domingo, 24 de fevereiro de 2013

Ainda a beradeira!


A
cho que no último encontro estava deixando a Alemanha, a sua capacidade de deixar as estradas em condições de tráfego mesmo depois de uma noite de neve, a confiança de não fazer vistoria nos apartamentos mesmo diante de uma bagagem bem mais robusta, as suas cidades funcionais com iluminações com postes baixos para não sacrificar as árvores com podas desnecessárias, suas estradas sem buracos, enfim como queríamos que fossem nossas cidades.

Seguimos Joana e eu para uma estação de trem que nos levaria a Paris e os outros seguiriam de carro para Frankfurt onde tomariam o avião de volta. Na estação o vento frio dava a sensação de termos aberto o freezer e ficado lá, ainda bem que o atraso foi de apenas quinze minutos, era um trem bala muito confortável que numa velocidade de mais de 300km por hora, em apenas 3 horas nos deixou em Paris.

Paris é uma cidade única, parece ter sido feita de uma única vez, essa primeira impressão vai se confirmando cada vez mais à medida que vamos conhecendo mais. Tudo é lindo, tudo é profundo, tudo é bem feito, o que inevitavelmente nos leva ao incompreensível mau humor do francês.

Pode-se ir a qualquer lugar e facilmente usando o imenso e fedorento metrô e qualquer lugar se torna um passeio maravilhoso, sempre há um fato histórico, um museu, uma praça, um bistrô, isto é, você nunca erra.

Ou melhor, quase nunca, saímos eu e a Joana para tomar o metrô, mas sem combinar direito o itinerário, chegou o trem, entrei e quando olhei a Nana tinha ficado e lá vou eu sem saber para onde.

Coisas de beradeira.

Nunca vi tanto asiático e sempre com aquelas máquinas tirando foto de tudo e de todos, acho que só quando voltam é que vão saber por onde andaram, de certa maneira até se justifica porque a cidade ainda estava guardando alguns enfeites de Natal e aí já é covardia.

Bom, mas tudo que é bom parece que dura pouco, chegou o dia da volta e parecia que a nevasca do dia anterior ia adiar, mas o nosso avião (soube depois) foi o último a ter permissão de voo naquele fim de semana. A Joana falou que foi a pior viagem que ela fez, muita turbulência, eu não sei porque dormi. Às vezes ser beradeira tem suas vantagens. Até a próxima.

Ana Lucia Lino

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente, com todo as tuas forças. O segundo é: Amarás o próximo como a ti mesmo. (Mc 12, 30-31).


E
sses são os dois maiores preceitos. Formam a síntese da Lei. São eles íntimos e inseparáveis. Estão num plano superior aos outros preceitos.

Eles relativizam tudo. Existe uma estreita conexão entre eles.

São inseparáveis, mas não é uma mesma coisa. O amor a Deus tem uma primazia absoluta. O amor a Deus não pode ficar reduzido a amar ao próximo.

A primeira coisa é amar a Deus. Nossa oração se dirige a Deus. O próximo não é um meio ou uma ocasião para praticar o amor a Deus. O amor ao próximo não é um amor indireto a Deus.

Amar a Deus é desejar o que Deus quer. É impossível amar a Deus e ficar fechado em si mesmo. É impossível amar a Deus e ficar indiferente ao sofrimento do outro.

É precisamente dando água a quem tem sede que se descobre a verdade do amor a Deus. É deixar Deus reinar em nossa vida.

E quando deixamos Deus reinar em nossa vida? Deixamos Deus reinar em nossa vida quando sabemos ouvir com disponibilidade total seu chamado escondido em qualquer ser humano necessitado.

Em Mateus (25, 31), Jesus diz que “os justos irão para a vida eterna”. E Ele chama “de benditos de meu Pai” os mesmos que Lhe perguntam: “Senhor, quando foi que Te vimos com fome e Te demos de comer?”.

