quarta-feira, 6 de junho de 2012

Crônica que não foi escrita - MÊS DE MAIO


F
indou-se o mês de maio. Um mês em que se comemorava uma das maiores festas religiosas da cidade de Baturité.

Durante todo mês havia novena na capela dos padres e das irmãs salesianos. Os alunos eram obrigados a comparecer - e nem carecia esta imposição porque o espírito religioso que se infundia em cada um impulsionava-os a participar das celebrações sacras.

Hoje todos os atos religiosos são procedidos da celebração da Santíssima Eucaristia, mas naqueles tempos havia somente novena, encerrada como a exposição do Santíssimo Sacramento.  Era uma celebração muito emotiva, com cantos sacros, muitas vezes em latim, como o Tantum Ergo Sacramentus, incutindo  em todos, profunda reflexão nas coisas do altíssimo.

No dia 24 de maio, dia consagrado a Nossa Senhora Auxiliadora, havia procissão pelas ruas da cidade, ocasião em que os alunos trajavam fardas de gala, esmeradamente bem cuidadas, a Banda de Música engalanava as festividades, as autoridades civis, militares e eclesiásticas compareciam e o povo em grande número participava, para louvarem a padroeira salesiana.

No dia 3l de maio encerravam-se os festejos com a coroação de Nossa Senhora também com grande magnificência.

Hoje com a desativação das atividades dos padres salesianos e o pequeno número de freira que compõe o corpo administrativo do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, esta imponente festa praticamente desapareceu do nosso calendário litúrgico. Resta uma pequena procissão no dia 24, a celebração da Santa Missa e a coroação de Nossa Senhora, tudo muito simples, com participação diminuta do povo e nenhum entusiasmo do corpo discente.

Os ex-alunos que acompanham, hoje, este festejo sentem um imenso vazio dentro de si. É como tivesse descido as cortinas de um passado recente, dilacerando lembranças que embelezavam sua alma de estudante.

O progresso vai apagando tradições. O avanço da ciência não permite que o homem do presente tenha momentos para se dedicar as coisas de Deus. O progresso vai materializando as pessoas. A geração presente vai aos poucos se esquecendo das belas tradições e a geração passada vai apenas guardando, com saudade, belas passagens que aconteciam e enriqueciam sua infância.

Era assim o mês de Maio. O mês das Flores. O mês de Maria Auxiliadora.

ZédoLino

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