sexta-feira, 22 de junho de 2012

Saudade...


O
 dia está cinzento, preguiçoso, sem decidir com que cor vai se apresentar, vagaroso, quase sombrio, sem se importar com as horas que passam.

É um tempo que contagia, e fica aquela vontade de fazer a mesma coisa... e é tão bom não decidir, empurrar esse marasmo indefinidamente...e quando nos damos conta estamos sentada, com uma xícara de café na mão  e aquela saudade ainda não definida, saudade de tudo e de todos...

Saudade não é só uma questão de distância, que colabora, mas não é determinante. Não é também uma questão de importância, às vezes se sente de coisas pueris.

Saudade não é uma lembrança, é mais que isso, é o que não deveria ter terminado ou nem começado... não é evocada e nem sempre desejada, é oportunista, acho até necessária, mas... entristece...

Saudade é assim, um sentimento indeciso... sofremos por algo ou alguém que amamos.

Saudade é uma lembrança boa que dói...

É como abrir uma janela e ela entra, penetra na alma, às vezes docemente como uma flor de laranjeira ou forte como uma ventania... e nos envolve com cheiros, lembranças, cores, com uma vontade de voar, retroceder para chegar a um lugar, e nos emociona, nos paralisa e nos faz chorar...

É um peito apertado, um sorriso forçado, um olhar para dentro... é prender pessoas, segurar lembranças, alcançar lugares, reter situações e...voltar vazio, as mãos nuas, o coração cheio, a alma ferida, os olhos molhados...

Saudade é rever um retrato, parar o tempo, sentir novamente a beleza, o aconchego, o abraço, a alegria, breves no tempo e profundo na alma, é ouvir na música toda imensidão de sons que fizeram rir e sonhar, como ficar numa estação de trem vendo a felicidade partir, mas presa à chegada... é como areia que escorrega lenta entre os dedos, é como a onda forte que vai sem quase chegar. É como uma dor que se retira mansa, mas não totalmente...

Saudade é assim... indefinida, atemporal, que vem sem aviso, que parte rápido e deixa uma tristeza, alguma lágrima e uma só a certeza de um novo encontro...

Ana Lucia Lino

Um comentário:

  1. Ai... adorei o texto, parece até que saiu do meu peito... a não ser aquela última frase pois não tenho a mesma certeza de que haverá um novo encontro com aqueles que sentimos saudades...

    Um beijo Grande tia Lucinha!

    Babiba

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