sexta-feira, 26 de junho de 2020

LARISSA!



L
arissa, quem é Larissa?

Sua mãe, moradora em situação de rua, se encontrava grávida no início da pandemia.

Mesmo em seu estado gestante, dormia, em noites frias, nos bancos das praças. E de dia, circulava pelas ruas, não recusava drogas, e, muitas vezes, fazia só uma refeição antes de voltar à praça. Seus primeiros seis meses de gestante foi drogada.

A mãe de Larissa lutava, mesmo viciada, não desistia, desejava a criança, queria ser mãe.

Quando a Obra Lumen acolheu dezenas de mulheres nas ruas e nas praças, onde viviam o abandono, a solidão e o desamparo, e as abrigou no Pacheco, sua mãe estava entre elas.

Seu primeiro dia no Pacheco foi o ultimo dia de drogas.

Sarinha fez o seu pré-natal, últimos três meses, na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Ebserh).

Terça-feira passada, Sarinha estava de plantão na ME, e quem chega com as dores do parto?

A mãe de Larissa.

Ontem, no fim da tarde, receberam alta: mãe e filha e voltaram ao acolhimento no Pacheco. As companheiras de quarentena fizeram uma festa para as duas, todas queriam conhecer Larissa.

Larissa é uma sobrevivente. Uma guerreirinha que nasce numa pandemia e no meio de um povo invisível.

Na esperança, Larissa foi salva.

Sabemos que o presente lhe será custoso, mas sua mãe tem que viver, aceitar, lutar e traçar uma meta e estar seguro dela.

Sim, será custoso numa pobreza social, numa miséria que fere, numa penúria que machuca e numa fragilidade solitária. Como dizem eles: “pra baixo da rua não tem nada”.

Nesta meta, entretanto, reside a Esperança.

É na Esperança que uma vida renasce pra ela e nasce pra Larissa. Esperança é fé. Sem Esperança não há Deus. Como nos diz Bento XVI, “quem tem Esperança vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova”.

Quem é a mãe de Larissa?

Chama-se Maria da Conceição da Silva.

Quem é Larissa?

Larissa é Filha de Maria.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A L T A I R


Q
uando o cientista sueco Alfred Nobel estabeleceu prêmios em Química, Literatura, Física, Medicina etc, ele se esqueceu de criar o Prêmio Nobel de Família.

Sim, acho que deveríamos criar o Prêmio Nobel de Família.

Desde já, queríamos indicar a Altair como ganhadora desse prêmio. Não, não, não, diga-se melhor, ela seria hors-concours, dado ser ela bem superior aos demais competidores.

Hoje, seu dia, quarenta anos bem vividos.

Dia de dizer com gratidão: muito obrigado, Altair!

Não gostaríamos de recordar sua vida, ah! Isso todos nós já sabemos.

Hoje é dia de dizer com carinho: muito obrigado, Altair!

Não vamos lembrar a importância dela pra todos nós, ah! Isso todos nós já sabemos.

Hoje é dia de dizer com um reconhecimento eterno: muito obrigado, Altair!

Que o bom Deus reserve pra você um dia cheio de paz, que lhe proteja dos perigos e lhe guarde juntinho de Maria.

Perdão, meu Pai, por meu atrevimento, mas gostaria que quando a aniversariante acordasse, que a prima de Maria, Santa Isabel lhe servisse um pãozinho com ovo, uma tapioquinha com café, e depois, no almoço, fizesse um feijãozinho com rapadura acompanhado de uma costelinha de porco assada.

E, se por acaso, chegar um pão recheado, isso é coisa de São José.

A propósito, não vá à cerimônia de entrega do título, em dezembro, em Estocolmo (Suécia), a cidade é linda, mas a solenidade deve ser uma chatice.

Felicidades sem fim!

ACatarina e Jlino

Obs.: Santa Isabel, se não entendeu minha letra, procure a mamãe por aí, ela deve tá numa roda com o papai, o Francisco, a Célia e o Dr Arcanjo.




Nós andamos muito sérios



“CANTEM DE ALEGRIA A DEUS”

Parece que perdemos a capacidade de sorrir e de provocarmos o riso.

“FAÇAM RESSOAM O TAMBORIM”

Já não contamos coisas engraçadas de nossas vidas. Há muito que não escutamos uma boa gargalhada.

“TOQUEM A TROMBETA”

Não estou falando de encaminhar postagens. Quero me referir a nós mesmos.

Compartilhar, não essas postagens que enchem nossos grupos, mas nossas coisas do dia-a-dia.

Sei que os tempos são difíceis:
a pandemia nos amedronta, o menino Miguel nos fere o coração, falta-nos ar só em lembrar do George Floyd.

Jamais podemos ser indiferentes a tudo isso. Temos uma mística cristã, que nos obriga estar de olhos abertos.

Mas em nossa espiritualidade há espaço à ternura e para um sorriso.

“TOQUEM A LIRA E A HARPA MELODIOSA”

Bom fim de semana, gente!

João Lino Neto

Meu bom padre


 

M

eu bom padre, o senhor não me conhece, sou Severina, aqui dos Inhamuns.

Meu radinho está sempre ligado com o senhor.

