quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sempre haverá flores


C
hegava ao supermercado, com pressa, afobada, quando em um canto uma plantinha chamou-me atenção. Parei, me aproximei, era linda, delicada, parecia frágil. Coloquei no carrinho, fiz minhas compras e na caixa uma senhora, bem intencionada, advertiu para sua pouca duração. Sorri, mas não me afastei do meu propósito.

Trouxe para casa e coloquei numa mesinha, bem visível. Sua beleza, suas cores, iriam me fazer feliz por todo tempo que durasse, suas pequenas flores em cacho me alegrariam os olhos, me aqueceriam a alma. Sua aparente fragilidade foi suficiente para elaborar um conjunto de cores em harmonia.

E ela cumpriu sua missão.

É interessante como na vida nos apegamos à duração das coisas condicionando a ele a sua importância, sem parar para ver que a essência está na profundidade, na qualidade deste tempo. É a pressa, a ânsia de que tudo aconteça com rapidez e de uma só vez que dá essa sensação de estar à beira do caminho, sem ver o que passa de bonito, de reconfortante, de promissor, sem ouvir os sons, os pássaros a música. Podemos passar pelo mesmo caminho, dia após dia e não reconhecer as coisas que poderíamos apreciar.

Ao contrario, quando permanecemos no aqui agora, no presente, descobrimos muitas coisas para serem apreciadas, mesmo que passemos sempre pelo lugar, porque tudo é renovado. Percebemos a imponência de uma árvore forte e majestosa, delicadamente florida ou notamos a bonita filigrana de um portão de ferro antigo.

Às vezes ficamos retidos pelos acontecimentos, acorrentados pela dor, atordoados pelos compromissos e ficamos parados, com medo, sem ação, incapacitados, sem força para prosseguir.

Se olharmos para o alto, para cima veremos o sol, o arco-íris, as estrelas, motivos para ir mais além mesmo com os pés doridos, as mãos tremulas, o corpo arqueado... se a alma chora, os olhos turvam, procuramos ver novo horizonte, adquirir nova visão, fortalecendo a crença, acreditando que a poda pode ser dolorida, mas folhas novas virão, frutos surgirão e sempre haverá esperança... e flores.

Ana Lúcia Lino

Um comentário:

  1. Lucinha,
    Vc é ótima em tudo o que escreve. Hoje, gostaria de destacar este seu final que é um pequeno techo, mas que esconde uma grande verdade, diz: ..."a poda pode ser dolorida, mas folhas novas virão, frutos surgirão e sempre haverá esperança ... e flores."
    Que bela reflexão podemos ter, neste momento, a partir dessas suas palavras. Obrigada,querida.Deus lhe abençoe. Anaíres

    ResponderExcluir