João não as deixava que faltasse...
E, nós, todos daquela rua  da alegria... brincávamos!

Corríamos por todas as ruas da cidade...
O chamado  três palivrá (assim?!)...
Hoje chamam de pega... (se é que existe ainda).
Mas, os meninos (as) não são iguais aos nossos...
Nem o tempo!

Pode dizer o que quiserem...
Mas igual aquela rua quinze... não existe mais!
Os amiguinhos... as famílias... as briguinhas...
Podem acreditar, a verdade é Éramos Felizes e Sabíamos!

Sim, sabíamos... todos hoje tem gravado...
Muitos partiram... sim, partiram, pelo chamado de Deus!
E, lá no Céu, estão a enviar-nos bênçãos divinas!
Porque todos nós amiguinhos... de amor! alegria! amizade!

Pode não existir rimas... poesias...
Mas, você, primo, e uma multidão de amiguinhos...
Daquela rua quinze... de um Baturité feliz... época que não voltam!
Sim, não voltam, mas eu as gravei e sou feliz por transmiti-las até onde possa alcançar.... a verdade é:
ÉRAMOS FELIZES E TODOS COM CERTEZA SABÍAMOS E VIVÍAMOS...


Bosquinho de hoje, sem esquecer a rua quinze e nós todos!

PS.: Aqui, diante do computador, as palavras vão acontecendo e resolvi escrevê-las...
Abraço PRIMO!


PS2.: Uma homenagem ao Élery e Barriga (grande amigo de todos nós), Neguinho (grande amigo de Eduardo), Robert (grande amigo do João Lino), Cléo (grande amigo do Bosquinho), Douglas (grande amigo do Clemilton) e a tantos outros...