Seja nas orações ou nas novenas. Meu caneco d’água tá ali, sempre esperando por sua benção.

Desde o mês passado também assisto suas missas na TV, um presente que ganhei de minha neta.

O senhor me faz chorar com suas histórias, com seus milagres, tem dia que o feijão queima no meu fogão a lenha, pois não desgrudo os olhos do senhor.

Mas!

Mas ontem minha neta veio com um aparelhinho na mão dizendo que tinha uma coisa muito triste pra me mostrar.

Vi!

Vi!

Vi, mas não quis acreditar.

Vi o Senhor, tão bonito, sentado e sorrindo para o presidente.

Enquanto o senhor sorria, com seus pés, pisava na minha garganta.

Fiquei sem fôlego ouvindo o senhor se vender.

Gritei que não fizesse isso.

O senhor apertou com mais força minha garganta, pedi socorro...

O senhor barganhou, falando que nós éramos uma potência, eu disse, não, não faça isso, não me use.

Entretanto, o senhor, enquanto sorria para as câmeras, apertou com mais brutalidade minha garganta, mas eu gritei no meu sussurro, não sejas Judas.

Você não me ouviu nem via a quem esmagava, os quantos esmagava, seus olhos brilhavam, a ganância o cegava.

O senhor estava muito feliz, se vendeu por um bom preço, nos traiu por doações federais.

Mas no final, você se pôs em pé, com as mãos manchadas, me pisou forte, com toda a força e... eu... eu... eu vi você morrer.

E nascer um pobre Judas!

João Lino Neto


sábado, 20 de junho de 2020

TEMPO! TEMPO! TEMPO!


T
emos tempo pra tudo nessa pandemia.

Somente não temos tempo pra desperdiçar.

Há momentos de parar, te aquietar.

Têm momentos de andar, mover, sair de si.

Tempo de Andar!

Andar numa caminhada em busca de aprender, em busca do outro, em busca, principalmente, de Deus.

Se te aproximas dos outros e te fazes próximo, então encontrastes Deus.

Quando descobrires que esse encontro te faz bem, prossegue, aprofunda, segue.

A vida fica mais leve.

Tua força que vem Dele, que é Amor, supera o medo.

Já foi dito que “o amor é um laço mais sólido do que o medo”.

Não procures longe o que tens ao alcance da mão.

Tempo de Parar!

Parar sem obrigação alguma, sem encargo e nenhum dever, afinal, todo ócio é criativo, também já foi dito por aí.

Nesse momento, repito, te aquietes.

Sente-se numa cadeira, deite-se confortavelmente num sofá, numa rede na varanda, ou onde melhor aprouver.

Tenha nesse instante um momento maravilhoso de conversar com Deus.

Te assossegues e não desperdices.

Entrega-te a Ele com toda força de tua alma.

Dirija-te a Ele sem receio.

Mas, principalmente, escuta.

Que estejam teus ouvidos à espera de Sua Palavra.

Que de teus lábios saiam somente sussurros:

 “Meu Senhor e meu Deus”.

Repita vagarosamente no ritmo de tua pausada respiração:

“Meu Senhor e meu Deus”.

Estás a sós com o Senhor Jesus.

Dentro de ti tens um sacrário.

É aí que estás com nosso Deus.

Escutas o teu Senhor e o teu Deus.

E
Que a vontade DELE triunfe!

Bom domingo. Saúde e paz!

João Lino Neto



N
ós somos lâmpadas e interruptores.

Mas não acendemos nossas lâmpadas.

Nem elas se acendem sozinhas.

Nossos interruptores acendem a luz no outro.

E o outro acende nossa lâmpada.

Assim, precisamos do outro pra sair das trevas.

E nos fazemos próximos com nossos interruptores para iluminarmos o mundo do outro.

O mundo é formado como uma espiral, quanto mais vivemos mais conhecemos aqueles que nos rodeiam - homem nenhum é uma ilha -.

E assim, quanto mais sairmos de nós mesmos, tanto mais precisamos de luz e necessitamos de amigos que as acendam, iluminem nosso caminho, nossa alegria, nossa vida.

E pra nossa felicidade, temos um número sem fim de interruptores para clarear a estrada, a alegria e a vida dos outros.

E a beleza de tudo isso é que nossos interruptores não conseguem apagar a luz do outro.

Fazendo uso do livre arbítrio, todos têm sim a possibilidade, por mais triste que seja, de se abster a iluminar a estrada do outro, a qual um dia pode tê-la que atravessá-la nas trevas.

Ao percebermos nossa existência assim, vamos entender que ela é composta apenas por linhas puras, harmoniosas e simples.

Acho que é isso o mistério da vida.

O mistério do Pai!

E somente Ele, o Pai, se explica a si mesmo no Mistério, como diz o padre Lino.

E por fim, quando nosso “papai” falava de “uma mão”, ele não se referia a quantidade, ele salientava o quanto é importante, útil e necessário ter amigos.

Pois ele sabia o quanto precisou de lâmpadas e de interruptores, uma vez que nunca lhe faltou humildade, virtude e misericórdia, pilares de nossas lâmpadas e de nossos interruptores.

E por isso, com muita fé, dizemos e pedimos: “Que a luz perpétua brilhe sobre nosso pai”.

João Lino Neto