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e
alevanta minha gente.
Te
alui, meu povo.
Cadê
ceis?
Pensa
que num dá saudade?
Pois
sim!
Mexo
e remexo e vocês nem nem.
Pois
vô embora...
Vou
voltar lá pro século passado.
Deu
uma saudade danada. Daquelas que bole com o osso, absorta a gente e deixa o
coração mole. E a gente fica meio sorumbático, macambúzio, ali, quietinho,
guardando o silêncio sozinho.
Saudades da serra, da bela Soledade!
Do
papai, da mamãe, do todos vocês. Do Mané Morais, do Chico, do Chico Catirino,
da Didia, do 'muito horrível demais'. De tantos outros. Do cantar do galo, do perfume inigualável do engenho, da beleza do olho d’água, do cheiro de bosta de vaca no curral, do alpendre com um caçuá cheio de laranjas,
da carioca, da burra castanha. Do bagaço de cana do engelho.
Ê
saudades!
Do
papai, que acordava no meio da noite quando nós ainda tínhamos muito sono pela
frente.
Da
mamãe, que bem cedinho, mas bem cedinho mesmo, não é o nosso ‘bemcedim’ cinco
seis horas; se levantava antes do sol chegar, e ia pra cozinha ‘preparar tudo’.
Quando
começava a aparecer filhos e filhos descendo os batentes pra tomar café, já
tinha fogo no fogão a lenha, as panelas já tomavam as bocas do fogão. O café
sempre estava pronto, o papai devia ter escapulido do engenho pra tomar um
golinho de café, o leite mugido que ele ordenhara fervia numa das panelas.
E
logo, logo, o cuscuz, os ovos estrelados ou cozidos, as tapiocas, tudo bem quentinho, começavam a chegar à
mesa. Tinha coalhada pra quem quisesse e nata fresquinha. Tinha a névoa que
invadia a casa pelas portas e janelas.
Tinha, principalmente, tanto amor, tanto carinho.
O
grito de ‘ô boi’ e o cheiro do mel chegavam do engenho. Vinha também a
gargalhada maravilhosa do papai.
Por
toda parte estava a mamãe, estava lá onde a gente queria que ela estivesse,
sempre estava lá. Sempre. Botando um pouco mais de leite no nosso cuscuz,
fritando mais um ovo, fazendo outra tapioca.
Sempre
estava lá. Sempre!
Vida
boa, muito boa, claro que tinham coisas não tão boas. Deixa eu ver, deixa eu
ver, juro que não me lembro.
Ah!
Lembrei, era quando a mamãe mandava a gente escovar os dentes antes de tomar
café.
Que
belos dias. Que belo casal. Que bela família.
Impossível
não sentir uma saudade danada daquele casal, daquele amor, daquele carinho.
Tempo
que a gente se ajuntava... e hoje tão espalhado que nem nem.
Se
alevanta minha gente.
Te
alui, meu povo.
Cadê
ceis?
João Lino
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