sexta-feira, 24 de maio de 2019

NOS CORREDORES DO ICC


Q
uando fico aqui, no ICC, fazendo elucubrações em seus corredores, me preocupo de passar uma ideia errônea.

Vejo e vejam que em tudo há suor, carinhos, e por vezes, lágrimas.

Suor, quando sou obrigado a “arrastá-la” da 83, pois sei que o ICC é sempre um momento de superação.

Carinho, nos instantes em que a vejo ali, na sua “salinha”, parada, quieta e tranquila. Percebo que ela sente algo.

Talvez o carinho do Pai bondoso.

Quem sabe, o consolo do Senhor de todas as misericórdias.

Ou a doçura de estar sendo acalentada por Maria.

Lágrimas que teimam em não rolar, produzidas pela fadiga dessas aplicações sem fim, desses repetidos exames e dessas eternas consultas.

Sei também que não é a quimioterapia nem a dor que escrevem os capítulos da vida dessa nossa irmã, mas o carinho, o consolo e a doçura de QUEM tudo assiste.


PADRE HUGO



H
oje, 23.05.19, estamos festejando o aniversário do padre Hugo.

Quando Deus levou o “Padre Nosso” de nosso convívio, deu a ele uma grande oportunidade para continuar a viver num outro nível. Oportunidade merecida ao “Padre Nosso” de viver mais e melhor em outro grau de realidade.

Como diz nosso teólogo maior, L. Boff, não vivemos para morrer, morremos para ressuscitar.

E que ele, o “Padre Nosso”, já ressuscitado olhe por nossas famílias, como aqui na terra já fazia com tanto amor, e se um dia quisermos nomeá-lo como “Conselheiro da Família”, faríamos grande justiça àquele que não cansava de repetir que o amor que nasce entre os casais vem do amor de Deus pela família.

É com orgulho sem arrogância, é com privilégio sem merecimento, que nós podemos dizer que o Padre Hugo, é o “Padre Nosso”.

Isso, entretanto, não significa dizer que nós temos a posse, mas significa dizer que ele é de todos, pois foi pra isso que ele veio, para todos, essa foi sua missão.


quinta-feira, 2 de maio de 2019

MISSIONÁRIA DE DEUS


MISSIONÁRIA DE DEUS

A
li, não exagero se disser, no seu cativeiro, em uma minúscula sala, Aila está tomando sua aplicação de quimioterapia, servidão que vem desde o começo desta década.

Está com a Ângela, irmã de sangue e de alma e cúmplice... na fé.

A dor da quimioterapia nunca impediu que ela nos transmitisse delicadeza, ao mesmo tempo em que nos comunica doçura.

Seu sorriso é constante, sua voz é mansa.

Agradece com um olhar inocente a quem lhe oferece um copinho de café. À enfermeira que encontra a veia, baixa a voz quase até num leve sussurro, mostrando toda gratidão.

São sinais, são gestos, são acenos que não se aprendem em qualquer parte. Se adquire e se desenvolve no dia-a-dia... na vida... na vida... na vida.

Se nutre nos conselhos de outra Maria “Fazei tudo o que Ele disser”, se forja nos encontros espirituais e se alimenta pela vontade servir ao Pai.

É um depósito formado pela fé que não permite ser sacudido pela dúvida, nem quebrado pela suspeita e nem desaparecido pelo vacilo.

É algo que, se a gente não se voltar para nosso lado divino, seremos incapazes de compreender.

Aqui fora, estou eu, reparo na Ângela, o cuidado de sempre. Como se lê nas Escrituras “uma só alma, um só coração”.

E vejo a Aila.

E sinto que atrás dela se esconde algo que nos faz acreditar, e aqui tenho vontade de elevar a voz até ao grito:

É, como sempre foi, uma missionária de Deus que vive no meio de nós.

É isso, cumprindo o dever, legado por Deus, com seus sinais, gestos e acenos.