domingo, 23 de dezembro de 2018

Mais Irmãos Livres


Q
uando entrávamos aqui, na Comunidade Nossa Senhora das Graças, fomos de imediato cumprimentar o padre aniversariante, em redor dele tinham seus amigos e amigas, inúmeros, todos querendo abraçá-lo. Quando conseguimos chegar a ele e também abraçá-lo, disse eu: homem de mil abraços.

Essa frase – homem de mil abraços – não me saiu da cabeça.

Agora, vejo o porquê.

Padre Lino é um homem de mil braços, que se alargam para mais gente abraçar e ser igualmente abraçado. Braços que não se cruzam às injustiças dessa nossa sociedade tão desigual. Braços que não se amordaçam às correntes hierárquicas de nossa Igreja santa e pecadora.

Homem de mil olhos. Olhos cheios de amor que brilham quando veem moradores em situação de rua, poucos que sejam, ingressando em sua própria moradia. Que lacrimejam quando observam a indiferença do poder público com irmãos maltratados, pisados e abandonados vivendo embaixo das marquises, nas ruas, nas praças...

Homem de mil ouvidos. Que pacientemente escutam nossas confissões, quem ouvem nossos lamentos e que se alegram com os cantos de suas comunidades. Que escutam com indignidade os pronunciamentos dos governantes de plantão cheios de descriminações e ensopados de fascismos.

Homem de mil bocas. Que nunca se silenciam, que falam palavras animadoras e levam estímulos aos mais sofridos. Que sussurram conselhos, mas que gritam de indignação quando a injustiça pesa sobre aqueles que quase nada tem.

Homem de mil mãos. Que colocam o dedo na ferida e apontam o erro. Que cerrados exigem a liberdade dos injustiçados e abertos se oferecem aos caídos. Mãos voltadas para o mundo.
Benditas mãos que abençoam e que consagram!

Homem mil!

Minha irmã, Altair, gosta muito de falar: irmão mil. Pois igualmente, esse padre é mil.
Homem de mil irmãos, que a todos ama com toda liberdade.
Esse “Mil” não é simplesmente um número cardinal, é mais, muito mais, é uma opção de vida e hoje, uma sigla.

Mais Irmãos Livres.


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