terça-feira, 12 de junho de 2012

Preguiça...


G
osto muito de ouvir rádio, mais que TV. Tenho um aparelho em cada cômodo da casa e frequentemente todos ficam ligados enquanto executo algum trabalho, sim porque às vezes trabalho.

Outro dia ouvia um programa quando anunciaram uma simpatia para acabar com a preguiça... Fechei imediatamente, era a última coisa que queria saber... Adoro ter preguiça, como é bom embromar, deixar para depois o que é supostamente necessário... É tão bom achar que nada é mais importante que esta letargia consentida, esse ficar observando nuvens, insetos, flores, ventos, nada... Aquela preguiça que lhe joga num canto, confortável, torcendo para o telefone não tocar, para que alguém lhe traga um café, mas que não queira uma conversa em troca.

Pode-se ficar horas apontando um lápis, mexendo o garfo no prato vazio ou na TV passando de um canal a outro sem fixar em nada, ou vai-se para internet indo e voltando sem encontrar nada que interesse nem mesmo curtir aquelas incompreensíveis fotografias de comida... Mas o prazer de ficar neste estafante exercício, de se entregar ao fazer nada é tudo que se quer no momento, confesso esta é uma situação que não tem preço.

Às  vezes o espírito baiano é tão forte que se adia até o texto do blog que já está atrasado... E fica-se vagabundando, brincando com fiapo de roupa e até comer alguma coisa é preguiçoso e se for fruta com casca, esquece, já era...

Pode-se até esticar uma conversa boba se for pretexto para adiar o conserto de uma torneira que pinga, a passada ao banco, a conversa com a empregada, a compra do eletrodoméstico. Não existe coisa mais chata que comprar eletrodoméstico: primeiro você elege a marca, aquela que deu menos problema aos conhecidos, depois vai a dez lojas pesquisando preços e ouvindo o lenga lenga do vendedor, depois vem a entrega que sempre atrasa e se conseguir chegar inteiro e bem, vem a vontade pouca de pagar a promessa feita no inicio da empreitada...

Tudo começa e termina na bendita preguiça que vai se aperfeiçoando à medida que passam os anos, eu me considero doutora nesta falta de coragem e quero ficar assim, sem reagir, sem pressa, lentamente, contra o tempo, ou a favor dele, com os olhos fechando, num doce bocejo...mas afinal o que estava mesmo fazendo?

Ana Lúcia Lino




Um comentário:

  1. É muita coragem a pessoa dizer-se preguiçosa. Além do mais, é ter muita disposição para disso comentar. A propósito, pra entrar nesse time tem fila. Tem aquela que se diz muito esperta. Quem? Aquela, aquela...

    João Lino

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