sábado, 9 de junho de 2012

Gosto muito do Pacheco!


G
osto de plantar plantinhas, sabendo que quase nunca vou colher.
Gosto de nada fazer ou inventar coisa pra fazer.

Gosto de nada fazer e em tudo bulir.
Gosto do mar que tá bem ali.

Gosto do frango fogoso que corre pra galinha e apanha do galo covarde.
Gosto da lua grande que nasce, da chuva fina que cai e do sol forte que arde.

Gosto muito do Pacheco!

Gosto de ficar sentado na grama, arrancando matos e um monte de capins.
Gosto dessa vida parada, do farfalhar das folhas dos coqueiros e dos pulos dos sonhins.

Gosto de assar castanha, fazer churrasco e jogar baralho.
Gosto de chupar manga melando a mão e de comer caju tirado do galho.

Gosto muito do Pacheco!

Gosto do gato em cima do muro que nunca pula pra cá.
Gosto das galinhas ciscando que põem um ovo aqui e outro acolá.

Gosto do pescador que me traz o camarão pescado na noite anterior e que chega fazendo zoada.
Gosto de comê-los no alho e óleo com uma cerveja suada.

Gosto muito do Pacheco!

Gosto da rede na varanda e do grito: tá na mesa.
Gosto da luz apagada e só uma velinha acesa.

Gosto de arroz com ovos, pão com manteiga, café com leite e farofa de linguiça.
Gosto de deitar da rede, desfrutar do silêncio e curtir uma preguiça.

Gosto muito do Pacheco!

Gosto muito do Pacheco, mas sem a Ana, gosto não.




2 comentários:

  1. Belissima declaração de amor.
    Acho que já valeu para o dia dos (eternos) namorados. Concorda Ana?
    Bjs Anaíres

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  2. Acrescente a preguiça a inveja... estou morrendo de inveja e não só da declaração (chega-se um tempo que os sentimentos vão se universalizando, tudo é tudo e de todos), mas é principalmente das castanhas, do caju,do camarão e do pão com ovo e linguiça (não é atoa que o Xodó diz que como tudo que passa na minha frente), bjs
    Ana Lúcia Lino

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