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osto muito de
ouvir rádio, mais que TV. Tenho um aparelho em cada cômodo da casa e
frequentemente todos ficam ligados enquanto executo algum trabalho, sim porque
às vezes trabalho.
Outro dia
ouvia um programa quando anunciaram uma simpatia para acabar com a preguiça... Fechei
imediatamente, era a última coisa que queria saber... Adoro ter preguiça, como
é bom embromar, deixar para depois o que é supostamente necessário... É tão bom
achar que nada é mais importante que esta letargia consentida, esse ficar
observando nuvens, insetos, flores, ventos, nada... Aquela preguiça que lhe
joga num canto, confortável, torcendo para o telefone não tocar, para que alguém
lhe traga um café, mas que não queira uma conversa em troca.
Pode-se ficar
horas apontando um lápis, mexendo o garfo no prato vazio ou na TV passando de
um canal a outro sem fixar em nada, ou vai-se para internet indo e voltando sem
encontrar nada que interesse nem mesmo curtir aquelas incompreensíveis
fotografias de comida... Mas o prazer de ficar neste estafante exercício, de se
entregar ao fazer nada é tudo que se quer no momento, confesso esta é uma
situação que não tem preço.
Às vezes
o espírito baiano é tão forte que se adia até o texto do blog que já está
atrasado... E fica-se vagabundando, brincando com fiapo de roupa e até
comer alguma coisa é preguiçoso e se for fruta com casca, esquece, já era...
Pode-se até
esticar uma conversa boba se for pretexto para adiar o conserto de uma torneira
que pinga, a passada ao banco, a conversa com a empregada, a compra do
eletrodoméstico. Não existe coisa mais chata que comprar eletrodoméstico: primeiro
você elege a marca, aquela que deu menos problema aos conhecidos, depois vai a
dez lojas pesquisando preços e ouvindo o lenga lenga do vendedor, depois vem a
entrega que sempre atrasa e se conseguir chegar inteiro e bem, vem a
vontade pouca de pagar a promessa feita no inicio da empreitada...
Tudo começa e
termina na bendita preguiça que vai se aperfeiçoando à medida que passam os
anos, eu me considero doutora nesta falta de coragem e quero ficar assim, sem
reagir, sem pressa, lentamente, contra o tempo, ou a favor dele, com os olhos
fechando, num doce bocejo...mas afinal o que estava mesmo fazendo?
Ana
Lúcia Lino
É muita coragem a pessoa dizer-se preguiçosa. Além do mais, é ter muita disposição para disso comentar. A propósito, pra entrar nesse time tem fila. Tem aquela que se diz muito esperta. Quem? Aquela, aquela...
ResponderExcluirJoão Lino