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uando entrávamos aqui, na Comunidade
Nossa Senhora das Graças, fomos de imediato cumprimentar o padre
aniversariante, em redor dele tinham seus amigos e amigas, inúmeros, todos
querendo abraçá-lo. Quando conseguimos chegar a ele e também abraçá-lo, disse
eu: homem de mil abraços.
Essa frase – homem de mil abraços – não
me saiu da cabeça.
Agora, vejo o porquê.
Padre Lino é um homem de mil braços,
que se alargam para mais gente abraçar e ser igualmente abraçado. Braços que
não se cruzam às injustiças dessa nossa sociedade tão desigual. Braços que não
se amordaçam às correntes hierárquicas de nossa Igreja santa e pecadora.
Homem de mil olhos. Olhos cheios de
amor que brilham quando veem moradores em situação de rua, poucos que sejam, ingressando
em sua própria moradia. Que lacrimejam quando observam a indiferença do poder
público com irmãos maltratados, pisados e abandonados vivendo embaixo das
marquises, nas ruas, nas praças...
Homem de mil ouvidos. Que
pacientemente escutam nossas confissões, quem ouvem nossos lamentos e que se alegram
com os cantos de suas comunidades. Que escutam com indignidade os
pronunciamentos dos governantes de plantão cheios de descriminações e ensopados
de fascismos.
Homem de mil bocas. Que nunca se silenciam,
que falam palavras animadoras e levam estímulos aos mais sofridos. Que
sussurram conselhos, mas que gritam de indignação quando a injustiça pesa sobre
aqueles que quase nada tem.
Homem de mil mãos. Que colocam o dedo
na ferida e apontam o erro. Que cerrados exigem a liberdade dos injustiçados e
abertos se oferecem aos caídos. Mãos voltadas para o mundo.
Benditas mãos que abençoam e que
consagram!
Homem mil!
Minha irmã, Altair, gosta muito de
falar: irmão mil. Pois igualmente, esse padre é mil.
Homem de mil irmãos, que a todos ama com
toda liberdade.
Esse “Mil” não é simplesmente um número
cardinal, é mais, muito mais, é uma opção de vida e hoje, uma sigla.
Mais Irmãos Livres.
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