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o 15, 12-17,
coloca-nos as palavras de Jesus: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos
outros, assim como eu vos amei”.
Pseudo-Rufino
fala-nos: “O gênero humano vive graças a poucos; se estes não existissem, o
mundo pereceria...”.
Immanuel Kant,
filósofo alemão do século XVII, diz: “Age de modo que a máxima da tua vontade
possa valer sempre, ao mesmo tempo, como princípio de legislação universal”.
Três
direções que se interligam e, entrelaçados, nos levam ao mesmo lugar.
O
Mandamento da Unidade do amor de Deus e do próximo é a lei fundamental do
serviço de qualquer cristão.
Não
podemos fazer um trabalho caritativo sem uma relação religiosa, assim como um
serviço beneficente não pode ser realizado sem uma espiritualidade que o anime.
Fora desse raciocínio agiríamos de maneira que fosse simplesmente um serviço social.
Ficaríamos sem o agir de Deus numa experiência comunitária.
E,
se invertêssemos, fizéssemos um serviço com uma dimensão transcendente, mas sem
nenhum cunho social, cairíamos no descrédito. O Mandamento da Unidade espelha precisamente
sobre o atrelamento entre o rito e sua função social.
Nossa
religião é exercida na terra onde pisamos, onde floresce pão para o corpo e alimento
para a alma, numa aventura comunitária, graças a Deus.
Na
medida em que me refiro à religião, falo de nossa liberdade e nossa responsabilidade.
Na
medida em que essa relação existe, estamos nos pondo num nível de igualdade com
toda comunidade; acenando para uma responsabilidade e uma liberdade que nos
levarão a uma disposição e que tende a ultrapassar o nosso “eu”.
Na
medida em que superamos o nosso eu, experimentamos uma situação de igualdade
perante a comunidade, sabedores que nossas atitudes podem causar implicações às
outras pessoas, e que, muitas vezes, podem trazer consequências desagradáveis.
No
instante em que praticamos qualquer ato, todos demais irmãos e irmãs, aqui e além,
têm o direito de realizar a mesma ação.
Nesse
momento, gostaria de lembrar as palavras de Kant. Que a minha vontade “possa
valer sempre, ao mesmo tempo”, para toda e qualquer pessoa.
Em
tempo de pandemia fica muito fácil exemplificar:
Saio
de manhã, vou ao centro da cidade, mesmo sem ter nada de imediato para fazer, dou
uma volta, como um pastel com caldo de cana, por um momento, tiro a máscara que
incomoda-me, depois perambulo em volta da Praça do Ferreira, e volto para casa.
Como
existe o “princípio de legislação universal”, todos podem agir como agi.
Imaginemos, então, uma aglomeração na praça, alguns sem máscaras por períodos
pequenos... etc. Imaginemos, por fim, quanta
contaminação teríamos.
Para cada ação nossa,
valem perguntinhas simples, porém necessárias:
Termos
ido ao centro nesse tempo de pandemia pode se tornar um princípio universal?
Se
dissermos que não, nossa ação foi individualista e egoísta, ferindo o
mandamento da unidade. O qual nos obriga, como norma de comportamento, a vivermos
nossa fé em sintonia com o destino da comunidade e, em especial, com um grupo
de invisíveis que sofrem e aguardam agonizando uma morte prematura.
Se,
contudo, nossa resposta for afirmativa, estamos agindo segundo o evangelista
João, o filósofo alemão e o pensamento de Pseudo-Rufino, “O gênero humano vive
graças a poucos; se estes não existissem, o mundo pereceria...”.
A
concluir, poderíamos nos questionar:
Estou
no meio desses poucos, amando o outro como Ele me ama?
Se
dissermos que sim, escolhemos Jesus para tomar conta de nosso coração.
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