segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Continuando sem fazer nada

C
omo faço sempre aos sábados, saí sem objetivo maior a não ser ver pessoas e olhar as "novidades". Entrei numa livraria e fiz o que mais gosto: comprar livros, para amontoá-los na mesa de cabeceira para que esperem pacientemente que eu os abra. O meu gosto é cíclico, atualmente estou na fase de artesanato.

Cheguei feliz da vida e fui mostrar ao Zé as minhas aquisições e comentei, distraída, que a vida é muito curta para fazermos esta infinidade de coisas que temos a nossa disposição. Este comentário me acompanhou durante o resto do dia.

Realmente, como desperdiçamos tempo com fatos sem a menor importância, e como nos apegamos a pequenas coisas que não nos levam nem até a esquina. Não que tenhamos de fazer sempre coisas importantes ou grandes e pequenas invenções que modifiquem o rumo da humanidade, isto é coisa para poucos. Falo simplesmente de viver ou saber viver.

É divertido aprender com a natureza, com as plantas; elas murcham com a falta de água, mas basta uma pequena gota, ela não desperdiça e agradece e as folhas que antes estavam sem vida se mostram recompostas, alegres, cheias de energia.

A nós, basta apenas um comentário maldoso ou injusto e... pronto, bate a tristeza, a mágoa, nos recolhemos e como fica difícil a recuperação. Perdemos um tempo precioso remoendo a ofensa, ás vezes não verdadeira, que parece nos impedir de seguir em frente... e ficamos revivendo aqueles episódios que aos olhos de terceiros não tem menor valor.

Abrimos mão de aprender e ensinar tantas coisas interessantes que recolhemos pela vida afora. Como é difícil aceitar opinião diferente, pedir perdão, reconhecer um erro, nos apegamos a "nossa" verdade como um caramujo na sua pedra cheia de lodo. E é tudo tempestade num copo de água. Basta parar um pouco, se colocar por minutos no lugar do outro e seguir na direção que se deseja: a da felicidade.

Nos perdemos em círculos em vez de criar tempo, lugares e oportunidades. Temos tantas coisas a compartilhar, a primavera, o outono, a chuva, o mar, os aniversários, as conquistas, o abraço...

Não percebemos estas coisas que passam agora, sem vivê-las e que nos farão falta mais tarde.

Não paramos para pensar no perfume que nos agrada, na cor que gostamos, na música que nos emociona, nos sonhos que guardamos, no gesto que nos faz feliz, no canto da cigarra, num lindo cachorrinho...

Porque viver é maravilhoso, é espantoso, é mágico, é milagre, é graça... viver é simples, é lindo se estivermos atentos ao essencial, ao que nos faz felizes...

Ana Lucia Lino


Um comentário:

  1. Que você continue sem fazer nada e prossiga escrevendo esse “Manual de Bem Viver”. De cara, tenho que reconhecer que é muito simples, mas nesse mundo de valores nem sempre confiáveis não nos parece fácil. Ou seja, simples, mas não fácil. Entretanto, buscar essa simplicidade nos parece correta. Entoa, minha gente, vamos seguir esse “Manual de Bem Viver”.
    João Lino

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