segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Resposta para uma desconhecida!

A
ntes de tudo, obrigado por não me ignorares.

Tens medo de mim, desvias e finge que não me ver. Dizes que reages assim porque não me conheces. Se tu foges de mim, nunca vais me conhecer. É uma pena.

Possivelmente, se Jesus te chamasse na praia, tu ias recusar e nem tinhas seguido com Pedro. Nem na manjedoura tu O tinhas visitado.

Dizes que a felicidade é inversamente proporcional aos nossos desejos, nisso tens razão, sou profundamente infeliz, pois desejo desde o mínimo, o alimento pra minha sobrevivência.

Se permaneceres distante de mim porque estás lendo para um cego ou ouvindo a solidão de um idoso, perdoa meu egoísmo.

Perdoa-me mais uma vez, mas por Deus, não me venhas dizer que um peru não é gostoso. Isso tu dizes por que certamente nunca procurastes no lixo restos de comida pra quebrar um jejum desumano. Isso tu dizes por não sentires fome, mas vontade de comer. Asseguro-te, são completamente diferentes.

Dizes que não devo te cobrar o que não me podes dar. Possivelmente, isso tu falas porque não és igual às pessoas que cantam nas igrejas. Fico escutando grudado à porta de entrada, ouvindo seus cantos e, cheio de esperança, confiando no que dizem: “Quem comer o pão da vida viverá eternamente. Tenho pena deste povo que não tem o que comer. Onde está um irmão como fome, EU estou com fome nele”. Ao saírem, são outras pessoas fora da igreja, não se lembram do que cantaram e, talvez, nem Dele.

Quanto a bendita ave, tua proposta é tentadora, mas me parece que somos duas retas paralelas e se continuarmos nas mesmas posições: tu fingindo que não me vê e eu te procurando sem te conhecer...

Continuarei esperneando porque sou um sobrevivente, tenho que gritar, tenho que arriscar, ai de mim se não o faço!

Mais uma vez, obrigado por não me ignorares.

3MRF


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