sexta-feira, 27 de julho de 2012

Razão ou felicidade


C
onfesso... sou uma pessoa teimosa. Não... sem condescendência... sou uma pessoa muito teimosa... analisando bem, acrescentaria que sou também contestadora. Para suavizar e redimir de qualquer culpa, poderia dizer que é herança de família e aí já tiraria qualquer responsabilidade e a poria na genética. Fácil assim... mas isto não colocaria nada no lugar ou quase nada.
Quando estou ouvindo alguém, não é uma atenção plena, uma escuta desarmada, já fixo os pontos contestáveis, me perco no restante da narrativa, é mais que a vontade de esclarecer e me vejo defendendo uma opinião contrária, que nem sempre corresponde ao que penso, ou seja, a minha verdade.
Afinal não existe uma verdade, tudo depende do ângulo, do objetivo, da vivência, da paixão... É um vício, tornou-se um hábito. Entre o agradável diálogo amistoso e o "prazer" de ser contra, opto pelo segundo.
É uma vitoria passageira, não leva a lugar nenhum a não ser magoar o outro, distanciar dele porque também se fica cansado de olhares e palavras de censura...
De que serve carregar uma vitória tão efêmera ás custas da mágoa da humilhação e da perda da estima. É bem melhor aceitar como certo o que parece duvidoso, dar uma chance ao "inimigo", caminhar com ele, conversar com ele, olhar para ele, agradecer por este momento, fazê-lo único, inesquecível...
Talvez nunca consiga mudar, mas se der um passo de cada vez, devagar, ouvindo o coração, confiando na estima, querendo que dê certo, saindo vazia de vaidade, mas de coração cheio, com lembranças alegres, sem culpa, sabendo que o tempo não volta e o abraço não dado se perderá no tempo, mas hoje, agora ficará no sorriso, lindo, leve, para sempre e em paz...
É tão melhor a alegria de olhar a pipa numa manhã de sol e desconhecer porque voa tão alto, tão linda na sua dança, saborear uma comida sem saber o segredo, abrir o coração num abraço, apertar a mão, oferecer o sorriso, mesmo que perca todas as respostas, silenciem os argumentos... e afinal, melhor que ser protagonista é ser participante...

Ana Lúcia Lino

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