Ora, quando os “benditos de meu Pai” deram de comer a quem tinha fome, de beber a quem tinha sede, visitaram os doentes e presos; fizeram porque essas pessoas estavam precisando, estavam necessitadas. E fizeram porque estavam cheio do amor de Deus, porque deixaram Deus reinar em suas vidas.

Então, o caminho é inverso, Assim sendo, percebemos que não existe ‘um amor indireto a Deus’, mas um amor absoluto que envolve a todos e os transformam em irmãos e irmãs.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Jejum e balela!


Q
uarta feira de cinzas, jejum.

Por quê? Para quem? Quem ganha com nosso jejum? Nós? Os outros? Os pobres?

Com meu jejum, posso até agradar a Deus. Com minha refeição, talvez louve o Senhor. Mas, certamente, O alegro se com o irmão partilho meu alimento.

Acredito que o melhor jejum é lutar para que nenhum irmão seja obrigado a jejuar.

Muito mais importante que jejuar na quarta feira de cinzas é que todos os nossos irmãos caídos fiquem sem jejuar o ano inteiro. Lutemos por isso.

O “sacrifício” de jejuar na quarta e esquecer o irmão na quinta é como adorar a Deus na Igreja e esquecer-se dos semelhantes que sofrem. Esse “amar” ao Senhor e excluir o irmão transforma-se numa balela.

Jejuamos numa quarta para continuarmos tranquilos o resto do ano, pois, só assim, somos bons cristãos e cumpridores dos preceitos religiosos. Será que isso é do agrado de Deus? Do nosso agrado, certamente que é.

Acredito que o jejum da quarta pode nos servir se ele transformar meu modo de ser. Se for um momento de reflexão. Se ele abrir meus olhos para ajudar aos necessitados e acolher os perdidos.

Se não, é balela.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Saga... (4)


U
ma questão de persistência e fidelidade para os meus dois queridos e pacientes leitores... Bom, foram várias e maravilhosas cidades que visitamos: Freiburg im Breisgau,Triberg, Schramburg, Strasbourg (esta fica na França) e outras mais... Freibourg é uma cidade universitária, linda, com bondes em lugar de ônibus, com córregos canalizados que passam pelas ruas e onde é proibido jogar qualquer lixo, nessa cidade existe uma Igreja destruída na segunda guerra, e que fica numa praça cheia de barracas de flores e cria um ambiente que não dá vontade de sair.

O comércio aí, bota no chinelo o Rio. Tomamos um chocolate numa outra praça, que nem o frio conseguia afugentar, ao lado, descobri uma loja de lãs e linhas que se fosse em Fortaleza pagaria muito mais excesso.

Triberg é a cidade dos relógios cucos. Indicaram-nos uma loja onde existe o maior cuco do mundo, é enorme. Sem exagero, o cuco que sai do relógio é do tamanho de uma galinha, mas para chegar até lá andamos uns 3km com muito frio e um vento inclemente, meu nariz ficou tão frio que pensei fosse congelar, o que não era de todo ruim, já que poderia fazer uma plástica de graça, mas valeu porque realizei um sonho: comprei um cuco lindo, tá certo que meio preguiçoso e atrasa, mas um dia toma jeito.

Schramburg, esta cidade conhecemos por acaso, íamos para Villagen, mas gostamos tanto da cidade que resolvemos ficar e foi um acerto, parecia uma cidade em feriado, tranquila, sem trânsito, mas o comércio funcionando e com um restaurante inacreditável, confortável, com comida divina (indicado pelo guia Michelin), só por ele, já merecia a viagem.

Na Alemanha existem coisas muito interessantes, no dia que fui deixar o João na estação, descobri que só havia um abrigo, como de  ônibus e uma máquina que vendia as passagens para toda Alemanha e outros países e que, no caso do João, iria lhe deixar dentro do aeroporto de Frankfurt, e os horários são no mínimo inusitados: 13:11; 15:16 e por aí a fora e pontualíssimos.

Acho que é melhor sair da Alemanha e ir pra França... na próxima se o Teté e João Lino aguentarem...

Ana Lucia Lino